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       A agricultura é um dos pilares da economia brasileira e o setor sucroenergético é um dos principais destaques do setor. O Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar com cerca de 35% da produção global. Com uma produção crescente o país também é o maior produtor e exportador mundial de açúcar e o segundo maior produtor mundial de etanol. Na matriz energética brasileira, a biomassa da cana-de-açúcar é a segunda maior fonte primária de energia, perfazendo quase 18% da oferta interna total de energia. A cultura é a segunda maior cultura agrícola em valor de produção e, além disso, o setor sucroenergético brasileiro gera quase um milhão de empregos formais diretos e se forem considerados os empregos informais diretos e indiretos, o número de trabalhadores chega a 3,56 milhões.

       Regionalmente, a agroindústria sucroenergética é a atividade econômica mais antiga do Estado do Rio de Janeiro e a cana-de-açúcar é a cultura agrícola de maior importância. A região Norte Fluminense é a principal produtora de cana-de-açúcar no Estado com a produção concentrada no município de Campos dos Goytacazes, com cerca de 58% do total da área colhida. Em ordem decrescente de importância, os municípios de São Francisco do Itabapoana, Quissamã, Carapebus, Cardoso Moreira, São João da Barra e São Fidélis. No entanto, a região vivencia um declínio acentuado da produção de cana-de-açúcar nas últimas décadas. Corre-se o risco que muitos pequenos produtores, responsáveis por boa parte da produção estadual, abandonem a atividade. Assim, inciativas que contribuam para a sobrevivência do setor, com formação de profissionais que conheçam o sistema de produção da cana-de-açúcar, diversifiquem e agreguem valor aos produtos da cana-de-açúcar são essenciais para a sustentabilidade da atividade. 

     O Câmpus Campos dos Goytacazes (CCG) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro foi criado em 1991, com a transferência da estação experimental do antigo PLANALSUCAR para a UFRRJ. O CCG assumiu a responsabilidade pela continuidade dos trabalhos de pesquisa com a cana-de-açúcar nos Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo e nas regiões nordeste de Minas Gerais e sul da Bahia. Atualmente o CCG integra, juntamente com mais 10 universidades federais, a RIDESA (Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético).  Hoje os cultivares de sigla RB, desenvolvidos pela RIDESA, estão sendo cultivados em mais de 60% da área cultivada com cana-de-açúcar no país, chegando em algumas regiões a representar até 70%. Além disso, o CCG representa um importante centro de apoio ao ensino, à pesquisa e à extensão agropecuária nas regiões Norte e Noroeste Fluminense.

       A equipe do PLANALSUCAR e posteriormente do CCG gerou e difundiu inúmeras inovações tecnológicas para o setor sucroenergético, dentre as quais merecem ser destacadas: liberação de 9 variedades de cana-de-açúcar para a região; Implantação do controle biológico da broca e da cigarrinha da cana-de-açúcar; Determinação de curvas de calibração de P e K para recomendação de fertilizantes; Racionalização do uso de Nitrogênio; Determinação de doses ideais para o uso agrícola da vinhaça; Adaptação de técnicas para culturas consorciadas com cana-de-açúcar; Caracterização dos solos para fins de irrigação;  Determinação econômica de sistemas de irrigação; Aperfeiçoamento dos sistemas de preparo do solo e tratos culturais; Racionalização do uso de herbicidas; Coordenação da implantação do sistema de pagamento de cana pelo teor de sacarose; formulação de preços da cana-de-açúcar e produtos.

       Aproveitando tamanha experiência na cadeia de produção da cana-de-açúcar, a equipe de pesquisa do CCG da UFRRJ faz a proposta de criação do curso de pós graduação lato sensu em “Tecnologia da produção e Usos da cana-de-açúcar”. O curso abrangerá toda a cadeia de produção da cana-de-açúcar, desde o planejamento da produção até a comercialização dos produtos. Será também dado um enfoque diferenciado na pequena produção da cana-de-açúcar, com destaque para a produção orgânica e a utilização da cana-de-açúcar para a alimentação animal. Essa abrangência e diversificação contribuirá para uma formação em diferentes realidades de produção com significativa contribuição regional.