1.       Em sistemas de produção orgânica de grãos, o manejo de plantas espontâneas é um dos principais fatores limitantes para obtenção de produtividades satisfatórias. As possibilidades de controle são escassas e, no caso da capina manual, custosa e extremamente penosa.  Esse trabalho de dissertação teve como objetivo, avaliar o controle de plantas espontâneas em cultivo de feijão, por meio do consórcio com aveia preta, em alta densidade, sob manejo orgânico. A hipótese é de que a aveia (Avena strigosa), em consórcio, pode inibir o desenvolvimento de espécies vegetais espontâneas com potencial de competição com o feijoeiro. O experimento foi implantado no Assentamento Contestado (Lapa/PR). Adotou-se o delineamento experimental de blocos casualizados, com quatro repetições e seis tratamentos, totalizando 24 parcelas. Os tratamentos consistiram em: semeadura  em consórcio de feijão/aveia, com  densidade de 50 kg aveia/ha; semeadura  em consórcio de feijão/aveia, com densidade de 120 kg aveia/ha; semeadura  em consórcio de feijão/aveia, com densidade de 150 kg aveia/ha; semeadura em consórcio de feijão/aveia, com densidade de 200 kg aveia/ha; semeadura de feijão em monocultivo sem controle de espontâneas (NAT); semeadura de feijão em monocultivo, com uma capina durante o ciclo (CAP). As variáveis avaliadas foram: número de plantas espontâneas, massa fresca de plantas espontâneas, rendimento de grãos do feijoeiro. A primeira avaliação da dinâmica populacional das plantas espontâneas, realizada 31 dias após a emergência do feijoeiro, indicou a predominância de Digitaria sanguinalis e Brachiaria plantaginea em todos os tratamentos com semeadura consorciada e na testemunha sem controle. A segunda avaliação, feita aos 90 dias, na colheita, confirmou a manutenção da predominância dessas mesmas espécies. Não houve diferenças significativas na comunidade de plantas espontâneas entre os tratamentos conduzidos sob consorcio. Em relação à produtividade do feijoeiro, o consórcio com aveia não apresentou efeitos positivos. A média da massa de grãos foi de 198,75 g/m² em T1; 207,25 g/m² em T2; 195,75 g/m² em T3; 170,25 g/m² em T4; 364,75 g/m² em T5 (CAP) e 232,5 g/m² em T6 (NAT). O tratamento com capina (CAP) obteve o maior rendimento, evidenciando a eficácia do controle mecânico realizado dentro do Período Crítico de Prevenção à Interferência (PCPI). Os resultados obtidos foram submetidos ao teste F e ao teste de comparação de médias LSD. Não houve diferenças significativas entre os tratamentos com semeadura simultânea de feijão e aveia nas distintas densidades avaliadas. Por outro lado, o monocultivo submetido a uma capina manual apresentou desempenho estatisticamente superior, evidenciando a eficácia do controle mecânico no contexto do manejo de plantas espontâneas. Da mesma forma, o feijão em monocultivo sem capina durante o ciclo (T6  ou NAT) apresentou ligeira superioridade estatística comparado aos tratamentos que integraram aveia. As informações geradas nesse trabalho contribuirão para o manejo eficiente das plantas espontâneas em sistemas orgânicos de produção de grãos, especialmente no desenvolvimento e na validação de estratégias sustentáveis de supressão de espécies espontâneas.

O presente estudo foi realizado em Rosário da Limeira-MG, em uma propriedade rural com histórico de perdas causadas por nematoide das galhas (Meloidogyne spp.). Tendo como premissa que estratégias de manejo de solo e das culturas podem levar à redução das perdas por esta doença, desenvolveu-se o presente trabalho tendo-se como objetivos: a) Comparar diferentes métodos de manejo da cultura da alface visando a redução das perdas por fitonematóides e seu impacto na produção; b) investigar e avaliar a influência do manejo da adubação verde com  C. juncea em pré cultivo no controle de fitonematóides para a cultura do alface; c) avaliar o desempenho da da cultivar BRS Leila, resistente ao nematoide-das-galhas, na região; d) desenvolver uma cartilha contendo práticas e técnicas de manejo para o controle de fitonematóides, direcionada especificamente a agricultores orgânicos e agroecológicos, visando fornecer informações práticas e aplicáveis. Para tanto, foram realizados dois ensaio sendo o primeiro no período de novembro de 2023 a abril de 2024 e o segundo entre setembro e novembro de 2024. Inicialmente foi escolhida área com perdas recorrentes com nematóide das galhas em alface. Em seguida foi feito análise química do solo e a identificação do nematoide presente na área, confirmado como o Meloidogyne javanica. Após constada acidez, foi recomendada a calagem e feito o preparo da área seguido de plantio Crotalaria juncea em 50% das parcelas. A crotalária foi cortada aos 122 dias após, por ocasião do florescimento, e  a palhada organizada sobre os canteiros. Cinco dias após, realizou-se o transplante de mudas de alface, cultivar Vanda. A colheita foi realizada aos 44 dias após o transplante das mudas quando foi avaliada a massa fresca total e o número de galhas nas raízes. No segundo ensaio, avaliou-se o efeito da adubação com composto orgânico à base de cama de aviário (CAV) e fino de carvão (FC), nas seguintes proporções de CAV: FC 100:0, 95:5, 90:10 e 85:15, e duas cultivares de alface (Vanda e BRS Leila). As mudas foram transplantadas e cultivadas sob irrigação por microaspersão, com colheita realizada após 44 dias. As análises avaliadas incluíram massa fresca da parte aérea e da raiz e diâmetro das cabeças. O pré-cultivo de crotalária reduziu a incidência de nematoides e aumentou significativamente a produtividade da alface, com uma média de 107,64 g de massa fresca, em comparação aos 62,27 g nas parcelas sem crotalária. A adição de fino de carvão, em concentrações variadas, favoreceu o acúmulo de massa fresca, mas sem diferirem entre si. Não houve diferenças entre as cultivares.

Historicamente, o bioma Mata Atlântica tem sido impactado por distintas atividades
antrópicas, como o desmatamento para produção agropecuária ou para formação de pastagens,
ocasionando um alto nível de degradação ambiental. Estima-se que há um passivo ambiental
de aproximadamente 1,4 milhão de hectares no bioma. A partir deste cenário, a Escola
Popular de Agroecologia e Agrofloresta Egídio Brunetto (EPAAEB) tem desenvolvido, no
Extremo Sul da Bahia, ações que impulsionam processos de sensibilização e de recuperação
de áreas degradadas com as famílias Sem Terra, através dos princípios da agroecologia. O
objetivo geral deste estudo foi caracterizar e monitorar o processo de restauração florestal a
partir do plantio de mudas de espécies nativas da Mata Atlântica e do cacau em áreas de
preservação permanente em dois assentamentos de reforma agrária no Extremo Sul da Bahia,
visando a recuperação ambiental das mesmas. Os assentamentos acompanhados foram o Bela
Manhã, no município de Teixeira de Freitas, e o Merival Ferreira, no município de Medeiros
Neto. Entre as técnicas utilizadas para a recuperação das áreas degradadas, foram implantados
sistemas agroflorestais, sendo plantadas mudas de cacau e mudas de espécies nativas do
bioma Mata Atlântica, abrangendo 42,92 hectares no assentamento agroecológico Bela
Manhã e 5 hectares no assentamento Merival Ferreira. Dentre as atividades desenvolvidas,
houve dois monitoramentos das espécies nativas plantadas, com 182 e 365 dias, avaliando a
taxa de mortalidade, cobertura por gramíneas exóticas, altura total e diâmetro altura do colo, a
partir de parcelas fixas de 100 m² cada. No assentamento Bela Manhã, destacaram-se em
média de altura e diâmetro do colo as espécies Annona muricata L., Sparattanthelium
botocudorum Mart., Joannesia princeps Vell. e Inga edulis Mart. No assentamento Merival
Ferreira, foram as mesmas espécies nativas com destaque em altura e diâmetro do colo,
sendo: Senna alata (L.) Roxb., Joannesia princeps Vell., Spondias venulosa (Mart. ex Engl.)
Engl., Citharexylum myrianthum Cham. e Inga edulis Mart. Em ambas as áreas de estudo, a
boleira e o ingá de metro se destacaram. As espécies descritas acima que obtiveram um bom
desenvolvimento podem ser indicadas para plantio em áreas degradadas, nas condições deste
estudo. Na perspectiva de tornar o projeto de recuperação de áreas degradadas em um
processo de sensibilização sobre a agroecologia e a conservação dos bens comuns da
natureza, foi realizada uma atividade formativa em cada assentamento, abordando a
importância da recuperação de áreas degradadas e o manejo sustentável em áreas de
preservação permanente, considerando a legislação que rege e direciona as ações no bioma
Mata Atlântica. O projeto de restauração florestal da EPAAEB se mostra promissor para a
restauração florestal.

A utilização de resíduos orgânicos oriundos de indústrias e áreas urbanas não é incomum na agricultura. Tal prática, constitui-se como uma alternativa ao incremento da fertilidade do solo, fator indispensável no estabelecimento de pomares, além de configurar uma conduta de mitigação de passivos que causam danos ambientais. Especificamente, na cultura do mamoeiro (Carica papaya L.), substratos oriundos do aproveitamento de resíduos apresentam grande potencial no que tange ao preparo e obtenção de mudas, bem como, na melhoria dos solos nas áreas de cultivo. Diante disso, o presente trabalho objetiva avaliar variações de compostos orgânicos produzidos pela empresa Organosolo como substrato para a produção de mudas de mamoeiro. O experimento será realizado em casa de vegetação, no Departamento de Fitotecnia, Instituto de Agronomia, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (DFito/IA/UFRRJ). O delineamento experimental será de Blocos ao Acaso (DBC), em esquema fatorial (5 X 3), tendo como fator principal cinco diferentes compostos orgânicos: T1 (Organosolo Cultivo), T2 (Organosolo Floreira), T3 (Organosolo Fino); além de outros dois a serem definidos, respectivamente, os tratamentos: T4 e T5 e como fator secundário serão aplicados em suspensão aquosa dois bioestimulantes: Trichoderma e Azospirillum, sendo o terceiro tratamento, o controle, água pura. Ao longo do tempo e/ou até que as plantas alcancem o estágio de florescimento, os seguintes parâmetros biométricos serão avaliados: altura da planta (H), diâmetro do caule (D), número de folhas (NF), número de nós (NN), largura das folhas (LF), comprimento das folhas (CF), área foliar (AF) e teor de clorofila (CLO). Ao término do experimento, ou seja, após o estágio de florescimento, serão avaliados ainda a massa fresca da parte aérea (MFA), massa seca da parte aérea (MSA), massa fresca da raiz (MFR), massa seca da raiz (MSR) e o Índice de Dickson (IQD). Pretende-se assim, reunir informações que permitirão o aprimoramento das práticas agrícolas relacionadas à cultura do mamoeiro, bem como verificar possíveis impactos associados às variações dos substratos nas mudas.

Este estudo teve como objetivo analisar o papel do Programa de Aquisição de Alimentos, Modalidade Compra com Doação Simultânea (PAA CDS), operacionalizado pela CEASA/RJ, como forma de contribuir para o fortalecimento de produtores/as orgânicos/as da agricultura familiar do Estado do Rio de Janeiro (ERJ) no período de 2014 a 2024. Essa modalidade do PAA caracteriza-se pela participação de forma individual do agricultor familiar junto às compras institucionais do governo federal e a doação simultânea dos alimentos às pessoas atendidas pela rede socioassistencial. O método de pesquisa utilizado para realização do trabalho foi o estudo de caso exploratório com abordagem qualitativa. Foi realizada pesquisa bibliográfica e documental e entrevistas semiestruturadas. Os sujeitos da pesquisa foram produtores orgânicos que forneceram produtos a modalidade operacionalizada pela CEASA RJ no período de ocorrência do estudo, bem como engenheiros agrônomos, prestadores de serviço da empresa (suporte técnico a operacionalização da modalidade) e o coordenador da modalidade junto a CEASA RJ. Foram analisados 7 relatórios de execução de chamadas concluídas, bem como termos de recebimento e aceitabilidade de produtos gerados pelo programa SISPAA e documentos oficiais da CEASA/RJ. O trabalho foi estruturado em três partes, na primeira foi levantado um panorama histórico da operacionalização da modalidade pela CEASA RJ no período de 2014 a 2024, sequencialmente, foi analisada a percepção dos sujeitos do estudo sobre a modalidade em aspectos referentes às potencialidades e dificuldades no acesso da AF orgânica a esse canal de comercialização e foram apresentadas estratégias para ampliação da participação de fornecedores orgânicos. Os resultados encontrados mostraram que a participação da AF do ERJ no PAA CDS operacionalizado pela CEASA RJ é diretamente influenciada pelo montante de recursos financeiros disponibilizado por chamada realizada. Os fornecedores localizados em regiões sem unidades da CEASA RJ têm menor participação no volume de alimento fornecido e na quantidade de recursos obtidos. A ampliação da participação de fornecedores orgânicos passa pela implementação de ações que incentivem o fornecimento de seus alimentos e, em especial, nas unidades da empresa localizadas no interior do ERJ. O modelo logístico proposto pela CEASA RJ aos AFs é um desafio, sobretudo, aos fornecedores menos capitalizados e com acesso restrito à extensão rural. Espera-se que essa pesquisa contribua para fortalecer a AF que trabalha com a produção orgânica. Complementarmente, espera-se contribuir para ampliar o acesso aos alimentos orgânicos pela rede socioassistencial do ERJ e auxiliar no aprimoramento dos processos envolvidos nas aquisições de alimentos, além de, publicitar os resultados dessa importante política pública no ERJ.

O feijão mungo (Vigna radiata (L.) Wilczek) é uma pulse definida como as leguminosas que produzem grãos comestíveis geralmente colhidos secos. Elas são reconhecidas pelo seu valor nutricional, particularmente o alto teor proteico no grão derivado da fixação biológica de N (FBN) que ocorre em função da associação simbiótica com bactérias diazotróficas, em especial, as do grupo rizóbio. As pulses contribuem também para aumentar a fertilidade do solo através do N fixado e da adição da matéria orgânica. Em 2021, a FAO contabilizou uma produção de cerca de 89 milhões de toneladas de grãos. Os pulses mais produzidos correspondem as classes designadas pela FAO como os feijões e o grão de bico que juntos produzem cerca de 50% do total. O feijão mungo é incluído na classe dos feijões que produz cerca de 28 milhões de toneladas de grãos e contribui anualmente com cerca de 5,3 milhões de toneladas de grãos, segundo dados de 2015 a 2017 (https://avrdc.org/intl-mungbean-network/). A Ásia é a liderança global para a produção de feijão mungo representada pela Índia e Mianmar que produzem cerca de 30% do total, pela China, 16% e Indonesia, 5%. A produção brasileira de feijão mungo é ainda pequena, mas está em ascensão, com foco em exportação, principalmente para a Ásia, especialmente para China e Índia que já importam volumes significativos. O Mato Grosso é um dos principais estados produtores, e a cultura tem sido utilizada em rotação com soja e milho. Os grãos de feijão mungo são parte de receitas de inúmeros pratos característicos da culinária de diferentes regiões em todo o mundo, mas além dos grãos, o feijão mungo é usado também para a produção de brotos que são ricos em vitamina C e minerais. O uso na dieta do broto de feijão favorece a resistência fisiológica e favorece a redução da incidência de doenças imunológicas e respiratórias. A produção do broto de feijão mungo exige cuidados mínimos, as sementes precisam receber um suprimento constante de água e devem ser mantidas à sombra. Dada a sua qualidade, o feijão mungo tem um valor agregado elevado e pode ser uma opção para a agricultura familiar. A partir de 2015, experiências vêm sendo desenvolvidas com feijão mungo na mesorregião Metropolitana do estado do Rio de Janeiro, em especial no Campo Experimental de Avelar localizado no município de Paty de Alferes, RJ, e que integra o Centro Estadual de Pesquisas em Agricultura Orgânica – CEPAO da PESAGRO-RIO. No Centro Experimental de Avelar são produzidas sementes para distribuição para agricultores da região e do Estado do RJ Nesse local foram implantados cultivos com objetivos de multiplicação de sementes. Em 2024 foi implantado um experimento visando à seleção de estirpes de rizóbio para a cultura capaz de aumentar a produtividade sem a necessidade de aplicação de fertilizante nitrogenado. Esse documento tem por objetivo apresentar as características de cultivo do feijão mungo na região metropolitana que podem ser vantajosas para a expansão da cultura na região e no Estado do RJ.

A crescente demanda por produtos medicinais derivados de Cannabis sativa L. impulsiona o desenvolvimento de métodos agronômicos eficientes e sustentáveis. A propagação vegetativa por estacas caulinares é essencial para manter a uniformidade genética de plantas medicinais, e este estudo propõe avaliar o uso de Ácido Húmico (AH) e Ácido Naftalenoacético (ANA) na indução radicular. O experimento foi conduzido entre maio e junho de 2025, utilizando 60 estacas obtidas das regiões mediana e basal de plantas-matrizes cultivadas pela Associação ABRARIO (Cachoeiras de Macacu, RJ). Os ensaios ocorreram na unidade de produção da Associação (Cachoeiras de Macacu, RJ, Brasil; 22°33'S, 42°50'W) com a cultivar C. sativa Painkiller XL. Um delineamento fatorial (2 tratamentos × 6 concentrações) testou AH (0, 10, 20, 30, 40, 50 mmol C L⁻¹) e ANA (0, 500, 600, 700, 800, 900 mg L⁻¹), com cinco repetições (60 estacas). Estacas coletadas após o sétimo nó, de regiões medianas/basais, foram submetidas à imersão (AH: 72h; ANA: 10s) e enraizadas em câmara climatizada (25,9°C, 89,6% UR, 115 μmol m⁻² s⁻¹ PPFD) com substrato Carolina Soil®. Após 14 dias, as raízes foram digitalizadas (WinRHIZO Pro 2022) para quantificar número de raízes, comprimento, área superficial e volume. Análises não paramétricas (Kruskal-Wallis/Dunn, α* = 0,00076) mostraram que AH a 30–50 mmol C L⁻¹ equipararam-se ao ANA a 800 mg L⁻¹ em número, comprimento e área de raízes (p > 0,05), superando controles em 35–86% (p < 0,05). Contudo, o ANA 800 mg L⁻¹ produziu volume radicular 34–42% maior que os tratamentos ótimos com AH (p = 0,010–0,032). Os resultados confirmam AH (30–50 mmol C L⁻¹) como substituto orgânico viável para auxinas sintéticas na propagação de C. sativa, contornando barreiras regulatórias e garantindo uniformidade clonal.

RESUMO

SANTIAGO, Augusto Marcos de Oliveira. Turismo de base comunitária. A experiência da Rede Nhandereko na promoção de arranjos sócios produtivos comunitários. 2023. 70p. Dissertação (Mestrado em Agricultura Orgânica). Instituto de Agronomia, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, 2023.

O turismo de base comunitária (TBC) tem se mostrado importante ferramenta para a promoção do desenvolvimento local em comunidades tradicionais e camponesas. Não deve ser conceituado como um segmento do mercado, mas antes como um modo de organização e gestão baseado no protagonismo comunitário. Sua implementação está baseada na valorização da identidade e cultura locais, que são compartilhadas em vivências autênticas que para sua realização requerem a articulação de complexos arranjos socioprodutivos locais, envolvendo empreendimentos singulares e trabalhadores. Essa dissertação, executada na forma de um estudo de caso, apresenta experiências do autor, em trabalhos realizados junto à Rede Nhandereko de Turismo de base Comunitária, na cidade de Paraty, no Rio de Janeiro, entre os anos de 2015 e 2023. Seu objetivo foi o de levantar elementos sobre a relevância do TBC para o desenvolvimento sócio econômico da Comunidade Quilombola do Campinho da Independência e apresentar as bases conceituais e descrever a metodologia da Partilha, adaptada e experimentada no período, como estratégia para promoção de arranjos sócio produtivos locais, com governança local e protagonismo comunitário. O TBC se mostrou absolutamente relevante para a sócio economia da comunidade do Campinho da Independência, em relação a renda gerada, mas principalmente em relação ao número de comunitários e empreendimentos envolvidos. O TBC mobilizava em 2016 cerca de 50% dos moradores. Foi por meio do TBC e da agroecologia que seus trabalhadores voltaram a gerar trabalho e renda sem sair de sua comunidade. A revisão dos conceitos utilizados como base para a estruturação da metodologia da Partilha possibilitou a incorporação do conceito de arranjos sócio produtivos como estratégia de mobilização de um grande número de atores em torno das iniciativas de TBC realizadas pelas comunidades. A metodologia da Partilha é uma estratégia de valorização dos saberes locais, promoção de intercâmbio de experiências e desenvolvimento de habilidades de forma participativa. Promovendo a qualificação das estratégias de roteirização e precificação, bem como a validação das iniciativas por outras comunidades. Da mesma forma ao longo do trabalho foram valorizadas e estruturadas instâncias de governança, nas comunidades e entre comunidades. A metodologia se mostrou capaz de valorizar os vínculos, e ao mesmo tempo, promover engajamento comunitário interno, bem como a articulação de uma Rede de iniciativas comunitárias de turismo. O conjunto de ferramentas que compõem essa metodologia como adotada pela Rede Nhandereko, se apresentou como estratégia adequada para utilização em comunidades locais com fins de promover seu desenvolvimento econômico e social.

O aquecimento global aumentou a urgência de encontrar soluções para reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) causadas pela atividade humana. No Brasil, a agropecuária e o uso da terra, incluindo mudança de uso da terra e desmatamento para expansão da agropecuária, contribuem significativamente para essas emissões. Isso ocorre devido à fermentação entérica e ao desmatamento para abrir novas áreas. Como resposta a esse desafio, surgiram iniciativas, como a negociação de créditos de carbono, incentivando práticas que reduzem as emissões de GEE. Nesse contexto, é importante avaliar a possibilidade de envolvimento de propriedades orgânicas, uma vez que suas atividades são reconhecidas como de baixo carbono, especialmente devido ao uso de insumos orgânicos. Contudo, para participar da negociação de créditos de carbono, é necessário obter certificação por meio de auditorias com metodologias específicas para calcular os balanços de gases de efeito estufa nas propriedades. O objetivo deste estudo foi analisar a viabilidade técnica de um projeto de crédito de carbono na Fazendinha Agroecológica Km 47 em Seropédica – RJ, utilizando as metodologias Agriculture Land Management (ALM) e Afforestation, Reforestation, Revegetation (ARR) do padrão Verified Carbon Standard (VCS Standard). O estudo foi dividido em cinco etapas: elegibilidade, avaliação do cenário de linha de base, adicionalidade, viabilidade financeira e contribuições sobre as oportunidades e obstáculos para a participação de produtores orgânicos no mercado de carbono. Os resultados indicaram que a Fazendinha Agroecológica é elegível para o desenvolvimento de um projeto de crédito de carbono, pois atende ao critério de não desmatamento em suas áreas nos últimos 10 anos. Quanto ao cenário de linha de base, o balanço de gases de efeito estufa da Fazendinha apresenta uma média anual de 41 tCO₂e em emissões, com maior contribuição de emissões da pecuária através da fermentação entérica (15 tCO₂e) e as emissões da pastagem (15 tCO₂e). Dessa forma, há possibilidade de geração de créditos na Fazendinha, se forem implementadas tecnologias que reduzam as emissões ou sequestrem de carbono da atmosfera, como os sistemas de integração lavoura-pecuária (ILP) ou lavoura-pecuária-floresta (ILPF) na pecuária, e os sistemas agroflorestais (SAF) na produção agrícola, que apresentam adicionalidade em relação às metodologias, e possibilitam um cenário de baixo carbono. Porém, o alto custo da auditoria pode ser um obstáculo, indicando a necessidade de agrupar propriedades em um único projeto para torná-lo mais viável. Assim, conclui-se que tecnicamente é possível desenvolver um projeto de crédito de carbono para propriedades orgânicas, mas vale expandir a análise para outros padrões de certificação de créditos de carbono, além do VCS Standard, buscando um custo menor de auditoria e certificação. Além disso, pensando na expansão da participação das propriedades orgânicas na agenda climática é fundamental criar políticas públicas de adaptação climática para facilitar o acesso a recursos financeiros e mecanismos de compensação, que possam promover o acesso da resiliência climática nessas propriedades

A bananeira, possivelmente, está presente em todas as propriedades familiares que praticam o sistema orgânico de produção. A banana, em muitos casos, é o maior sustento destas pequenas propriedades, sendo as cultivares do tipo ‘Prata as mais produzidas e demandadas pela merenda escolar. Porém, observa-se que estas cultivares, quando se considera a produtividade; tolerância a pragas e doenças; porte adequado; competição com plantas espontâneas, apresentam consideráveis deficiências agronômicas. Assim, o presente trabalho visará avaliar, sob manejo orgânico, o desenvolvimento de novas cultivares de banana do tipo ‘Prata’, nas condições edafoclimáticas do Vale do Paraíba Sul Fluminense – Rio de Janeiro – Brasil. Ainda como objeto de estudo, avaliar-se-ão, antes do plantio, a dispensa da etapa de ‘ensacolamento’ das mudas oriundas de laboratório e, também, o efeito do mulching plástico no cultivo. Serão introduzidas as seguintes cultivares: ‘BRS Pacoua’, ‘BRS Princesa’ e ‘FHIA-01’ ou ‘Maravilha’. Até que se complete o primeiro ciclo de produção, serão avaliados descritores vegetativos e reprodutivos destas cultivares. Serão implantados três experimentos, um para cada cultivar. O delineamento adotado será em fatorial 2x2 em blocos ao acaso, com parcelas subdivididas para cada cultivar de banana. A presença e ausência do mulching serão as parcelas principais. Os tratamentos, serão: (1) Mulching de plástico mais muda desenvolvida em canteiro; (2) Mulching de plástico mais muda desenvolvida no tubete; (3) Sem mulching de plástico mais muda desenvolvida a canteiro; e, (4) Mulching de plástico mais muda desenvolvida a canteiro. Cada experimento terá seis repetições com duas plantas por subparcela.Este trabalho tem por hipótese avaliar se com o uso do mulching se poderá dispensar a operação de ‘ensacolamento’ das mudinhas recém chegadas da biofábrica, favorecendo ainda  o comportamento produtivo das cultivares de banana. 

O Brasil é grande produtor e exportador mundial de commodities. Entretanto, a maioria absoluta dessa produção ocorre em sistemas de produção convencionais. Ao considerarmos os impactos ambientais desses sistemas fica clara a sua insustentabilidade a longo prazo. Uma outra forma de produzir alimentos é adotar tecnologias alternativas, menos impactantes e baseadas nas lógicas da natureza que são possíveis, por exemplo, pela adoção dos princípios da agroecologia e a produção orgânica de alimentos. Neste trabalho foi realizado um estudo de caso para a transição agroecológica do Sistema de Produção de Leite (SPL) da Fazenda Escola de Cachoeiras de Macacu (FECM) vinculada à Universidade Federal Fluminense. Tendo em vista que a FECM, além de atender ao objetivo de produção também deve atender ao tripé universitário de ensino, pesquisa e extensão o objetivo geral desta pesquisa foi planejar a transição agroecológica do sistema de produção de leite da Fazenda Escola de Cachoeiras de Macacu (FECM) da UFF e avaliar o impacto dessa transição nas dimensões econômica, ambiental, social e de desenvolvimento institucional. Foi realizado o planejamento das mudanças que devem ser implantadas no SPL e realizadas uma análise de viabilidade do investimento necessário à transição e uma análise de impactos utilizando-se o Sistema de Avaliação de Impactos Ambiental de Inovação Tecnológicas Agropecuárias (Ambitec Agro) da Embrapa. Dentre as adequações necessárias à conversão orgânica estão a implantação de barreiras verdes, a arborização de pastagens, mudança no manejo sanitário, reprodutivo e nutricional dos animais. Dentre as adequações necessárias à transição agroecológica estão a recuperação das pastagens degradadas com o uso de sistemas agroflorestais biodiversos, a rotação de pastagens em todas as áreas do SPL, a compostagem e a adesão a um sistema participativo de garantia. Em conjunto, essas ações foram capazes de contribuir com os 13 princípios e elementos da agroecologia. Na análise de viabilidade, o projeto foi viável economicamente apresentando Valor Presente Líquido  de R$ 548.437,62 e Taxa Interna de Retorno de 35,11% ao ano. O AMBITEC Agro apontou que a adoção das ações planejadas causariam impactos ecológicos e socioambientais positivos, com índice de impacto da tecnologia de 2,49. Da mesma forma, a dimensão de desenvolvimento institucional apontou impacto positivo de 4,29. Conclui-se que a transição agroecológica do sistema estudado é tecnicamente possível, economicamente viável, ambiental e institucionalmente sustentável.

A compostagem é uma eficiente tecnologia para o reaproveitamento de resíduos orgânicos oriundos das atividades econômicas, podendo propiciar benefícios socioeconômicos e ambientais. Com o interesse crescente da população por estilos de vida mais saudáveis, produtos mais nutritivos e livres de contaminantes, os alimentos orgânicos têm sido muito procurados por esse perfil consumidor, com destaque para os microverdes. O objetivo desse trabalho é avaliar a viabilidade agronômica de substratos desenvolvidos para o cultivo de microverdes de Repolho Roxo roxo (Brassica oleracea var. capitata f. rubra), oriundos da mistura de composto produzido a partir da poda de gliricídia (Gliricidia sepium (Jacq.) Steud.) e serragem, com materiais condicionantes comumente usados na Agricultura orgânica. A produção do composto se deu em leira com dimensões de 2,0 x 1,2 x 0,9 m. Os substratos avaliados foram compostos obtidos pelas misturas dos materiais vermiculita, perlita e turfa sphagnum ao composto nas proporções de 25%, 50% e 75%, além de três tratamentos de referência, que constituíram em 100% composto, 100% substrato comercial Carolina Soil© e areia lavada. Foram avaliados o pH, a condutividade elétrica (CE), densidade de base seca, os teores totais de N, P, K, Ca, Mg e disponíveis de P, K, Ca, Mg, as emissões de CO₂ e NH₃ do composto e substratos, exceto da areia lavada que foi considerada inerte. O desempenho agronômico dos insumos produzidos foi avaliado através do cultivo de repolho roxo. Foram avaliados o peso fresco, peso seco e altura das plântulas, após 15 dias de cultivo. O experimento foi desenvolvido em esquema fatorial (3x3) + 3, com delineamento experimental inteiramente casualizado. Os substratos formulados apresentaram desempenho superior para o parâmetro peso fresco em relação ao substrato comercial Carolina Soil© e a areia lavada, exceto os oriundos das misturas de composto com 75% de perlita e turfa sphagnum. Os resultados obtidos evidenciaram a possibilidade de uso destes materiais na produção de microverdes. 

O Brasil é o terceiro maior produtor de feijão (Phaseolus vulgaris L.) do mundo. É componente básico da dieta dos brasileiros, constituindo a principal fonte de proteína vegetal, aminoácidos essenciais, minerais como ferro, cálcio e fósforo, além de vitaminas do complexo B. Existe a necessidade de desenvolvimento de cultivares adaptadas a diferentes sistemas de cultivo. Com isso, os objetivos do presente trabalho serão a avaliação do desempenho agronômico em cultivo orgânico de produção e a estimativa da divergência genética entre genótipos de feijoeirocomum. Foram realizados dois experimentos para avaliação de quinze genótipos de feijoeirocomum. O experimento I foi realizado no Setor de Grandes Culturas/Departamento de Fitotecnia, onde foram avaliados descritores qualitativos e quantitativos de acordo com IPGRI International Plant Genetic Resources Institute (IPGRI). O experimento foi realizado em vasos de 5L e o delineamento utilizado foi o de blocos ao acaso, com cinco repetições. As médias foram comparadas pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. As distâncias genéticas foram estimadas por meio do Algoritmo de Gower. Foram utilizados os agrupamentos de Otimização de Tocher e o Hierárquico UPGMA (Unweighted Pair Group Method using Arithmetic Averages). O Experimento II foi conduzido na Fazendinha Agroecológica , Seropédica, RJ, onde foram avaliados componentes da produção. Após a verificação da normalidade das variâncias residuais foi realizada a análise de variância. As médias foram comparadas pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. Os genótipos avaliados apresentam dissimilaridade genética quanto às características agronômicas avaliadas. Os híbridos com maior efeito heterótico podem ser obtidos dos cruzamentos entre Vagem Alessa x Preto e Preto Fazendinha x Rajado. No entanto, não recomenda-se o cruzamento entre Constanza x Iraí, Vermelho Escuro x Vermelho 2 e Vermelho Escuro x Carioca Variado. A característica comprimento da vagem é a que mais contribuiu para dissimilaridade entre os acessos e a produção de sementes por planta, a que menos contribui. Em relação à produtividade, as variáveis número de vagens por planta e o número de sementes por vagem tiveram maior influência na produtividade final das cultivares.

O presente estudo de caso teve como objetivo central compreender como são formados os preços de venda dos produtos da agricultura familiar nos circuitos curtos de comercialização. Adicionalmente, investigou-se a viabilidade econômica da produção orgânica e da transição agroecológica de três feirantes da Feira da Agricultura Familiar na UFRRJ, no período de maio de 2023 a fevereiro de 2024. As técnicas de pesquisa foram de natureza qualitativa e quantitativa. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 17 feirantes que participaram da FAF em 2023, e foi empregado o método de observação participante, visto que a autora integrou o grupo da FAF enquanto atuou como Residente em Agronomia. Para a análise de viabilidade econômica foram levantados receitas e custos de produção e da comercialização nos diferentes canais de comercialização. Inferiu-se que os produtores da FAF realizam registros de custos da produção de forma incipiente, de modo que nem sempre os preços praticados estão de acordo com o retorno financeiro almejado. Os preços são formados por coordenação entre os agentes nos canais de venda – produtores e gestores e também tem como referência, os preços praticados no varejo em circuitos longos. Para a produção de frutas e hortaliças in natura, a mão-de-obra é o maior custo envolvido, seguido por transporte, insumos e depreciação do maquinário. Já para itens processados, os custos variáveis dos ingredientes contribuem com a maior participação dos gastos. A diversificação dos canais de venda direta, a certificação orgânica e as redes de comercialização formadas a partir do sistema participativo de garantia influenciam positivamente na viabilidade econômica da pequena produção familiar.

Na pecuária leiteira orgânica, a alimentação do rebanho é um desafio, sobretudo no período seco do ano devido à redução da oferta de forragem nas pastagens, quando a suplementação volumosa no cocho se faz necessária. As forrageiras tradicionalmente utilizadas na suplementação dos rebanhos na época seca do ano (cana-de-açúcar picada e silagens de milho, sorgo e capim-elefante) apresentam baixo teor de proteína bruta (PB) e os suplementos proteicos não transgênicos são escassos e caros, o que torna relevante a busca por forrageiras alternativas com maior concentração de PB. Uma alternativa para incrementar a PB da forragem é o consórcio com leguminosas ou forrageiras com alto conteúdo de PB. Neste contexto, o Capim BRS Capiaçu (Pennisetum purpureum) se destaca pelo alto rendimento forrageiro e a Gliricidia sepium se destaca pelo alto teor de PB na forragem. Portanto, o objetivo do projeto é avaliar a qualidade nutricional de silagens de Capim BRS Capiaçu e Gliricidia sepium submetidas a diferentes proporções. Para tanto, amostras das forragens, colhida e picada, serão acondicionadas em silos de PVC com capacidade de 2,6 litros, nas seguintes proporções 0/100%, 35/65%, 65/35% e 100/0% de Gliricidia sepium / Capim BRS Capiaçu, respectivamente. Os silos serão abertos após 60 dias de fermentação e avaliados para composição química das silagens, a degradabilidade in vitro da MS.

Este estudo exploratório-descritivo teve como objetivo investigar o potencial das Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) na região da Serra Negra da Mantiqueira, especificamente nos municípios de Olaria, Lima Duarte e Bom Jardim de Minas. A pesquisa identificou diversas espécies de PANC locais e avaliou sua viabilidade para integração no cardápio escolar e gastronômico voltado ao turismo rural. Utilizando questionários estruturados, foram coletadas informações de alunos, merendeiras, nutricionistas e proprietários de restaurantes, revelando um conhecimento significativo e uma aceitação variada das PANC. Os resultados destacam o potencial dessas plantas não apenas como fontes nutricionais, mas também como promotoras de uma alimentação sustentável e de práticas agrícolas regionais, evidenciando a necessidade de políticas educacionais e de mercado que incentivem seu uso e cultivo na região.

É crescente a produção e o consumo de ovos no Brasil, sendo também crescente a geração do esterco de poedeiras, que poderia ser utilizado para atender parte da crescente demanda por fertilizantes pela agricultura orgânica. Porém, estercos produzidos em sistemas convencionais somente podem ser utilizados em sistemas orgânicos após a sua compostagem. Além disso, o esterco de poedeira é um produto instável, com textura pastosa e elevada umidade, o que dificulta o seu transporte, armazenamento e aplicação. Uma alternativa de processamento que está se difundindo é a sua desidratação em tambores giratórios sendo submetido a temperaturas que variam de 150 a 350 ^oC. O produto final é um fertilizante estável, granulado, rico em nutrientes e isento de contaminação biológica. Outra característica é a imobilização de parte do nitrogênio (N) em estruturas de N aromático heterocíclico bioestável, que promove a disponibilização gradual desse nutriente. Deste modo, esse processo de desidratação apresenta-se como uma alternativa à compostagem visando tornar o esterco de poedeiras adequado ao uso na produção orgânica. E para isso, é necessário conhecer melhor as transformações que ocorrem durante o processo de secagem em alta temperatura e as características do fertilizante obtido, porém são escassos os trabalhos nesse sentido. O objetivo desta dissertação é realizar avaliações de várias características do esterco de frango desidratado visando reunir elementos que possam embasar a recomendação para sua utilização na agricultura orgânica. Será utilizado o esterco desidratado produzido em Santa Maria de Jetibá/ES, município maior produtor de ovos do Brasil, avaliando-se características químicas como teores totais e disponíveis de nutrientes, pH, CE, estabilidade, substâncias húmicas, contaminação com metais pesados e caracterização de grupamentos orgânicos; Características físicas como: densidade, granulometria e outras; E características biológicas como: presença de salmonela + coliformes + helmintos e a presença genes de resistência aos antibióticos. Também serão realizados experimentos de vasos visando a avaliar a capacidade de fornecimento de N em curto prazo e em médio prazo.

O consórcio entre o maracujá-amarelo e o milho crioulo, deve-se conter em sua essência os conceitos da agricultura sustentável, onde assegura a produtividade e rentabilidade, empregando as técnicas de cultivos intercalados. Sendo assim, o objetivo desse trabalho foi avaliar o desempenho agronômico, climático e econômico do cultivo consorciado de maracujá-amarelo (Passiflora edulis Sims) com milho crioulo Astecão (Zea mays L.) em sistema orgânico de produção. Inicialmente, os maracujazeiros, na fase juvenil, foram conduzidos em casa de vegetação, até o estabelecimento das mudas ou mudão, e após levado a campo. O genótipo de Passiflora utilizado foi da Família BC3. A (Pool Híbridos HRI-25 / HRI-17, ambos 50%).  Mesmo com o ataque frequente das abelhas arapuás, obteve-se uma produção considerável de 612,18 kg da fruta em apenas uma única colheita. A produtividade do milho foi de 156 kg, sendo destinados para consumo familiar e logo após sua colheita, o foco foi a obtenção de palhada como cobertura do solo. O custo total de produção do experimento foi de R$3.105,23, com uma margem de lucro de 44,7%, totalizando um valor bruto de R$5.613,69 e uma renda líquida de R$2.508,46. Para o cultivo na região sul de Rondônia, os meses de plantio que se deve evitar, levando em consideração o índice pluviométrico, se concentra no período de novembro a março, onde acumulou-se uma precipitação de 1600 mm, média aproximada da necessidade anual da cultura. Considerando que o cultivo do maracujazeiro em sistema orgânico demanda muita mão de obra e intensa aplicação de produtos biológicos e caldas alternativas, torna-se o cultivo dessa cultura um tanto quanto desafiador, devido aos danos causados por pragas e doenças importantes da cultura.

Com a crescente necessidade humana por alimentos, fibras e combustíveis, a
atividade agrícola que surgiu com o intuito de suprir tal demanda tem desencadeado
inúmeros efeitos negativos ao meio ambiente e sociedade. Os sistemas agroflorestais
(SAF) são capazes de criar agroecossistemas complexos menos dependentes de recursos
externos a eles. Estes partem de princípios e processos desenvolvidos a partir da
observação dos sistemas naturais e podem ser conduzidos de acordo com a necessidade
do produtor inserindo espécies de interesse econômico tornando-os produtivos ao
mesmo tempo em que fornecem input para a melhoria da qualidade ambiental. A
capacitação em SAF em sua maioria ocorre presencialmente, pois requer conhecimentos
práticos aplicados para o bom entendimento acerca de tal ciência. Com a pandemia de
COVID-19 em março de 2020 o ensino a distância (EAD) surgiu como estratégia de
retomada e continuidade de aulas presenciais em diversas áreas e se tornou uma
alternativa para as capacitações em sistemas agroflorestais. A presente dissertação teve
como objetivo avaliar o aprendizado de SAF através de mentoria online. O objeto de
pesquisa foi uma formação denominada Programa de Mentoria em Agrofloresta que
consistiu em um processo de capacitação continuada por seis meses que utiliza
ferramentas de EAD. Para levantar os dados, foi feito a descrição das metodologias
aplicadas e das experiências realizadas dentro do EAD no contexto agroflorestal para
duas turmas do Programa, totalizando quarenta e três participantes, aplicação de
questionário semiestruturado aos alunos, levantamento das características dos
entrevistados e a partir dos obstáculos e desafios identificados foram feitas propostas de
soluções para a Mentoria, bem como foi aferido o aprendizado dos membros. A
Mentoria em SAF por meio do EAD atingiu um objetivo diferente do propósito de uma
formação presencial. Embora os participantes não acreditem que a formação via EAD
tenha o mesmo resultado que uma formação presencial em SAF, a Mentoria foi capaz de
satisfazer as expectativas dos envolvidos e atender às suas necessidades de aprendizado.
As avaliações geral e de aprendizado indicaram um nível de satisfação razoável e uma
percepção de que o Programa trouxe benefícios e contribuiu para o entendimento acerca
dos SAF pelos participantes. A mentoria em SAF via EAD pode ser uma alternativa
viável para aqueles que não têm acesso a uma formação presencial ou que preferem uma
abordagem mais flexível e adaptável às suas necessidades. Portanto, é importante
continuar a explorar e desenvolver novas formas de ensino em SAF, a fim de promover
uma agricultura mais sustentável e consciente.

A Kombucha,, embora seja considerada uma bebida nova no mercado, é uma bebida

milenar, que surgiu na china (221-206 AC), se popularizou na Europa durante a segunda guer-
ra mundial e difundiu-se no Brasil por ser mais uma opção de bebida funcional. É uma bebida

fermentada, de sabor adocicado e levemente ácido e por ser naturalmente gaseificada, é con-
siderada uma alternativa saudável ao refrigerante. Obtida por meio do processo de fermenta-
ção do chá de Camellia sinensis adoçado, por cultura simbiótica de bactérias e leveduras mi-
crobiologicamente ativas, chamada popularmente de “SCOBY” (Symbiotic Culture of Bacte-
ria and Yeast), a Kombucha vem ganhando popularidade por seus possíveis benefícios à saú-
de, como melhorar o sistema digestivo e imunológico, além de apresentar propriedades anti-
microbianas e antioxidantes, assim como vitaminas e ácidos orgânicos. Fatores como o au-
mento do consumo e a popularização da fabricação artesanal da bebida nas residências, ocasi-
onaram uma preocupação dos produtores e dos órgãos regulamentadores competentes quanto

à fiscalização da produção da bebida. Em 2019, o Ministério da Agricultura e Pecuária -

MAPA, estabeleceu o padrão de identidade e qualidade da bebida, analisando parâmetros co-
mo pH, graduação alcoólica, acidez volátil e análise da presença de contaminantes, e tornou

obrigatório o registro de estabelecimentos produtores. Através de levantamento bibliográfico,

da pesquisa junto ao MAPA e de entrevistas com produtores e consumidores, o presente estu-
do avaliou qualitativamente as dificuldades e oportunidades dos produtores da Kombucha

quanto a regularização junto MAPA, apontando as vantagens de se obter o registro para pro-
dução e comercializa bebida, com objetivo de fornecer as informações técnicas necessárias

para contribuir com o desenvolvimento do pequeno produtor resultando em maior competiti-
vidade no mercado interno e garantindo a segurança sanitária da produção.

Desde o período da colonização pós-indígena, após a descoberta do ouro em Minas Gerais, na microbacia leiteira do Ribeirão das Furnas, no município de Aiuruoca, sul de Minas Gerais, as pastagens naturais e, posteriormente, as pastagens formadas com espécies exóticas, foram a principal fonte de alimento para o rebanho leiteiro até as décadas atuais, segundo os relatos dos agricultores familiares locais. Nos últimos anos, apesar dos importantes avanços referentes ao manejo da fertilidade química do solo e do manejo das pastagens a partir da introdução de espécies forrageiras, identifica-se o desinteresse dos agricultores, herdeiros destas terras, a respeito desses avanços e, simultaneamente, a crescente dependência dos mesmos na suplementação da alimentação dos rebanhos com fontes externas às unidades produtivas. As dificuldades relacionadas à estacionalidade na produção de forragem, e a carência de informações a respeito da importância do manejo adequado de corretivos e fertilizantes de certa forma contribui para a degradação das pastagens e a consequente exposição dos solos aos processos erosivos, submetendo os agricultores a uma situação de vulnerabilidade, o que, em algumas situações, leva ao abandono da atividade pecuária e, até mesmo, da unidade de produção agrícola. Neste cenário, o presente trabalho teve como objetivos avaliar, de forma participativa a partir de estudo de caso, o desempenho fitotécnico no período de outono - inverno das espécies forrageiras Avena strigosa (aveia preta), Avena sativa  (aveia branca), Vicia sativa (ervilhaca comum) e Raphanus sativus (nabo forrageiro) em monocultivo e consorciadas, bem como avaliar o benefício da correção da acidez e da fertilização com diferentes fontes, orgânica e sintética, no estabelecimento destas forrageiras. Para tanto, foram implantadas parcelas observacionais, cujas etapas de instalação, acompanhamento e coleta contaram com a participação ativa de agricultores circunvizinhos.  Os resultados observados denotam que as metodologias participativas adotadas, fundamentadas na metodologia da pesquisa-ação, foram estimuladoras do envolvimento dos agricultores nas distintas etapas do trabalho, tornando possível verificar reflexões coletivas e individuais no que se refere aos aspectos abordados do manejo da fertilidade química do solo, bem como sobre as próprias espécies forrageiras introduzidas. Quanto ao desempenho fitotécnico das espécies, a aveia preta, a veia branca e o nabo forrageiro apresentaram características fitotécnicas como a rápida cobertura do solo e bom potencial de produtividade de massa fresca e seca nas parcelas que receberam calcário e fertilizantes. Em contrapartida, a ervilhaca apresentou estabelecimento aquém do desejável, mesmo na presença do corretivo de acidez e da fertilização. Destarte, foi possível concluir neste estudo de caso que a correção da acidez e a fertilização mostram-se instrumentos do manejo da fertilidade química do solo imprescindíveis ao adequado desenvolvimento das espécies forrageiras de inverno, exceto a ervilhaca comum, semeadas nas condições edafoclimáticas da microbacia do Ribeirão das Furnas em Aiuruoca, Minas Gerais.

Na pecuária leiteira orgânica a alimentação do rebanho é um desafio, sobretudo no período seco do ano devido à redução da oferta de forragem nas pastagens quando a suplementação volumosa no cocho se faz necessária. O uso de ensilagem é uma excelente alternativa de suplementação volumosa no período seco do ano, porém as forrageiras tradicionalmente utilizadas para ensilagem (silagens de milho, sorgo e capim-elefante) apresentam baixo teor de proteína bruta (PB) e os suplementos protéicos não transgênicos são escassos e caros, o que torna relevante a busca por forrageiras alternativas com maior concentração de PB nos sistemas orgânicos de produção. Uma alternativa para aumentar o teorde PB da dieta é a inclusão de leguminosas. Neste contexto a gliricidia se destaca por ser uma leguminosa com alto rendimento forrageiro e altos teores de PB. Entretanto a conservação de silagens exclusivas de leguminosas é um desafio devido principalmente ao alto poder tampão. Desta forma, o objetivo do trabalho foi avaliar a conservação de silagens exclusivas e mistas, sob diferentes proporções, de capim elefante (Pennisetum purpureum) cv. BRS Capiaçu e de gliricidia (Glyricidia sepium) e adicionadas ou não de 10% de milho moído. As forragens foram ensiladas em silos de PVC com capacidade de 2,6 litros, abertos após 96 dias de fermentação e avaliados para massa especifica na matéria natural (MN) e na matéria seca (MS), MS recuperada, perdas por efluente, MS das silagens, pH e nitrogênio amoniacal (N-NH₃). Houve interação entre a proporção de Gliricídia e adição de milho moído para as variáveis de massa específica na MN e MS, perdas por efluentes, pH, N-NH₃ (P<0,01) e MS (P=0,04), porém não houve interação para a MS recuperada (P=0,06). A massa específica na MN não diferiu (P=0,75) quando não foi adicionado milho moído, mas quando o milho moído foi adicionado teve comportamento quadrático (P<0,01 e r²=0,92), em função da proporção de Gliricídia na massa ensilada. As perdas por efluentes reduziram à medida que a proporção de Gliricídia aumentou na massa ensilada e a adição de milho reduziu (P<0,01) as perdas por efluente. A MS recuperada, em função da proporção de Gliricídia na massa ensilada, apresentou comportamento quadrático (P=0,02 e r²=0,99) com máxima recuperação na silagem com 35% de Gliricídia (824 g kg^-1). A adição de milho não alterou a recuperação de MS (P=0,33). O teor de MS das silagens aumentou linearmente com o aumento da proporção de Gliricídia na massa ensilada, quando houve adição de milho (P<0,01 e r²=0,61) e também quando não houve adição de milho (P<0,01 e r²=0,91). O valor de pH apresentou comportamento quadrático (P<0,01 e r²=0,96), em função da proporção de Gliricídia na massa ensilada, quando não havia adição de milho e comportamento linear (P<0,01 e r²=0,94) quando houve adição de milho. O N-NH₃ como proporção do nitrogênio total apresentou comportamento quadrático (P<0,01 e r²=0,99), em função da proporção de Gliricídia na massa ensilada, não diferiu (P=0,14) quando o milho foi adicionado. A adição de milho reduziu (P<0,01) o N-NH₃ em 72% na silagem sem Gliricídia, mas não foi observado efeito nas demais silagens. Silagens mistas foram superiores no processo de conservação em comparação a silagens exclusivas, a adição de milho beneficiou o processo de conservação de silagens exclusivas, mas não as silagens mistas.

Os sistemas orgânicos de produção integram princípios que valorizam o manejo agrícola sustentável. As técnicas adotadas buscam aliar a produção de alimentos e, simultaneamente, conservar e, na medida do possível, melhorar as características biológicas, físicas e químicas do solo, que compõem o conceito de fertilidade no sentido lato. Nesse contexto, a utilização de espécies de cobertura do solo para adubação verde, em sistemas de cultivos exclusivos ou consorciados, é uma importante estratégia para a fixação de carbono atmosférico, a partir do aparato fotossintético vegetal que resulta na produção “in situ” de fitomassa que resultará após o manejo no aporte de matéria orgânica ao solo. Destarte, objetivou-se determinar o crescimento e o desempenho agronômico de espécies de cobertura de solo de inverno cultivadas em consórcios, bem como definir uma proporção ótima da fabácea tremoço branco (Lupinus albus) entre os consórcios avaliados. O trabalho experimental foi conduzido no município de Itobi, região central do estado de São Paulo. O delineamento estatístico adotado foi o de blocos casualizados com seis tratamentos formados pelos arranjos das espécies de cobertura de solo de inverno, acrescido de um tratamento controle representado pela vegetação de ocorrência espontânea (VE). As espécies de cobertura de inverno avaliadas foram: aveia preta (AP); nabo forrageiro (NF); trigo mourisco (TM); e tremoço branco (TB). Os arranjos de plantio constaram de proporções (%) das misturas, obtidas a partir das quantidades utilizadas por ocasião da semeadura, como segue: 40AP+20NF+40TM; 30AP+15NF+30TM+25TB; 20AP+10NF+20TM+50TB; 10AP+5NF+10TM+75TB; 100TB; VG. As avaliações constaram da quantificação da produção de fitomassa seca de parte aérea aos 30, 51 e 80 dias após a semeadura (DAS). Dentre as espécies avaliadas nos consórcios, o nabo forrageiro apresentou o maior potencial de produção de fitomassa seca nas diferentes épocas de avaliação, alcançando produtividade média, aos 80 DAS, estimada em 10,05 Mg ha^-1. Os consórcios mais favoráveis ao crescimento do TB consistiram de proporções iniciais de 50 e de 75% desta fabácea na mistura, que proporcionaram produtividades de fitomassa seca de parte aérea de, respectivamente, 1,38 e 2,47 Mg ha^-1. Depreende-se, a partir dos resultados, que os cultivos consorciados de espécies de inverno envolvendo diferentes famílias botânicas, com vistas à adubação verde, possibilitam a obtenção de produções que simultaneamente agregam características próprias de cada espécie ampliando a biodiversidade no manejo da adubação verde.

BRANCO, Camila da Silva Vaz. A percepção gastronômica dos alimentos orgânicos e agroecológicos – um estudo exploratório sobre os perfis de produção e consumo. 2022. 132p. Dissertação (Mestrado em Agricultura Orgânica). Instituto de Agronomia, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, 2022.

A alimentação na contemporaneidade tem sofrido diversas modificações em virtude de uma busca por alimentos e sistemas produtivos que estejam em maior consonância com práticas sustentáveis. Nesse sentido, a agroecologia e a agricultura orgânica são alternativas viáveis à produção alimentar convencional, uma vez que possuem uma dimensão de salvaguardar o meio ambiente e preservar os recursos naturais disponíveis. Considerando essas premissas, buscou-se avaliar a percepção sobre os alimentos de origem orgânica e agroecológica por parte dos atores mais diretamente envolvidos no consumo e na produção desses alimentos: os agricultores, os consumidores de produtos vegetais e os profissionais que atuam com o preparo desses alimentos em cozinhas profissionais (como chefs e cozinheiros). Para esse fim foram aplicados questionários estruturados do tipo survey, através de uma metodologia mista, envolvendo uma abordagem quali-quantitativa objetivando-se averiguar quais critérios determinam a utilização desses ingredientes e qual relação os participantes estabelecem entre a produção agroecológica e orgânica com as questões relacionadas à preservação ambiental. Além disso, buscou-se avaliar se a gastronomia é percebida como uma alternativa possível para impulsionar o consumo desses ingredientes e quais são os fatores que dificultam o acesso a esse tipo de alimento ou de produção.

O crescente uso da tecnologia e a necessidade por informações precisas e imediatas faz parte do cotidiano atual de pessoas por todo mundo. Aplicativos de segmentos diversos estão disponíveis para entretenimento, saúde, educação e pesquisas diversas. O setor agrícola, por sua vez, não ficou para trás, mostrou-se tecnificado e em buscas por soluções otimizem seus processos e minimizem perdas. Sendo assim, destaca-se a importância do diagnóstico precoce de doenças e pragas em vegetais para evitar danos,  perdas,  longevidade, funcionalidade e qualidade sanitária.  Este trabalho apresenta a plataforma CLÍNICA VEGETAL NA PALMA DA MÃO. Trata-se de uma plataforma voltada para o diagnóstico online e precoce de doenças e pragas, bem como o gerenciamento online de análises de amostras e de laudos digitais. Computacionalmente, a ferramenta é um sistema multiusuário e distribuído em nuvem de computadores, sendo composto por um banco de dados de imagens, dois aplicativos (app) móveis desenvolvidos em uma biblioteca Javascript chamada React Native e uma página web. O sistema é fruto de uma parceria extensionista entre o Laboratório de Clínica Vegetal do IA/UFRRJ, o programa PET-SI/UFRRJ e parceiros diversos. As premissas desse projeto é considerar os aspectos cíclicos das ocorrências de doenças e pragas em vegetais, da distribuição geográfica de usuários, suas dificuldades e limitações de acesso aos laboratórios de fitossanidade, expertise de especialistas, e custos reduzidos para diagnosticar rapidamente doenças e pragas de plantas por meio de interatividade e imagens disponibilizadas em um banco de dados. Foi utilizado a metodologia FSMA (CRUZ et al., 2013) seguido de um levantamento da literatura e modelagem do sistema. O primeiro protótipo do aplicativo  é direcionado para coletas digitais de dados textuais e imagens de plantas ornamentais diretamente nos viveiros do SRBM, sendo transmitidos e analisados pela Clínica Vegetal do IA/UFRRJ conjuntamente com as amostras fisicas. Através do app, será possível aos pesquisadores do laboratório emitirem laudos e orientações online, bem como acessar as séries históricas das coletas. Em adição, considerando-se os princípios da ciência cidadã (EITZEL et al, 2017) o aplicativo terá sua versão “Edu”, cuja finalidade  disponibilizar os dados digitais para o público interessado. Quando disponibilizado será possível fazer pesquisas em múltiplas categorias da base de dados, tais como: hospedeiro, doença, praga, nome científico ou nome vulgar da planta,  e quadro sintomtológico. Além disso, será disponibilizado recomendações gerais para o  manejo agroecológico para cada doença/praga relacionada às espécies. Há também a previsão da funcionalidade cooperativa do app, onde o usuário irá fotografar os sintomas de um alvo, qual será postado automaticamente  com coordenadas georreferenciais.  Em virtude das limitações impostas pela Pandemia COVID19, sobretudo de isolamento social, a plataforma CLÍNICA VEGETAL NA PALMA DA MÃO será, inseminada, inicialmente, com dados sobre espécies de plantas ornamentais, mas oportunamente abrangerá outros grupos como hortaliças folhosas, hortaliças de frutos, fruteiras, forragens, gramados, pós colheita, dentre outros.

OLIVEIRA, Galderes Magalhães de. Avaliação de esterco de aves poedeiras compostado e desidratado no desempenho agronômico de alface. 2022. 33p. Dissertação (Mestrado em Agricultura Orgânica). Instituto de Agronomia, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, 2022.

A avicultura de postura passa por grande evolução tecnológica, de modo a acompanhar as demais cadeias produtivas agropecuárias e a crescente demanda humana pelo ovo de galinha, que por sua vez, também proporcionou aumento significativo na produção de seu principal resíduo, o esterco. Com o aumento deste subproduto em Santa Maria de Jetibá/ES e a expansão da necessidade de transformá-lo, de modo a permitir sua comercialização, passou-se a desidratá-lo. Como é uma tecnologia recente, sem muitos estudos sobre sua utilização na agricultura capixaba, há a necessidade de pesquisas. Para viabilizar o uso adequado deste produto foram conduzidos dois experimentos, ambos com o objetivo de avaliar o esterco de galinha poedeira desidratado na produção de alface em sistema orgânico de produção. Os experimentos foram implantados e conduzidos na área da Fazenda do Incaper, no município de Santa Maria de Jetibá/ES. O primeiro experimento foi conduzido em casa de vegetação, em vaso plástico, cada vaso recebendo uma dose equivalente a 200 kg de N ha-1, de acordo com o tipo de fertilizante utilizado, misturados ao solo. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado, em esquema fatorial 3 x 4, sendo o primeiro fator três tipos de fertilizantes orgânicos (Esterco de Galinha Poedeira Desidratado – EGD, Esterco de Galinha Poedeira Compostado com Pó de Serragem – ECS e Esterco de Galinha Poedeira Compostado com Palha de Café, e o segundo fator diferentes tempos de pré-incubação após a aplicação dos fertilizantes (0, 3, 7 e 14 dias), com cinco repetições (cada repetição um vaso com uma muda de alface). Foi avaliada a presença de clorose, necrose ou outro dano visível devido ao uso de fertilizantes, além das seguintes características: massa fresca da parte aérea (MFPA), diâmetro de caule (DiamCau) e diâmetro da cabeça (DiamCab). O segundo experimento foi conduzido sob condições de campo, no delineamento experimental de blocos casualizados em esquema fatorial [(2 x 4)+1], com o primeiro fator correspondente a diferentes tipos de adubos orgânicos (EGD e ECS). O segundo fator corresponde a diferentes níveis de adubação (100, 200, 300 e 400 kg N ha-1) e o 1 representa o tratamento controle (sem adubação), com quatro repetições. Ao atingirem o padrão comercial, as seis plantas centrais de cada parcela experimental foram colhidas e avaliadas nas seguintes características: MFPA, DiamCau, DiamCab, massa seca da parte áerea e produtividade. As variáveis analisadas foram padronizadas em forma de dados, tabulados e submetidos à análise de variância. Foi realizado teste Scott-Knott para ambos os experimentos e análise de regressão e teste Dunnet para o segundo experimento. Em ambos os experimentos o EGD não apresentou bons resultados no cultivo de alface. Pelos resultados obtidos, sugere-se que o plantio da alface deve ser feito no mínimo a partir de 3 dias após a aplicação dos fertilizantes. De um modo geral, nenhuma das doses do esterco desidratado de galinha poedeira apresentou incremento satisfatório nas características avaliadas. Recomenda-se que novos estudos sejam realizados para identificar quais fatores influenciam negativamente no desenvolvimento da alface com o uso de EGD.

Com o declínio da produção de citros, especulação imobiliária e falta de política para o setor de fruticultura, o arranjo produtivo na região mudou, principalmente no município de Itaboraí. Conhecido como cidade dormitório por estar muito próximo da capital, a área rural, as grandes propriedades, foram dando lugar as pequenas propriedades e se instalando outros modelos de produção. Dentre elas a agricultura familiar com fruticultura e culturas anuais e a floricultura, esta também ganhou força e já colocou o município como o segundo produtor de flores de forração do Estado, entretanto a atividade ainda sofre com a falta de tecnologia, assistência técnica, o conhecimento da realidade e do potencial do setor pelos agentes financiadores, não deixam a atividade avançar. Tendo o conhecimento de algumas práticas usadas para a produção de mudas pelos produtores locais, observamos a possibilidade de montar um experimento para avaliar o desenvolvimento de três espécies de plantas – Ixora coccinea L.  var. compacta, Lantana camará e Bougainvillea spectabillis, em três leitos de enraizamento: espuma fenólica, substrato orgânico e o barro, este último comumente já utilizado na região, de modo que o resultado final seja um produto que ofereça uma maior otimização da produção de mudas de maneira sustentável.  O experimento foi realizado no Horto Estação Verde, situado na estrada de Montevidiu, Pacheco – Itaboraí/RJ. As espécies foram escolhidas devido as características comuns apresentadas entre elas, como a rusticidade, crescimento rápido, variedades de cores, o que confere a essas plantas um alto valor ornamental sendo amplamente utilizadas em projetos paisagísticos.  Foram utilizadas mini estacas semi-lenhosas de 15 cm, de 3 a 6 gemas com corte em bisel na parte superior e inferior. As estacas de “mini ixora”, “lantana camará” e “bougainvillea”, foram desinfestadas em solução higienizante de hipoclorito em uma diluição de 1:4 e foram retiradas as folhas. O experimento foi conduzido em casa de vegetação, utilizando o delineamento blocos ao acaso, sendo três unidades experimentais com 10 estacas por unidade experimental X 3 espécies, X 3 substratos, totalizando 270 estacas. Não foram utilizados reguladores de crescimento. A irrigação foi por microaspersão, em 4 turnos de 3 minutos cada um, com um volume de 8 mm/dia. As minis estacas foram coletadas em dois locais diferentes. Após 92 dias após o plantio foram avaliadas as variáveis - o número de estacas vivas, número de estacas com brotação, número de estacas enraizadas, número de raízes por estacas, comprimento da maior raiz e número de brotação de cada estaca.  As espécies vegetais empregadas no experimento apresentaram performances diferentes frente aos tipos de substratos utilizados para enraizamento. Observou-se para o parâmetro “estacas enraizadas”, que os tratamentos referentes a espécie Ixora, sobre qualquer um dos substratos testados, não alcançou sucesso no enraizamento. Fato que pode estar associado a fisiologia da própria variedade de ixora utilizada no ensaio. Contudo, os resultados “estacas enraizadas” de Lantana camara; e Bougainvillea spectabillis, indicam a possibilidade dos substratos organomineral e espuma fenólica serem alternativas ao barro, na medida não diferem estatisticamente. Considerando que o uso do barro tem consequências ambientais diante de sua extração mineral, substratos alternativos sustentáveis devem ganhar mais incentivos em pesquisas.

A produção e o consumo mundial de frutas cítricas, dentre as quais a tangerina, apresentaram forte aumento na década de 1990, quando a produção expandiu-se rapidamente, tendo o Brasil alcançado o quarto lugar na produção mundial. No estado do Rio de Janeiro, com a expansão dos plantios de tangerina das regiões Litorânea e Metropolitana para a região Serrana na década de 2000, devido à boa adaptação da espécie ao clima, notou-se o interesse do agricultor do município de São José do Vale do Rio Preto (RJ) no cultivo dessa frutífera nas áreas declivosas locais. Assim cresceu a demanda por informações técnicas relativas ao manejo voltado às condições edafoclimáticas locais. Na falta de opções para a resolução de problemas fitossanitários e nutricionais, os agricultores recorrem a produtos agroquímicos industriais. Para reverter essa tendência, faz-se necessária adoção de tecnologias de base agroecológica para a cultura da tangerina Poncã no município, que garantam a manutenção de níveis adequados de produtividade e reduzam a dependência externa das unidades de produção quanto ao emprego de insumos com alto potencial ecotoxicológico. Para tanto, no trabalho junto aos agricultores investigou-se as diversas demandas e dificuldades da atividade de produção de tangerina Poncã, e possibilitou estabelecer diretriz para a construção de estratégias de produção em equilíbrio com o meio ambiente. A proposta dessa dissertação visa realizar estudos de caso no município supracitado a partir de levantamentos de dados relativos às áreas de cultivo e a sistematização das informações coletadas para a confecção de material informativo. De posse dessas informações, buscar-se-á o atendimento de demandas dos agricultores a partir de formulação, de forma participativa, de instrumentos didáticos de apoio à disseminação de estratégias agroecológicas para o cultivo local de tangerina Poncã. Foram propostas ações para o controle de pragas e doenças e mecanismos de identificação de desordens nutricionais. Através da identificação das áreas plantadas foi possível produzir um mapa contendo a distribuição dos plantios de tangerina Poncã no município de São José do Vale do Rio Preto (RJ) e assinalados os pomares que mantinham práticas agroecológicas. Através dos resultados dos parâmetros levantados foi possível estabelecer uma relação entre a incidência de pragas e doenças abaixo do nível de dano com o moderado uso de agrotóxicos, reduzindo o desequilíbrio da cadeia trófica nos ambientes em que a tangerina Poncã está inserida. Outrossim, foi possível constatar que não é dada a adequada atenção ao manejo do solo que, ao ser conduzido com práticas conservacionistas pode promover o melhor equilíbrio das plantas e aumentar a produção.

O objetivo deste trabalho foi avaliar a densidade de plantio e a adição de doses crescentes de bokashi sobre parâmetros morfológicos e a produtividade de raízes de batata doce ‘Beni-imo’ sob manejo orgânico na Fazendinha Agroecológica Km 47(parceria CTUR, Embrapa Agrobiologia, Pesagro-Rio e UFRRJ) localizada no município de Seropédica-RJ. O delineamento experimental adotado foi em blocos ao acaso, com parcelas subdivididas e quatro repetições. O fator primário consistiu de doses de composto fermentado, equivalentes a 0, 50, 100, 200 kg de N ha^–1, correspondendo a 0, 1.250, 2.500 e 5.000 kg ha^-1 do composto, respectivamente. O fator secundário consistiu da densidade de plantio com três espaçamentos entre plantas (0,2; 0,3 e 0,4 m), correspondendo a 166.666, 111.111 e 83.333 plantas ha⁻¹, respectivamente. O composto fermentado foi confeccionado com a formulação de 60% farelo de trigo; 40% torta de mamona e adição de inoculante comercial Embiotic® (São Paulo, Korin).  A colheita foi realizada aos 180 dias após o plantio (DAP) por meio do corte da parte aérea com uso de foice,arranquio com enxada e coleta manual das raízes. Foram avaliados: número total de raízes (NTR), massa total de raízes frescas (MTR), produção total de raízes frescas por planta; produtividade e rendimento em Mg/ha.Verificaram-se respostas lineares nas curvas de doses de Bokashi para comprimento e diâmetro de raízes; e comportamento quadrático para a massa fresca de raízes. A produtividade das plantas não foi significativamente diferente com uso do Bokashi. A concentração de 200 kg N ha^-1 foi responsável por um incremento no comprimento, diâmetro e massa fresca de aproximadamente de 27%, 28% e 92% respectivamente em relação às plantas controle.A produtividade média da batata-doce Beni-imo atingiu o máximo de 29,1 Mg ha^-1 na dosagem de 50 kg N ha^-1e valor mínimo de 25,2 Mg ha^-1 quando não adubadas com o composto. A densidade de plantio não alterou significativamente os parâmetros morfológicos eprodutivos avaliados.

O Agrobio é um biofertilizante produzido a partir da fermentação aeróbica de esterco bovino fresco, água, melaço e sais minerais. Possui efeito nutricional e promove o controle fitossanitário em diferentes culturas. Este trabalho avaliou o efeito do biofertilizante Agrobio no desenvolvimento de mudas de café arábica cultivar Arara, no município de Andradas-MG. O delineamento experimental foi em blocos casualizados, com cinco tratamentos e quatro repetições. Cada parcela foi constituída por 16 mudas, sendo as 4 mudas centrais utilizadas para as avaliações. Os tratamentos diferenciaram-se pelas concentrações do biofertilizante pulverizadas a 0 %, 2 %, 4 %, 6 % e 8 %.  As variáveis avaliadas foram: altura da muda, diâmetro do caule, número de folhas, massa fresca das folhas, caule e raiz e massa seca das folhas, caule e raiz. Também foi avaliada a incidência final de cercosporiose, causada pelo fungo Cercospora coffeicola. Os tratamentos foram realizados a partir do aparecimento do primeiro par de folhas e foram reaplicados quinzenalmente, até que as mudas atingissem ponto de campo. As pressuposições para a realização da análise de variância foram testadas e, após atendidas e quando houve significância pelo teste F entre as doses de Agrobio pela análise de variância, foram ajustados modelos de regressão para as mesmas considerando 5% de probabilidade de significância. Verificou-se que o efeito das doses do Agrobio sobre as variáveis altura e incidência de cercosporiose foi positivo quadrático apresentando um ponto máximo de 161,5mm de altura e 32,5% de folhas com cercosporise. Já nas variáveis Diâmetro do Caule, Peso Fresco da Raiz, Peso Fresco do Caule, Peso Seco da Raiz e Peso Seco do Caule, o comportamento foi linear crescente. Apenas as variáveis Número de Folhas, Peso Fresco das Folhas e Peso Seco das Folhas não obtiveram resultados significativos entre as doses do biofertilizante Agrobio.

A banana é fruta mais popular e mais consumida no Brasil. A fruta é de importância econômica  e representa fonte de alimento para as classes sociais mais vulneráveis. O cultivo de banana no mundo é afetada com um complexo de doenças foliares conhecidas como Sigatokas, desde 1902. Entre os agentes deste complexo, a Sigatoka Negra, causada por Mycosphaerella fijiensis, é reconhecidamente como a de maior severidade em determinadas condições e teve uma ampla dispersão pelo mundo, estando presente em quase todas as regiões produtoras, com a exceção da Austrália que obteve um caso de sucesso na contenção do avanço da doença e o retorno do status para área livre do patógeno. No continente americano, está identificada desde 1972, partindo de Honduras, e chegando ao Brasil em 1998, onde foi descrita pela primeira vez no Estado do Amazonas. A biologia do patógeno Mycosphaerella fijiensis é caracterizada, sendo descritos os sintomas provocados, bem como as condições para o seu desenvolvimento e a importância da observação das variáveis ecológicas no sistema produtivo. O manejo para o controle da doença é apresentado, onde se caracteriza o patossistema envolvido para a enfermidade, sendo abordada a nova perspectiva de ampliação de hospedeiros para o patógeno. São então descritas algumas das práticas empregadas para o enfrentamento da enfermidade dentro da perspectiva agroecológica de condução da cultura. Assim, o emprego de cultivares resistentes, os efeitos das práticas agroecológicas sobre o desenvolvimento da cultura, a indução da resistência sistêmica, de resistência não hospedeira, os efeitos das barreiras físicas e químicas, além dos tipos de defesas ativas rápidas e defesas ativas atrasadas são descritas. Não obstante, também  são também abordados neste trabalho de revisão: o manejo da cultura em sistema agroflorestal, onde são relatados os mecanismos de regulação da riqueza vegetal sobre a Sigatoka Negra e todo o efeito positivo da diversidade vegetal sobre a tolerância das plantas de Musa sp. à enfermidade;  o efeito da prática controlada da desfolha da bananeira como eficiente técnica de manejo para redução de fonte e dispersão de inóculos na cultura, do emprego de produto preparado a base de TTO derivado de Melaleuca alternifolia contra hifas de M. fijiensis em folhas de banana e sua capacidade curativa de atuar sobre estágios avançados da enfermidade (estágios 4 e 5), e ampla descrição do emprego de alguns agentes de controle biológico microbiano(MBCAs), como o Trichoderma harzianum, o Bacillus tequilensis EA-CB0015 e Bacillus pumilus CCIBP-C5.

O estado do Rio de Janeiro tem números significativos de produção de hortaliças propagadas por sementes que expressam sua capacidade de atingir autossuficiência em algumas culturas. Contudo, sua cadeia produtiva agrícola apresenta fragilidade principalmente quando se refere a necessidade de importação das sementes, utilizadas nos cultivos, de outros estados da Federação, principalmente de Minas Gerais e São Paulo. Este cenário é discutido a luz de registros das principais espécies hortaliças propagadas por sementes e mudas, produzidas no estado, seu valor econômico, as legislações vigentes, o potencial e as barreiras para a produção e comercialização de sementes na agricultura familiar e orgânica. Assim, visando contribuir para o aumento da oferta e produção de sementes no estado do Rio de Janeiro, este estudo teve os seguintes objetivos: Identificar a importância sócio e econômica da produção das doze principais hortaliças propagadas por sementes e mudas no estado do Rio de Janeiro; Analisar a produção de sementes no estado e a origem das sementes adquiridas pelos agricultores; Sistematizar as informações contidas em legislações referentes a Sementes e Mudas e referente a Agricultura Orgânica que possam ser adotadas e seguidas por organizações de agricultores familiares e ou empresas interessadas em produção e comercialização de sementes orgânicas. Esta pesquisa foi de caráter documental exploratório onde foram analisados os dados de produção das principais hortaliças propagadas por sementes obtidos no Acompanhamento Sistemático da Produção Agrícola (ASPA), e da base de dados da EMATER-RJ do ano de 2019 e informativo CEASA-RJ. Também foram avaliadas as legislações vigentes e as normas técnicas que norteiam a produção de sementes, de modo a elencar as exigências que os agricultores familiares precisam atender para que possam produzir e comercializar sementes. Destacando-se: Lei 10.711/2003 que dispõe sobre o Sistema Nacional de Sementes e Mudas; Lei 10.831/2003 que dispõe sobre a produção de orgânicos; Decreto 10.586/2020 e Portaria 52.2021 que regulamentam as leis citadas respectivamente. Também foram relatados os procedimentos de inscrição como produtor de semente, de acordo com a Instrução Normativa 09/2005. Acrescentaram-se ainda, os endereços eletrônicos e formulários para inscrição no Registro Nacional de Sementes e Mudas (RENASEM) para Produtor de Sementes e para Certificador de Sementes Próprias, e as etapas para inscrição dos campos de produção de sementes no Sistema de Gestão de Fiscalização (SIGEF) das áreas relativas à Secretaria de Defesa Agropecuária. Foram apresentados exemplos de iniciativas privadas de destaque no setor de produção de sementes orgânicas onde produtores agrícolas podem se inspirar para constituir arranjos produtivos em associações de produtores ou em parceria com empresas abrindo assim um leque de oportunidades de geração de emprego e renda com a estruturação da produção de sementes, segmento importante da cadeia produtiva da agricultura e que demanda incentivo para se desenvolver no Estado do Rio de Janeiro.

O maracujazeiro é uma cultura de enorme importância para a fruticultura brasileira. O país apresenta-se como o maior produtor mundial da fruta e também o maior consumidor. Nos últimos tempos, observa-se o crescimento de estudos com materiais genéticos cultivados sob manejo orgânico na cultura do maracujazeiro, o que igualmente imprime a necessidade de trabalhos focados no acompanhamento da adubação com fontes orgânicas que atendam às necessidades nutricionais da cultura. Atefrósia (Tephrosiasinapou) é uma leguminosa arbustiva com potencial para adubação verde e vem sendo pouco explorada no país. Neste estudo foi avaliado 1) a capacidade da biomassa vegetal da tefrósia como fertilizante para o atendimento da demanda de nitrogênio (N) para a cultura do maracujá em sistema orgânico de produção, e 2)a taxa de decomposição e liberação de N da biomassa da tefrósia. O experimento foi conduzido na Fazendinha Agroecológica Km 47, nas condições da baixada fluminense. Para o primeiro parâmetro avaliado adotou-se o delineamento de blocos casualizados (DBC) com 4 tratamentos, 3 blocos e 3 repetições. Onde: Tratamento 1 (T1) – testemunha (sem adubação); Tratamento 2 (T2) - torta de mamona (TM); Tratamento 3 (T3) - biomassa fresca de tefrósia (BFT); Tratamento 4 (T4) a combinação de 50% de torta de mamona + 50% de biomassa fresca de tefrósia (TM+BFT).Já no segundo parâmetro avaliado, relacionado a determinação da decomposição da biomassa vegetal de diferentes partes da planta (folha, caule e folha + caule)foi utilizada a metodologia litter bag.Adotou-se o DBC e cada material distinto considerou-se um tratamento, sendo 3 tratamentos, 3 blocos e 10 repetições. Os resultados obtidos nesse estudo demonstram que as distintas partes da planta apresentaram tempos de decomposição e liberação de nitrogênio distintos em função da relação C/N, sendo que, quanto maior a relação C/N, maiores foram os tempos de meia vida (t_1/2) da matéria seca, sendo a fração foliar com o menor tempo de meia vida (38 dias), seguido do material de folha + caule (66 dias) e o caule(150 dias). O tempo de meia vida da liberação de N na folha foi o menor (29 dias), seguido do material de folha + caule (38 dias)e do caule(102 dias).A torta de mamona (T2), por ser um composto com uma baixa relação C/N e rápida liberação do nitrogênio, foi o tratamento com maior produtividade total (13,37 t ha^-1), produzindo cerca de 14% a mais do que o tratamento testemunha (11,5 t ha^-1), 27% a mais do que o tratamento com a biomassa da tefrósia (9,7 t ha^-1) e 10% a mais do que o tratamento com a mistura de torta de mamona com a biomassa da tefrósia (11,92 t ha^-1). O tratamento testemunha (T1) não diferiu significativamenteda produtividade total do tratamento com a mistura da torta de mamona com tefrósia (T4). A adubação com a biomassa da tefrósia obteve redução da produtividade em torno de 15%, quando comparada com o tratamento testemunha (T1), o que sugere a faltade sincronismo entre a demanda da planta e época de liberação do N proveniente da biomassa da tefrósia.A adubação não influenciou no teor de sólidos solúveis (°Brix).

A agricultura orgânica vem atraindo cada vez mais adeptos por ser um modelo alternativo à agricultura convencional capaz de produzir alimento saudável, respeitando as questões ambientais e sociais. Os circuitos curtos de comercialização são uma alternativa para fortalecimento do comercio local e uma aproximação do consumidor em relação ao produtor. O estudo sobre a feira realizada na praça Bom Pastor em Juiz de Fora, Minas Gerais coordenada pelo MOGICO será realizado por um período de 12 meses. A feira acontece todos os sábados das 8 às 12 horas e a coleta dos dados obedecerá essa frequência. Serão analisadas a variedade ofertada, quantidade, frequência, sobras e faturamento mensal das feiras. Através das feiras o MOGICO fomenta a ampliação da produção orgânica na região da zona da mata, a disponibilidade de alimentos saudáveis, e o fortalecimento da confiança consumidor para com o produtor através da comercialização direta por circuito curto de comercialização.

As plantas de cobertura viva do solo são essenciais para a manutenção da biodiversidade planetária. Todavia as plantas de cobertura não somente oferecem benefícios em prol da conservação da natureza, há também o papel relevante de beneficiar os sistemas de cultivo quanto a melhoria na fertilidade do solo. Com isto, este estudo se faz pertinente quanto à exploração da diversidade funcional que as plantas de cobertura viva espontâneas “groundcover” oferecem ao agroecossistema. O ensaio exploratório foi desenvolvido em um sistema orgânico horta-floresta sobre Latossolo Amarelo no Assentamento São José da Boa Morte, no município de Cachoeiras de Macacu/RJ, onde se encontra um dos pólos produtivos da agricultura familiar fluminense; no qual a emergência espontânea de uma planta de cobertura viva do solo, a espécie D. saponariifolia (DS), tornou se um instrumento de pesquisa sob a valorização do saber e da biodiversidade local. Para isto fez se necessário a demarcação dos tratamentos in situ, de acordo com a ocorrência da DS ao longo do sistema horta-floresta. Desta forma foram delimitados dois tratamentos: (I) - a DS como cobertura viva espontânea (CVE) sob o cultivo do milho (CD) e (II) a ausência da mesma sob o cultivo do milho (SD). O objetivo geral deste trabalho foi contribuir com a avaliação das diversidades funcionais que a espécie Diodia saponariifolia como CVE possa vir a oferecer ao sistema de cultivo. Para isto foram avaliadas: a fertilidade do solo; a contribuição da DS na nutrição e produtividade do milho, assim como a interação com a comunidade de fungos micorrízicos arbusculares (FMAs). Neste estudo se encontra o primeiro relato da simbiose micorrízica entre a DS e os FMAs. De forma geral, a cobertura de DS apoiou com o provimento de nutrientes para o cultivo do milho, tanto através da ciclagem de nutrientes quanto sob a via simbiótica junto aos FMAs.

O objetivo deste estudo foi avaliar fatores de competitividade da comercialização da Feira da Agricultura Familiar na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (FAF Rural), campus Seropédica. Realizou-se uma pesquisa descritiva e análises quantitativas e qualitativas. Foram analisados 1.664 relatórios de comercialização, dos anos de 2017 (fevereiro a dezembro), 2018 (março a dezembro) e 2019 (fevereiro a dezembro). Na primeira etapa, foram estimados os faturamentos brutos por feirante e total mensal e anual.  Na segunda etapa, estimou-se o faturamento por grupo e subgrupo de produtos; o balanço de vendas e a participação de cada grupo e subgrupo no volume total ofertado e comercializado e no faturamento bruto total. Definiu-se a Cesta de produtos considerando a participação no faturamento bruto, a quantidade ofertada, a regularidade de oferta nos três anos analisados e a relevância sócioeconômica para a agricultura familiar no município de Seropédica e do entorno. O calendário de comercialização foi desenvolvido para os produtos da cesta e definiram-se quatro classes de oferta. Índices relativos (agregativos simples e ponderados) foram utilizados para comparar o preço do cada item da Cesta de produtos nos anos de 2018 (p1) e 2019 (p2) tomando por base o ano de 2017 (p0). O faturamento bruto da FAF nos três anos analisados foi influenciado pelo calendário acadêmico e pela sazonalidade que por sua vez, também foi devida as condições biofísicas de produção na Baixada Fluminense – RJ. Essas alterações implicaram na variação de excedente de produção própria, ofertado ao longo do ano e conseqüente mudança no perfil da produção, trazendo como característica a dinâmica de oferta/ demanda que assim como o espaço itinerante da FAF, interferiu também na renda do agricultor feirante e no faturamento total. A partir da FAF Rural, ocorre a geração de valor para os agricultores-feirantes e identifica-se uma organização mínima da cadeia produtiva local de produtos da agricultura familiar de base agroecológica, com articulação dos elos de distribuição e comercialização neste canal de venda direta.

PAIXÃO, Márcio Pureza. A Assistência Técnica e Extensão Rural no estado do Rio de Janeiro para Sistemas Orgânicos de Produção, sob a ótica da Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (PNATER) e da Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica – PNAPO. Dissertação (Mestrado em Agricultura Orgânica). Instituto de Agronomia, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, 2020.

A Lei Nº 12.188, de 11 de janeiro de 2010 que instituiu a Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural para a Agricultura Familiar e Reforma Agrária – PNATER, junto com o Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar e na Reforma Agrária - PRONATER, baseadas na sustentabilidade, recursos naturais, conservação do meio ambiente, agricultura de base ecológica, segurança e soberania alimentar e nutricional, vem a apoiar as afirmativas contidas na Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica, (PNAPO), 2012, e o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (PLANAPO), que tem como desafios, dentre outros, a ampliação do número de agricultores e produtores envolvidos com a produção orgânica e de base agroecológica, como também, o desenvolvimento da agenda de pesquisa e extensão rural, os quais permitam a socialização do conhecimento agroecológico para técnicos, agricultores e produtores. O presente trabalho teve como proposta a tabulação e análise de dados e ações decorrentes do contrato AG.RJ.0000032-15, fruto da Lei de ATER, que veio a atender a demanda de assistência técnica para a produção orgânica e de base agroecológica para o estado do Rio de Janeiro e sobre esta, estabeleceu-se um breve paralelo com os macrodesafios, eixos e metas do PLANAPO decorrentes das diretrizes do PNAPO, objetivando evidenciar a importância e suficiência da Assistência Técnica e Extensão Rural nos moldes contratados, quanto à promoção, longevidade e sustentabilidade da agricultura familiar nesses sistemas de produção.

O Bioma Cerrado é de grande importância para conservação dos recursos hídricos e da biodiversidade. Mapeamentos mostram que 50% da área deste bioma estão degradados. Neste contexto ações e medidas de recuperação de áreas degradadas são essenciais para superar os vários desafios ambientais da modernidade. O “Plantando Futuro” é um programa do estado de Minas Gerais que está realizando o plantio de mudas de diversas espécies florestais em regiões selecionadas, visando a recuperação de áreas degradadas. O presente trabalho tem como objetivo fazer um monitoramento e avaliação dos plantios realizados na região da Serra do Espinhaço. Para tanto o trabalho foi realizado em cinco áreas de plantio em São Gonçalo do Rio das Pedras no município de Serro, MG. Nas áreas de plantio foi feita a análise de fertilidade do solo e a descrição das características silviculturais das espécies plantadas. Na avaliação do plantio foram analisadas as taxas de sobrevivência e taxas de cobertura do solo em 3 parcelas de 10 m x 10 m escolhidas ao acaso em cada uma das cinco áreas. Ainda nas cinco áreas foram escolhidos ao acaso 15 indivíduos de seis espécies de rápido crescimento, e avaliados quanto a diâmetro de colo, altura e diâmetro de copa. Para avaliar diferentes formas de manutenção das áreas foi realizado experimento em blocos com 4 tratamentos: Coroamento e roçada, coroamento, roçada e cobertura com palhada, coroamento, roçada e cobertura com papelão e a testemunha em 4 das cinco áreas. Foram realizadas 4 medições a cada seis meses durante dois anos e feita análise de variância a 5% pelo teste Tukey. A taxa de sobrevivência média ao final do experimento foi de 52,9%, na melhor área foi 85,9% e na pior 30,5%, taxas de cobertura do solo abaixo de 2,5% para todas as áreas.  A cobertura com papelão foi significativamente maior que os outros tratamentos em relação a taxa de sobrevivência e teve diferença entre a taxa de sobrevivência das espécies estudas. Foram feitas entrevistas com os proprietários sobre o histórico da propriedade e adesão ao projeto, sendo que a maioria deles aprovaram e acharam importante o projeto, e já tinham a intenção de fazer o reflorestamento. 

        Cortes e contingenciamento de verbas foram pautas avaliadas e discutidas no cenário político brasileiro no ano de 2019.  Senado e Câmara dos deputados avaliaram e definiram articulações socioeconômicas viáveis – ou não tão - para gestão econômica do país que sofre profunda crise econômica desde meados da década. O IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor – considera que a inflação brasileira oficial no ano de 2019 foi 4,31% maior que a meta para o mesmo ano, que era de 4,25% (IBGE). Os reflexos destes gargalos econômicos foram observados nos aumento no preço da carne que sofreu reajustes no final de 2019. O atendimento claro aos interesses de demandas ruralistas e corporativas torna a economia brasileira a falhar e altos índices de inflação registram-se neste período. Além disso, o aumento dos registros dos agrotóxicos pelo MAPA (Ministério da Agricultura) e do uso dos agrotóxicos na agricultura e produção animal, e, os cortes de recursos nas instituições ambientais para manutenção de pesquisas e desenvolvimento cientifico e tecnológico e de políticas públicas para a agricultura familiar e pequenos agricultores no campo ambiental, educacional e nutricional, tornam a discussão sobre os princípios da Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) necessária. A comunidade acadêmica da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) no campus de Seropédica tem proposto diversos debates abordando a consciência de consumo. Diante disto, através de uma política institucional ligada à Extensão Universitária, em 2015 aprovou-se o projeto intitulado “Fortalecimento da agricultura familiar na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro: construção de mercados e assistência técnica para o desenvolvimento local sustentável” (PFAF), que posteriormente tornou-se um programa composto por eixos de desenvolvimento, sendo um deles o eixo consumo consciente. O objetivo geral deste trabalho foi estabelecer a configuração do portal virtual do programa, a fim de obter um maior envolvimento da comunidade acadêmica e dos agentes externos com as temáticas que envolvem a Educação para o consumo consciente. Um dos objetivos específicos foi a construção do conteúdo sobre consumo consciente no portal do PFAF.  A metodologia deste trabalho utilizou a plataforma Wordpress para desenvolvimento da gestão de conteúdo e a plataforma Google Analytics para obtenção dos resultados métricos quantitativos. Os resultados obtidos neste estudo confirmam uma maior interação dos indivíduos com as ações do projeto e com a plataforma virtual. De acordo com resultados obtidos neste trabalho, os dados da Taxa de Rejeição e do Tempo de Acesso foram positivos na página “Consumo Consciente”, comprovando assim que a comunicação entre as partes envolvidas foi efetuada com sucesso.

Com o crescente processo de urbanização, a prática de Agricultura Urbana

(AU) vem ganhando destaque no cenário nacional, principalmente em grandes

cidades como o Rio de Janeiro, devido a sua capacidade de produzir

alimentos, melhorar a qualidade de vida e promover a soberania e segurança

alimentar e nutricional (SAN) das populações urbanas. Outro fator importante é

a geração de trabalho e renda para as famílias através da comercialização do

excedente da produção. O canal de comercialização mais utilizado na AU é a

venda direta em feiras livres. A possibilidade de comercializar os alimentos,

principalmente em feiras orgânicas/agroecológicas, valoriza e estimula o

trabalho dos agricultores urbanos, invisibilizado pelo poder público. O objetivo

da pesquisa foi caracterizar o perfil dos agricultores urbanos e sobretudo,

compreender a importância das feiras para a comercialização e o

fortalecimento da AU no município do Rio de Janeiro. Para isso, foram

escolhidas as técnicas de entrevista e observação participativa na coleta de

dados. Os resultados encontrados demonstram o protagonismo da mulher na

AU, representando 73,3 % dos entrevistados, a concentração de agricultores

na faixa etária entre 50 e 69 anos e o histórico familiar na agricultura, 100 %

dos entrevistados são filhos/netos de agricultores. Foi constatado que 60,0 %

dos entrevistados tem outra fonte de renda e que o agricultor que não possui

outra fonte de renda, comercializa os alimentos em mais de um local. Dessa

forma, pode-se inferir que aqueles agricultores que comercializam em mais de

um local, conseguem através da AU gerar renda para o sustento da família.

A agroecologia e as práticas conservativas e regenerativas do solo da agricultura orgânica apresentam-se como resistência e como alternativa sustentável à chamada “Revolução Verde” e seus reflexos negativos sistêmicos que vão desde a falência e o êxodo rural de milhões de agricultores familiares, contaminação das aguas e solos, diminuição da biodiversidade (erosão genética) e da soberania alimentar e nutricional, até a contribuição efetiva para as mudanças climáticas atuais. Nesse contexto, os bokashis (adubos compostos fermentados) e biofertilizantes líquidos são instrumentos importantes para a agricultura familiar no manejo do sistema orgânico de produção já que podem, com a ação dos microrganismos, trazer benefícios à fertilidade do solo, desenvolvimento e proteção das plantas, produtividade e qualidade dos cultivos. O objetivo do estudo foi avaliar os efeitos de bokashis e biofertilizantes líquidos no cultivo do milho BRS Eldorado. O experimento foi conduzido em condições de campo, em área considerada improdutiva pelos agricultores, no assentamento da reforma agraria Terra Prometida, Baixada Fluminense, RJ. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados com cinco tratamentos e quatro repetições totalizando vinte parcelas experimentais de 9,6m² e 80 plantas cada. Os tratamentos consistiram de: Bokashi Padrão (BP); Bokashi Alternativo (BA); Biofertilizante Bokashi Alternativo (BFBA); Biofertilizante Mix (BFMix) e Testemunha (T, sem adubação). Na composição dos diferentes bokashis e biofertilizantes foram usados insumos comerciais como torta de mamona e farelo de trigo, e também resíduos alternativos locais como: casca de banana, bagaço de malte, borra de café, esterco bovino, pó de rocha e arroz cozido fermentado em serapilheira. Foram medidas as seguintes variáveis: Altura do milho aos 60 dias após o plantio (Altura 60 DAP); diâmetro das espigas (DE); comprimento das espigas (CE); produtividade média das espigas com potencial comercial (ProdEsp). Foram analisados também os teores dos nutrientes N, P, K, Mg e Ca, separadamente na espiga (milho+sabugo) e na palha do milho. Os tratamentos propostos no estudo apresentaram diferença significativa na Altura 60 DAP, se comparados com a testemunha (sem adubação). Os tratamentos Bokashi Alternativo e Biofertilizante Bokashi Alternativo proporcionaram uma maior acumulação de K na palha do milho quando comparado aos outros tratamentos propostos no estudo (BP e BFMix), entretanto são necessários estudos complementares já que a testemunha (T, sem adubação) apresentou acumulação semelhante. Foram realizadas vivencias rurais de compartilhamento de conhecimentos com agricultores do assentamento e no final do projeto foi elaborada, em linguagem acessível aos agricultores, uma cartilha com instruções práticas para elaboração de bokashis e biofertilizantes de baixo custo.

O Brasil é o primeiro produtor mundial de maracujá, por este motivo justifica-se a busca por melhorias no sistema de cultivo dessa fruteira a fim de melhorar a produtividade e facilitar o manejo para o pequeno produtor rural. No Brasil o maracujazeiro encontra excelentes condições para a produção. Estima-se que 80% da produção mundial de maracujá provêm do Brasil, sendo exportado para outros países em forma de fruto ou em suco concentrado. O sombreamento pode criar um microclima que interfere no crescimento das plantas, ajudando a proteger contra as possíveis adversidades climáticas. O objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito de diferentes telas de sombreamento no desenvolvimento de mudas de sete diferentes materiais genéticos de maracujazeiros. Foram avaliados: Maracujá Roxo; os amarelos azedos: cv. FB200 e cv. FB300; maracujá roxinho (nativo da mata atlântica); maracujá setácea; maracujá doce e uma cultivar desconhecida, colocados para germinar e crescer à pleno Sol (100% de exposição à luz solar), submetidos à telado preto (46%), telado branco (5%), telado preto (40%), telado vermelho (5%), telado preto (57%) e telado prata (46%). O experimento foi realizado no Instituto de Agronomia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. As variáveis estudadas foram: altura do hipocótilo das plântulas de maracujazeiro, altura das plântulas, número de folhas e porcentagem de germinação das sementes das diferentes cultivares. As telas influenciaram no microclima e nas variáveis de crescimento do maracujazeiro. De acordo com os resultados a tela prateada proporcionou o melhor desempenho dos maracujazeiros estudados que as demais telas.

O Quilombo do Gurutuba forma um contingente de 895 famílias quilombolas, dispersos em 30 núcleos populacionais, distribuídos em sete municípios da região norte de Minas Gerais. Com advento das políticas desenvolvimentistas na região, a comunidade assistiu a um processo agressivo de degradação ambiental e expropriação territorial, ao ponto que, atualmente estão sob posse de apenas 3% do seu território. No anseio da titulação do território, a comunidade se encontra em vias de construção do seu Plano de Etnodesenvolvimento. Neste contexto, a presente pesquisa foi concebida no intuído de caracterizar de forma participativa o território quilombola do Gurutuba, os vetores de pressão e degradação e, fazer um zoneamento da área de forma a permitir o resgate dos serviços ecossistêmicos e a qualidade de vida da população local. A Cartografia Social se apresenta como estratégia metodológica para construção de um conhecimento integral sobre o território, fazendo uso de instrumentos variados de pesquisa participativa. A apesar de sucessivas pressões sobre população e território, revela-se como resultado a resiliência de uma comunidade que mantem viva a territorialidade. O direito dos gurutubanos ao território é condição vital para a conservação da agrobiodiversidade; para tanto, é interesse do Estado e de toda sociedade civil.

Localizada nos contrafortes da Serra dos Tapes, a Escola Técnica Estadual  de Canguçu recebe alunos de vários municípios da região. O Curso Técnico em Agricultura da Escola tem projetos de referência nas áreas de produção animal e vegetal. Além da produção de grãos, frutas e pastagens a Escola possui uma horta diversificada, com área de 1 hectare tem propósito didático e produtivo e que nos últimos tempos vem sendo manejada com poucos insumos externos. Adubos químicos solúveis, herbicidas à base de glifosato e iscas formicidas foram os únicos produtos químicos utilizados. O processo de conversão da horta da escola para um sistema orgânico de hortaliças, utilizando recursos de compostagem e adubação verde em diferentes arranjos entre aléias e cercas vivas, além de formulações de substratos e produção de mudas pretende gerar  informações e consolidar um modelo que inspire  estudantes, técnicos e agricultores à  adoção de técnicas  de produção orgânica de hortaliças.

O cultivo comercial do lúpulo (Humulus lupulus L., Cannabaceae) é relativamente novo no Brasil se compararmos com países da Europa, como Alemanha, e da América do Norte (Estados Unidos da América, principalmente), os quais são os principais produtores e exportadores de lúpulo peletizado, cujo principal mercado é o setor cervejeiro. No Brasil, a importância da flor feminina dessa planta, chamada de cone, é usada in natura para fabricação de cerveja artesanal, ganhou notoriedade a partir de cultivos nas regiões sul e sudeste. No estado do Rio de Janeiro, o cultivo do lúpulo vem ganhando espaço em municípios da região serrana, particularmente Nova Friburgo e Teresópolis, interessados em atender a demanda interna das cervejarias artesanais. Todavia, problemas fitossanitários associados a essa cultura já vem sendo detectados por produtores e técnicos que os assistem, mas poucos registros técnico-científicos de artrópodes como pragas associadas a essa cultura no Brasil foram encontrados na literatura. Contudo, espécies pragas-chaves do lúpulo cultivado em outros países são conhecidas. Essas observações levantaram a necessidade de responder as seguintes questões técnico-científicas: (1) a artropodofauna fitófaga associada ao lúpulo no Brasil é a mesma que em outros países? E (2) alguma espécie de artrópode fitófago de ocorrência no Brasil é mais comumente encontrado nos cultivos comerciais de lúpulo? Nesse contexto, esse estudo foi desenvolvido com os seguintes objetivos: (1) identificar as espécies da artropodofauna fitófaga (ácaros e insetos) associadas às folhas de H. lupulus (lúpulo), bem como possíveis insetos predadores, em mudas ou plantas adultas nos municípios de Cachoeiras de Macacu, Cordeiro, Nova Friburgo e Seropédica, RJ e (2) avaliar os níveis de infestação do artrópode que infesta mais comumente as folhas de variedades de lúpulo nos plantios comerciais em Cordeiro e Nova Friburgo, e identificar possíveis insetos predadores. Inspeções fitossanitárias foram feitas nas plantas de lúpulo, com auxílio de lupa bolso de 20x, e uma vez detectado artrópodes, as folhas infestadas foram coletadas para identificação no laboratório, onde alguns insetos coletados ainda na fase imatura foram criados para observar seu desenvolvimento e obter o adulto para identificação, e por vezes, dados biológicos. Os resultados obtidos durante o período de estudo (03/julho/2019 a 21/janeiro/2020) mostram que o lúpulo serve de planta hospedeira de artrópodes fitófagos das classes Arachnida (subclasse Acari) e Insecta [ordens Hemiptera (Aetalionidae e Aleyrodidae) e Lepidoptera (Noctuidae)], e que algumas dessas espécies fitófagas estão associadas com insetos predadores. O ácaro rajado, Tetranychus urticae Koch (Acari: Tetranychidae), considerada praga-chave nos países que tradicionalmente cultivam lúpulo, também infesta lúpulo no Brasil, mas seu potencial como praga-chave de plantios comerciais de lúpulo precisa ser futuramente melhor investigado. Os níveis de infestação do ácaro rajado foram maiores em Nova Friburgo do que em Cordeiro. Esse ácaro fitófago infestou as cinco variedades de lúpulo avaliadas (Brazylinsk, Cascade, Hallertau, Saaz e Victoria) em ambos locais, mas não houve diferença nos seus níveis de infestação entre as variedades. Os insetos predadores do ácaro rajado identificados foram os tripes do gênero Scolothrips Hinds [S. sexmaculatus (Pergande) e S. pallidus (Beach) (Thysanoptera: Thripidae)] e joaninhas do gênero Stethorus Weise (Coleoptera: Coccinellidae). Frankliniella gemina Bagnall (Thysanoptera: Thripidae) foi outra espécie de tripes identificada, mas possui hábito fitófago, sendo pouco frequente e ocorrendo em número muito reduzido. O lúpulo é registrado pela primeira vez como planta hospedeira da cigarrinha-das-fruteiras, Aetalion reticulatum (Linnaeus) (Hemiptera: Aetalionidae) no Brasil, onde está associada a 74 espécies vegetais, distribuídas em 32 famílias. Dessa forma, esse resultado amplia a série hospedeira dessa cigarrinha. Observou-se ainda a interação de agregações de A. reticulatum com Trigona spinipes (Fabricius) (Hymenoptera: Apidae). Trialeurodes vaporariorum (Westwood), que é uma espécie praga de lúpulo na Nova Zelândia, é registrada pela primeira vez infestando folhas de lúpulo (variedades Hallertau e Saaz) no Brasil, mas o seu potencial como praga precisa ser ainda investigado. Este é o primeiro registro de lúpulo como planta hospedeira de outras 14 espécies de moscas brancas das subfamílias Aleurodicinae e Aleyrodinae distribuídas entre nove variedades de lúpulo inspecionadas (Brazylinsk, Cascade, Chinook, Columbus, Hallertau, Nugget, Saaz, Spalt e Victoria). O lúpulo é também registrado pela primeira vez como planta hospedeira de larvas de três espécies de Lepidoptera (Noctuidae, Noctuinae): Elaphria agrotina (Guenée), Spodoptera dolichos (Fabricius) e Spodoptera eridania (Stoll), as quais foram capazes de se alimentar de folhas de lúpulo, sendo que essa última foi predada por larva de Ceraeochrysa cornuta (Navás) (Neuroptera: Chrysopidae) em condições de campo. Conclui-se que apenas Tetranychus urticae e Trialeurodes vaporariorum foram as únicas espécies fitófagas de ocorrência comum em outros países associadas ao lúpulo, sendo que a primeira é mais frequentemente encontrada nos plantios comerciais de lúpulo em Nova Friburgo e Cordeiro.

Os efeitos do aquecimento global no planeta são dramáticos e cada vez mais se tornam urgentes ações que contribuam na construção do desenvolvimento sustentável local. Foi através dessa premissa que essa pesquisa se desenvolveu. Essa pesquisa é um recorte do projeto aprovado pela Comissão de Ética e Pesquisa (COMEP) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - UFRRJ (Resolução 466/12, Protocolo n°797/2016). Foi realizado o Programa de Educação Ambiental com o apoio da Associação Pró-Gestão das Águas bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do sul, AGEVAP, e da Prefeitura Municipal de Queluz e trabalhou com a comunidade local, através de Palestras, Cursos, Cines e Programas de Rádio ao longo do ano de 2018, com o intuito de sensibilizar e mobilizar a comunidade de Queluz, SP, nas principais questões ambientais nas áreas de Recursos Hídricos, Saneamento Básico, Biodiversidade e Desenvolvimento Sustentável, onde através da intersetorialidade, as secretarias de educação, administração, saúde e social, envolveram os seus funcionários nas atividades acima propostas. O Programa de Educação Ambiental teve os seguintes resultados: 106 pessoas capacitadas nos Ciclos de Palestras entre elas, 55 professores da rede municipal, 03 alunos da rede estadual, 33 funcionários da limpeza pública,10 agentes comunitários de saúde da família e 05 da comunidade; 200 alunos capacitados nos Cursos de Meio Ambiente; 1088 pessoas sensibilizadas com os Cines Ambientais, sendo elas: estudantes, assistidos dos Programas bolsa família e ação jovem e 09 pessoas capacitadas na Oficina de Educomunicação que realizaram 04 Programas ambientais para a Rádio Local Comunitária, onde os Programas tiveram um alcance médio de 6.000 ouvintes. Eles participaram dos Programas nas temáticas acima descritas veiculados durante o mês de agosto de 2018 e interagiram com a Rádio. E ainda, o trabalho teve como objetivo a produção de alimentos mais saudáveis, isentos de agrotóxicos e insumos químicos, proporcionando um alimento de qualidade e mais seguro, fortalecendo a Segurança Alimentar e Nutricional para os alunos do Programa de Alimentação Escolar, PNAE, e os consumidores. A pesquisa diagnosticou um grupo de pequenos produtores local que, em sua maioria, entregam os seus produtos para o PNAE. Foi avaliado o perfil socio cultural; o perfil econômico; as técnicas de produção e a transição agroecológica. Na avaliação das técnicas de produção, houve a parceria de uma produtora entusiasta no desenvolvimento da agricultura orgânica que cedeu uma agrônoma para diagnosticar e capacitar o grupo em visitas semanais durante o período de maio de 2019 a fevereiro de 2020. As técnicas trabalhadas foram: a promoção da biodiversidade, o manejo do solo e o manejo de pragas e doenças. Na transição agroecológica foi realizada a avaliação e o tempo para a conversão total da propriedade.  Nesse processo foi construído com o grupo O Plano de Manejo para cada propriedade e o Caderno do Plano de Manejo do Ministério de Agricultura e Pesca (MAPA) norteou o plano. A finalidade do projeto de um modo geral, de sensibilizar o público foi atingida, porém para alavancar o Desenvolvimento Sustentável será preciso que as ações tenham continuidade.

O objetivo geral do trabalho foi formular ração balanceada com batata-doce em substituição ao ingrediente milho, a fim de testar a qualidade dos ovos gerados a partir desta alternativa para a alimentação de poedeiras em sistemas orgânicos. Avaliou-se também o desempenho produtivo dos animais, monitorando peso, quantidade de ovos e porcentagem de postura em ciclos de 21 dias. O experimento ocorreu ao longo de 84 dias com coletas em ciclos fazendo-se o comparativo de qualidade entre lotes que receberam ração idêntica a formulada pela maioria das indústrias, e outros lotes que receberam ração composta por farinha de batata-doce na composição energética. Os animais foram mantidos em alojamentos adequados à produção orgânica respeitando-se o bem-estar animal, com controle de ganho de peso e monitoramento da saúde em geral. Para os parâmetros produtivos testados, conversão alimentar, porcentagem de postura e massa de ovos, as aves de postura Rubro Mista em segundo ciclo de postura, quando alimentadas com farelo de batata-doce, apresentaram baixos índices produtivos quando comparados com animais alimentados com farelo de milho compondo a parte energética da ração. Para a variável ganho de peso a resposta de ambos os tratamentos não apresentaram significância estatística, evidenciando o não comprometimento da condição corporal dos animais que se alimentaram de FBD.
Ao testar a qualidade externa dos ovos de animais sob dieta com FBD para os parâmetros peso de ovos, espessura de casca e porcentagem de casca, os mesmos não apresentaram resultados inferiores aos animais alimentados com FM, evidenciando que, a maioria dos parâmetros de qualidade externa não são afetados negativamente ao substituir o FM por FBD na ração de poedeiras Rubro Mista. Já para a variável peso de casca o tratamento com farelo de milho apresentou melhores resultados.
Para os parâmetros de qualidade interna de ovos, as variáveis altura de albúmen, coloração de gema, unidade haugh, porcentagem de gema, porcentagem de albúmen, índice de gema, ph de albúmen e ph de gema, foram encontrados resultados semelhantes estatisticamente para ambos os tratamentos. Demonstrando que, para estes parâmetros internos a FBD tem resultado análogo à alimentação com FM. Entretanto, para os parâmetros altura de gema, peso de gema e diâmetro de gema, os animais submetidos ao tratamento com FM apresentaram resultados superiores.
Observando os resultados, sugere-se que, para entender melhor o desenvolvimento das aves de postura sob dieta energética alternativa, é importante realizar pesquisas por mais tempo, para avaliar o comportamento das diferentes fases de produção sob dieta com batata-doce. É importante que diversas raças sejam submetidas a tratamentos alimentares alternativos, fim de se estudar a resposta aos tratamentos sob genéticas distintas. A ração de farinha de batata-doce não pode ser recomendada utilizando-se 100% de substituição ao milho, devido a variação encontrada nos padrões de qualidade dos ovos durante a pesquisa.

Novos modelos de agricultura são necessários para promover a produção sustentável de alimentos e a conservação dos solos. A agroecologia surge como um modelo de produção mais sustentável, onde seus princípios norteiam, ao mesmo tempo, a promoção socioeconômica dos agricultores familiares e a conservação ambiental.Os sistemas agroflorestais surgem como uma alternativa de produção que combina o cultivo de espécies anuais e perenes, promovendo equilíbrio e biodiversidade. O cultivo da mandioca para produção de farinha e para consumo é uma atividade econômica que envolve a maioria das famílias de agricultores do município de Aratuípe e Teixeira de Freitas sendo importante não apenas para a renda familiar, mas também como atividade cultural. Atualmente, o plantio de mandioca nessas regiões, consiste na derrubada e queima de áreas de capoeira, seguido de aração e gradagem, gerando desgaste e compactação do solo. Assim, torna-se essencial para essas regiões novas técnicas de cultivo menos prejudiciais ao meio ambiente. O objetivo deste trabalho foi analisar, de forma participativa, a perspectiva de agricultores e agricultoras com relação à implantação de sistemas agroflorestais biodiversos, utilizando Unidades Demonstrativas como instrumento de sensibilização e discussão do tema. Constatou-se que Unidades Demonstrativas de SAF estabilizadas e produtivas são essenciais para estimular os agricultores a implementar esses sistemas em suas Unidades Produtivas. 

A Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) é fundamentada no direito de todos a uma alimentação saudável, de qualidade, que seja acessível, em quantidade suficiente e de modo permanente. Ela é baseada em práticas alimentares que promovem saúde, sem comprometer o acesso a outras necessidades básicas e essenciais, respeitando características culturais de cada região. Contudo, muitos são os fatores que afetam a condição de segurança alimentar e nutricional, dentre eles estão, a produção agrícola, o comercio, a qualidade dos alimentos, a qualidade da água, os serviços de saneamento, a cultura alimentar local, a governabilidade, a estabilidade política, etc. O objetivo do presente estudo foi descrever e analisar o Programa de Aquisição de Alimentos - PAA e o Programa Nacional de Alimentação Escolar - PNAE enquanto políticas de fortalecimento da agricultura familiar e construção da Segurança Alimentar e Nutricional no município de Crato-CE. O estudo foi realizado entre os meses de julho de 2017 e fevereiro de 2018. Procedeu-se estudo de caso segundo técnica quali-quantitativa por meio de levantamento bibliográfico e documental e entrevistas semi-estruturadas.  Essa pesquisa é um recorte do projeto aprovado pela Comissão de Ética e Pesquisa (COMEP) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - UFRRJ (Resolução 466/12, Protocolo Nº n°797/2016. O PAA teve início no ano de 2014 no município de Crato, contando com um número expressivo de 44 produtores cadastrados. No ano de 2017, o quantitativo de alimentos fornecidos ao PAA pela agricultura familiar, destacam-se a banana (4923,00 Kg), macaxeira (2517,00 Kg), milho verde (1998,00 Kg), batata doce (1210,00 Kg), Abóbora (1187,30 Kg) e cheiro verde (1157,40 Kg), que possuem um maior quantitativo em quilos. Já o PNAE dos dados disponibilizados  pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE, nos anos de 2012, 2014, 2015 e 2016 o percentual de compras de gêneros alimentícios atendeu de forma efetiva o estabelecido pela Lei 11.947 de 16 de junho de 2009, que determina que 30% do valor total dos repasses devem ser destinados a compra de gêneros alimentícios oriundos da agricultura familiar, cujos percentuais foram de  31,45%, 31,11%, 34,35% e 30,41% respectivamente, no entanto nos anos de 2011 e 2013 o município de Crato não conseguiu atender a Lei 11.947, apresentando valores de 5,46% e 18,97% respectivamente. O processo de fortalecimento da aquisição de alimentos diretamente da Agricultura Familiar pelos programas PAA e PNAE é complexo no município do Crato, pois sua efetiva realização requer uma série de condições que envolvem estímulo, monitoramento, fiscalização e apoio para efetivação de políticas para que superem as condições do campo de atuação das esferas políticas adentrando no contexto social e produtivo entrelaçando-se em prerrogativas que condizem com melhorias na qualidade de vida de todos os envolvidos. Sendo assim, espera-se que este estudo venha a contribuir para reformulação e reestruturação de ações governamentais e políticas públicas voltadas para SAN, suprindo as deficiências ainda existentes como também preenchendo as lacunas ainda constantes neste sistema.

Ainda uma ciência não conhecida amplamente, a homeopatia vem sendo estudada também através de suas aplicações na agricultura e na pecuária, sendo sua utilização permitida pela lei em sistemas orgânicos de produção. O que se tem de conhecimentos específicos sobre o tema, encontra-se disperso e não tão acessível aos produtores rurais, especialmente no Estado do Rio de Janeiro. Neste sentido, o presente estudo teve como objetivo levantar quais as culturas produzidas no âmbito dos/as agricultores/as associados à ABIO – Associação de Agricultores Biológicos do Estado do Rio de Janeiro, além de levantar também seus respectivos problemas fitossanitários e propor possíveis soluções através do uso da homeopatia e preparados ultra diluídos. O levantamento foi conduzido através da análise dos Planos de Manejo Orgânico, utilizando somente os escopos de produção vegetal, totalizando 315 Plano de Manejo Orgânico. Através dos municípios informados, foi feito mapeamento com as principais culturas e desequilíbrios encontrados, bem como uma proposta com as formas de controle encontradas na literatura. Outras ações transversais foram sendo executadas desde o início do projeto, como oficinas práticas dentro dos grupos do SPG ABIO e também de um Seminário de Homeopatia na Fazendinha Agroecológica km 47 em Seropédica-RJ. Será elaborado e publicado material didático em forma de cartilha com os resultados do levantamento e as propostas homeopáticas encontradas na literatura, a fim de propiciar aos produtores mais uma fonte de informação com linguagem acessível.

As pitaieiras do gênero Hylocereus são cactáceas epífitas vascularizadas que, originariamente, se desenvolvem na camada superior das florestas das Américas. Nestas florestas estas plantas buscam as melhores condições dentro do complexo e do diverso dossel arbóreo. Portanto, é preciso estar atento a sua condição de origem, sobretudo o nível sombreamento ou interceptação da luz solar nos seus cultivos comerciais. A pitaia produzida pela espécie Hylocereus undatus, adotada no presente estudo, é de casca vermelha e polpa branca, relativamente grande, bastante apreciada e vem ganhando destaque no mercado de frutas in natura. Assim, avaliou-se ao longo do primeiro ano de cultivo, o comportamento vegetativo da fruteira citada sob diferentes níveis de sombreamento e em consórcio com a bananeira em sistema orgânico de produção. O delineamento estatístico adotado foi em blocos casualizados (DBC) com quatro tratamentos de sombreamento: (1) consórcio: banana + pitaia, (2) sob sombrite com 50% interceptação da luz solar, (3) sobre sombrite com 30% interceptação da luz solar e (4) a sol pleno, com cinco repetições. Os resultados apontaram que o maior nível de interceptação da luz solar favoreceu o crescimento inicial das pitaieiras.

Objetivou-se com esse trabalho, avaliar em clima característico do semiárido, o crescimento de espécies de pitaieiras, nas seguintes condições: sub-bosque da vegetação nativa; sobre cobertura de sombrite com 50% de interceptação da luz solar e em regime de insolação plena, visando uma alternativa de geração de renda para o agricultor familiar. O delineamento adotado foi em blocos ao acaso, com quatro tratamentos, ou seja, diferentes espécies de pitaieiras: (1) pitaya-vermelha-de-polpa-vermelha (Hylocereus costaricensis), (2) pitaya-vermelha-de-polpa-branca (Hylocereus undatus), (3) pitaya-nativa do Cerrado (Selenicereus setaceus) e (4) espécie nativa (Selenicereus spp), com quatro repetições ou blocos, sendo quatro plantas úteis por parcela. Para o plantio das estacas foram preparadas covas nas dimensões de 0,40 X 0,40 X 0,40 m, com espaçamento de 2,5m entre linhas e 2m entre plantas na mesma linha. Manejou-se o crescimento de cada planta, deixando seguir apenas dois brotos e acompanhou-se o comprimento destes brotos ao longo de um ano de cultivo, bem como da altura total relativa ao solo. Os dados foram submetidos à análise de variância utilizando-se o programa Rbio. Os resultados possibilitaram concluir que no ambiente em Sub-bosque da vegetação nativa, a maior taxa de sobrevivência das estacas implantadas se dá para a espécie Selenicereus setaceus e a menor para a Hylocereus costaricensis; e ainda, as quatro espécies de pitaieiras, neste ambiente, têm, depois de 12 meses de cultivo, crescimento vegetativo similares. No ambiente com cobertura de sombrite, para as quatro espécies testadas, próximo de 100% das estacas implantadas crescem e a espécie Hylocereus costaricensis tem o maior desempenho em crescimento vegetativo. Em regime de insolação plena ocorre grande mortalidade das pitaieiras, não permitindo fazer melhores análises do seu comportamento; ainda nesta situação, a espécie nativa do Cerrado demostra maior tolerância, enquando a Hylocereus costaricensis é a mais sensível. Assim, o sombreamento aumenta o percentual de sobrevivência e favorece o crescimento inicial das pitaieiras cultivadas nas condições do semiárido brasileiro.

O Brasil passou por um intenso processo de industrialização da agricultura a partir da segunda metade do século XX. A agricultura industrial definiu as condições de acesso a terra e produção agrícola do país. Altamente excludente, com o passar do tempo esse modelo apresentou sinais de deterioração forçando a busca por alternativas sustentáveis de produção. Os movimentos agroecológico e de luta pela terra e o governo travaram intenso debate em torno da construção de políticas públicas de acesso a terra e de fomento ao desenvolvimento sustentável, tendo na agroecologia seu embasamento teórico. Como resultado desse diálogo em 2012 o Decreto nº 7.794/2012  instituiu a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica, um dos principais instrumentos de gestão da política é o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica-PLANAPO. O PLANAPO articulou diversas estruturas de governo em torno da agroecologia e definiu metas a serem executadas entre no período de   2013-2015. Esse trabalho se dedicou a avaliar a meta de assistência técnica de responsabilidade do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária-INCRA, mais especificamente avaliar como o PLANAPO impactou os serviços de assistência técnica oferecido pela autarquia a seu público beneficiário.  O INCRA tinha como meta oferecer assistência técnica agroecológica a 26 mil famílias beneficiárias do Programa Nacional de Reforma Agrária nos estados do Acre e Pará. O trabalho se apoiou na análise dos dados disponíveis no Sistema Informatizado de ATER (diagnóstico socioprodutivo realizado no momento de chegada dos serviços de assistência técnica nas áreas e relatórios das atividades executadas ao longo da vigência dos contratos de prestação de serviço momento de chegada  diagnóstico realizados dados secundários) e entrevistas por meio de questionários semiestruturados realizados com as lideranças  comunitárias das áreas estudadas. 

O cultivo da alface (lactuca sativa) é muito comum em todo o país, sendo uma importante fonte de renda, principalmente na agricultura familiar. A olericultura em Sergipe nos últimos anos vem alcançando aumento na produção, contribuindo assim para o equilíbrio da oferta e demanda no mercado interno, sendo Itabaiana um dos principais municípios produtores. Tal município está inserido no Território Agreste Central Sergipano e localizado na área central do Estado de Sergipe, sendo um dos principais destaques também na produção da alface. Este trabalho tem por objetivo avaliar parâmetros de crescimento da alface, sendo estes: volume de raiz (VR), diâmetro da parte aérea (DPA), matéria fresca total (MFT), matéria seca total (MST), comprimento da raiz (CR) e teor de nitrogênio na parte aérea (TN), numa área comercial de um agricultor da Associação dos Produtores Orgânicos do Agreste-ASPOAGRE. O experimento 1 teve início em 24/11/2018 e foi encerrado em 12/01/2019. Na primeira etapa foi avaliada parâmetros de crescimento da alface em condições de campo e na segunda foi avaliado os alguns parâmetros da fase de mudas. Na primeira etapa, o inoculante à base de Azospirillum teve influência positiva em praticamente todos os parâmetros analisados. Na segunda etapa o efeito de todos os tratamentos utilizados sobre a variável MF é similar. Entretanto na variável APA houve efeito significativo dos tratamentos utilizados, sendo que o tratamento G apresenta o maior valor médio quando aplicado e o menor quando aplicado o tratamento F.

As plantas espontâneas alimentícias são aquelas que nascem mesmo sem cultivo em canteiros de hortas, jardins, áreas de roça ou até mesmo entre concretos de calçada. Algumas plantas são nativas, porém muitas foram trazidas junto com plantas comerciais introduzidas no Brasil e se naturalizaram. Essas plantas, além de ter potencial alimentício possuem também um grande valor medicinal e são utilizadas tradicionalmente em muitas regiões do Brasil. Por serem espécies generalistas são capazes de prosperar numa ampla variedade de condições ambientais, sendo por tanto de fácil adaptação e disseminação. Resgatar o uso e fomentar a utilização dessas espécies de plantas, a fim de contribuir para a segurança e soberania alimentar, e despertar o conhecimento sobre a diversidade agrícola espontânea tradicional silvestre, tem importância muito significativa. Com a intenção de reconhecer a importância dessas plantas, o presente trabalho realizou um levantamento das principais plantas surgidas e cultivadas, em uma área de quintal urbano de 180 m². O levantamento foi realizado com base na identificação das espécies que surgem nesse espaço de quintal, onde foram observados os diversos fatores que qualificaram essas espécies como grandes contribuintes da subsistência familiar e promotoras da segurança e soberania alimentar. Com a caracterização dessas plantas, foi possível identificar também seus benefícios ecológicos e o seu favorecimento no ambiente de surgimento. A biodiversidade silvestre alimentícia nos apresenta inúmeras espécies possíveis de nos alimentar, que nos garante autonomia e qualidade nutricional. O desinteresse por esse saber é resultado de um modo de vida incentivado pela globalização, que gerou a busca preferencial por alimentos industrializados. No propósito de promover e valorizar essas plantas, esse trabalho realizou um experimento de adubação com Lactuca serriola , identificadas no levantamento, com características favoráveis de adaptação, de propagação, produtividade e potencial alimentício. O experimento foi realizado na mesma área do levantamento das espécies, sendo monitorado o desenvolvimento da Lactuca serriola em seu surgimento espontâneo. Foram mapeadas (20) plantas surgidas aleatoriamente dentro da área de 180m², no período de agosto de 2018 a maio de 2109. Para a avaliação de respostas sobre seu desenvolvimento e produtividade, utilizou-se nesse experimento dois tratamentos, (10) plantas receberam adubação orgânica e (10) plantas não receberam. Foram feitas análises do solo da área e do adubo utilizado. As respostas observadas , demonstram diferença somente no número de folhas, não sendo observado diferenças significativas nas demais características observadas.

A adubação verde é uma técnica que resulta na melhoria das condições físicas, químicas e biológicas do solo, protegendo-o contra erosão, e contribuindo para redução da dependência de insumos externos. Assim, é importante identificar espécies de adubos verdes mais adaptadas em cada região. Além disso, o uso de microrganismos eficientes (EM) pode potencializar o efeito benéfico da técnica de adubação verde.  Objetivou-se introduzir e analisar a produção de biomassa por crotalária juncea (Crotalaria juncea), mucuna-preta (Mucuna aterrina) e feijão-de-porco (Canavalia ensiformes) nas condições de Matias Barbosa-MG, determinar o efeito da adubação verde nas características agronômicas do milho-verde plantado em sucessão,sob plantio direto; e quantificar o efeito da aplicação de microrganismos eficientes em área cultivada com milho verde. Este trabalho foi realizado em sistema de produção familiar, no Sítio Irmão Coragem, entre outubro de 2016 a outubro de 2017, no município de Matias Barbosa (MG). Utilizou-se esquema de parcelas subdivididas no delineamento de blocos casualizados com três repetições. As variáveis analisadas nas leguminosas foram produtividade de biomassa e teor de macronutrientes.  Na cultura do milho foi avaliado peso total de espigas verde empalhadas, porcentagem de espigas verde despalhadas comercializáveis, produção de massa seca da palhada do milho, assim como seu teor de Nitrogênio. A cultivar de milho utilizada foi AG 1051. Os valores de produtividade de biomassa das leguminosas e de milho verde, assim como a porcentagem de espigas comercializáveis estão de acordo com a média nacional para cada variável. Esses resultados demonstram que as leguminosas estudadas apresentam boa adaptação às condições edafoclimáticas de Matias Barbosa. Com relação aos resultados do milho verde, os valores encontrados mostram que não houve resposta à adubação verde e nem ao uso de microrganismos.  Isso ocorreu, provavelmente, porque a adição de fitomassa das leguminosas, nesse primeiro ano de cultivo, foi insuficiente para afetar as características do milho verde avaliadas. 

No presente estudo realizou-se a caracterização e descrição da Feira ALUMIAR, organizada pela Associação Agroecológica e Agricultura Familiar de Lumiar e Arredores, que acontece todos os domingos de 9 às 14 h no distrito de Lumiar em Nova Friburgo-RJ. Realizou-se o levantamento das atividades desenvolvidas pela Associação ALUMIAR; caracterizou-se a estrutura e funcionamento da Feira; pesquisou-se o perfil socioeconômico dos feirantes e consumidores. A pesquisa descritiva foi desenvolvida a partir de levantamento bibliográfico e documental, utilizou-se a entrevista semiestruturada e questionários auto-administrados. Identificou-se as potencialidades e os gargalos da Feira Alumiar. A Feira possui 12 barracas, ocupadas por 23 feirantes. Os produtos comercializados foram organizados em quatro categorias de comercialização: agricultura, alimentação saudável, artesanato e bem estar e saúde. Na categoria agricultura, os sistemas de produção estão em conversão para agricultura orgânica com princípios da agroecologia, mas os alimentos ainda não passam por processo de avaliação da conformidade que permita a identificação como orgânicos. A Feira ALUMIAR se consolidou na comunidade como um espaço de consumo de produtos regionais, com qualidade – produtos frescos – e grande variedade. Além disso, é um espaço que fortalece o associativismo, valoriza a cultura local e proporciona a troca de conhecimentos por meio de oficinas, mutirões e relação direta entre feirantes e consumidores. A Feira é gerida com base em princípios bem definidos, e isso pode ser justificado pelo alto nível de escolarização da maioria dos feirantes, que possuem origem urbana. Ressaltou-se, no entanto, a necessidade de mais debate e diálogo entre os integrantes, sendo fundamental a participação de todos os feirantes da Associação ALUMIAR. Os resultados da pesquisa mostraram que são necessárias melhorias na estrutura da feira, principalmente quanto à limpeza e infraestrutura de barracas e banheiros, no entanto a localização é considerada adequada para 75% dos entrevistados. Com relação ao perfil dos consumidores, a Feira recebe tanto moradores do local quando turistas, ambos com demanda para o aumento de variedade de produtos e serviços. Foi constatado que existe uma relação de confiança entre feirantes e consumidores, mas a avaliação da conformidade orgânica dos produtos é importante para 77% dos consumidores entrevistados. A autora desta pesquisa juntamente com a coordenação da ALUMIAR construiu o Regimento Interno da Feira, contribuindo com a melhor organização, principalmente quanto a cumprimento de horários, contribuição financeira, e seleção de novos feirantes. Conclui-se que a Feira ALUMIAR tem um papel importante na comunidade como espaço coletivo de construção e valorização da agroecologia em Nova Friburgo.

Este trabalho teve como objetivo conhecer a situação atual do ensino técnico público profissionalizante em agroecologia no estado do Rio de Janeiro (ERJ), como contribuição para o mapeamento das iniciativas institucionais neste campo de conhecimento. A pesquisa consistiu em um inventário das escolas de nível médio que ofertam cursos técnicos de agropecuária e de agroecologia, no estado. Informa sua localização geográfica, o número atual de alunos matriculados nestes cursos, as modalidades de oferta, se os cursos de agropecuária possuem a disciplina de agroecologia inserida na matriz curricular, se as escolas pertencem à rede federal, estadual ou municipal, e, caso exista, a rede privada de ensino. Observou-se que em 2017 existiam 12 escolas técnicas ofertando cursos de agropecuária e agroecologia, federais, estaduais e municipais, e um total de 1.118 estudantes, sendo que 24% formandos em técnicos em agroecologia e 34% formandos em técnicos em agropecuária com a disciplina de agroecologia. O estudo mostrou que o ERJ apresentou números muito pouco expressivos no tocante à qualificação profissional de jovens na área da agroecologia, sendo que de um total de 92 municípios no estado do Rio de Janeiro, apenas dois possuem instituições ofertando o curso Técnico em Agroecologia, os municípios de Seropédica e Cambuci. Foi estudado o caso do Colégio Técnico da Universidade Rural (CTUR), pioneiro na criação do curso técnico em agroecologia no estado, privilegiado por sua inserção na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e parceria com a Embrapa Agrobiologia e Pesagro-Rio. Este caso é identificado como um projeto de resistência no cenário de desmantelamento da educação pública profissionalizante no campo das ciências agrárias no ERJ. Foram aplicados questionários semiestruturados em amostra de alunos do curso, a fim de conhecer o perfil dos estudantes e as suas expectativas em relação à sua futura atuação profissional. A pesquisa identificou que os estudantes do CTUR são, em sua maioria, adolescentes da cidade do Rio de Janeiro, ou seja, não são de origem rural. Apenas um terço dos estudantes informaram estarem otimistas em relação ao seu futuro profissional, possivelmente expressando o que estudiosos chamam de uma nova ruralidade ou possuindo expectativas de trabalho na área da agricultura urbana.

OLIVEIRA, Lázaro Ribeiro de. Caracterização das nascentes da Sub-bacia hidrográfica do Rio Gaviãozinho, Ba. 2018,147p. Dissertação (Mestrado em Agricultura Orgânica). Instituto de Agronomia, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, 2018.

O presente trabalho teve como objetivo caracterizar as nascentes da Sub Bacia hidrográfica do rio Gaviãozinho-Ba, além de avaliar a percepção dos agricultores em relação à conservação ambiental e a agricultura orgânica, visando subsidiar ações de manutenção das áreas preservadas e recuperação de áreas degradadas. As nascentes foram identificadas com o auxílio do sistema GEOBAHIA e do programa Google Earth, e posteriormente foram localizadas em campo utilizando o GPS modelo Garmin etrex 10. As nascentes foram classificadas quanto ao estado de conservação em cinco categorias: Npre, Nper1, Nper2, Ndeg1, Ndeg2. Além disso, identificou-se: a localização da área; coordenadas geográficas; tipo de nascente; presença de proteção; duração do fluxo; uso e ocupação do solo na área da APP e no entorno; principais perturbações. Para as nascentes que apresentaram fluxo de água foi mensurado sua vazão por meio do método da medição direta em tubulação de extravasamento. A fim de avaliar a percepção ambiental dos agricultores foram aplicados questionários semiestruturados contendo 27 questões a 25 agricultores. Foram visitados 74 pontos onde poderia haver uma nascente, sendo que, 52 deles tratavam-se de nascentes perenes, 4 eram nascentes temporárias e 18 cabeceiras de drenagem. Em relação ao estado de conservação das nascentes perenes, somente 20% encontravam-se preservadas, 33% estão perturbadas, sendo 29% classificadas na categoria Nper1 e 4% Nper2. O percentual encontrado de nascentes degradadas foi de 47%, onde 14% foram classificadas como Ndeg1 e 33% como Ndeg2. Observou-se um predomínio do uso do solo com pastagem nas APPs das nascentes degradadas. Nas nascentes perturbadas a associação entre floresta nativa e pastagem foi a que apresentou maior percentual (35%). Verificou-se o acesso direto de animais a 54% das APPs das nascentes perenes, sendo que, somente 8% do total de nascentes perenes encontravam-se devidamente protegidas. A supressão total ou parcial da vegetação nativa e o acesso de animais as áreas de APPs foram as ações antrópicas detectadas em maior percentual. As áreas de cabeceiras de drenagem, nascentes efêmeras e intermitentes, apesar de desempenharem importante papel na dinâmica hidrológica, encontravam-se num elevado grau de antropização. Quanto a percepção ambiental dos agricultores, 44% demonstraram reconhecer a importância das nascentes, principalmente para o fornecimento de água para o uso humano. Todos os entrevistados consideraram importante manter as matas ciliares das nascentes, havendo unanimidade em relação ao desejo de recuperara-las, além disso, a maioria (88%) mostrou-se disposto a participar de projetos de recuperação de nascentes. Questionados sobre qual medida a ser adotada para melhor proteger as nascentes, 36% dos entrevistados apontaram a manutenção a vegetação nativa, 24% apontaram o reflorestamento, 12% mencionaram o uso do cercamento, 12% citaram a educação ambiental, 8% apontaram o recebimento de incentivos financeiros, 8% citaram a necessidade de ações governamentais que apoiem e monitorem as ações de recuperação e 4% citaram o pagamento por serviços ambientais. Entre os entrevistados a maioria (76%) declarou já ter ouvido falar em agricultura orgânica. Indagados sobre o que entendem como agricultura orgânica, a maioria demonstrou desconhecer os vários atributos envolvidos na produção orgânica.

Os morangueiros são afetados por grande números de doenças, sendo as mais importantes bactérias, fungos da parte aérea e de solo. Entre estas doenças, uma de etiologia desconhecida o “vermelhão do morangueiro” (VM), tem promovido sérios prejuízos nos últimos anos aos  produtores de morango de diversas regiões, do país. Diante deste contexto desenvolveu-se dois estudos com objetivo de investigar a incidência do “vermelhão do morangueiro” (VM), cultivados em sistema de cultivo orgânico, na região do Sul de Minas Gerais. O delineamento utilizado foi de blocos casualizados (DBC), o campo experimental foi dividido em quatro blocos com quatro repetições e cinco tratamentos. O primeiro, estudo da incidência do VM, foi realizado em uma lavoura comercial, em sistema de produção orgânico, com manejo realizado com finalidade produtiva, sem repetição de tratamento, no município de Senador Amaral.  A variável avaliada foi a incidência e evolução do vermelhão em uma unidade de produção. Insumos utilizados: calcário, fosfato natural, cama de frango, urina de vaca e calda bordalesa, avaliando-se a incidência e evolução ao longo dos 180 dias após transplante. No segundo, o experimento foi conduzido e avaliado: incidência, evolução do VM e produção. Os testes de campo foram realizados com diferentes proporções entre os insumos: fosfato natural e pó de rocha e mesmas proporções entre hipoclorito de sódio, serrapilheira, microrganismos eficientes, calcário e resíduo vegetal de grama esmeralda, adubação verde milho + mucuna preta, avaliando-se  características  do vermelhão ao longo dos 240 dias de duração desta pesquisa.  A cultivar utilizada foi Oso Grande. Conforme os resultados obtidos, neste experimento a presença da doença vermelhão na cultura do morangueiro não foi expressiva, apresentando um baixo percentual de incidência para esta variável, com 0,29% 120 Dat, 2,94% 150 Dat, 4,12% 180 Dat, 4,41% 210 Dat e 4,41% 240 Dat. Verificou-se que o tratamento 1 (T1), foi superior aos demais com índice de incidência igual a 0 (zero). Para a variável produção, o tratamento que apresentou maior índice de produtividade, foi T2 > T3 > T1> T4 > T5. De forma geral, os resultados do experimento foram satisfatório e surpreendente, referente a sanidade. Não houve incidência de ácaros e pulgões, índice 0 (zero) e nem incidência da doença mais comum “Mycosphaerella fragariae”, com índice 0 (zero). Para Outras doenças ocorreu incidência a partir do sexto mês, mas com baixo índice, conforme mostrados nos gráficos. Os tratamentos propostos proporcionaram bons resultados referente a sanidade, com índice muito abaixo do esperado para a cultivar analisada. Provavelmente estes resultados foram devido ao uso da adubação verde, tratamento das mudas com hipoclorito de sódio, matéria orgânica e os microrganismos eficientes (EM)

O Programa Nacional de Alimentação Escolar é considerado estratégico para a construção de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) e tem proporcionado a reconexão entre alimentação escolar e a agricultura familiar. Entretanto, ainda são reduzidos os estudos que informam sobre o desenvolvimento do PNAE no Estado do Rio de Janeiro. Essa pesquisa objetiva começar a preencher esse vazio. Para isso, na sua primeira etapa, composto por 2 capítulos de caráter exploratório descritivo, foram prospectadas, organizada em banco de dados e analisados dados oficiais quanto ao desempenho da aquisição de produtos da agricultura familiar pelas 92 Prefeituras Municipais do Estado do Rio de Janeiro para o PNAE de forma a proporcionar dados quanto ao valor repassado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE); percentual de aquisição e volume de recursos aplicados individualmente, por porte (número de habitantes) e por Regiões de Governo. Na segunda etapa da pesquisa, de caráter qualiquantitativo, são apresentados, no capítulo 3 ,resultados da pesquisa junto aos Nutricionistas Responsáveis Técnicos (RTs) dos municípios; a Entidades de Assessoria à agricultores familiares e a Entidades de Comercialização de produtos orgânicos, realizadas através de formulário on line. No capítulo 4 são apresentados resultados sobre a aquisição de produtos orgânicos pelas Prefeituras Municipais com base em dados de responsabilidade dos gestores municipais disponíveis no Sistema de Gestão de Prestação de Contas (SiGPC) do FNDE no período de 2013 a 2016. Por fim, no capítulo 5 são apresentados 2 “Estudos de Caso” sobre o processo de aquisição de produtos orgânicos/agroecológicos pelas Prefeituras de Pinheiral (Região Médio Paraíba) e Italva (Região Noroeste Fluminense). O conjunto da pesquisa evidencia um Mercado Institucional para comercialização de alimentos da agricultura familiar, incluindo produtos orgânicos, pouco explorado; além de informações suficientes para que gestores públicos, grupos de agricultores familiares organizados, entidades de ATER e entidades de comercialização (re)formulem estratégias capazes de aproveitar a oportunidade conquistada e valorizar essa importante política pública.

As lavouras orgânicas dos agricultores familiares vinculados à Associação dos Agricultores Familiares e/ou Orgânicos de Andradas e Região – AGRIFAN têm, em sua maioria, um sistema de produção simplificado, com reduzida diversidade. A maioria destes agricultores orgânicos, em especial os cafeicultores, utiliza fertilizantes orgânicos adquiridos fora da propriedade, como a torta de mamona e farinha de carne e osso, e adotam o manejo de ervas espontâneas como principal técnica de cobertura do solo. Observa-se que, geralmente, os solos apresentam características vinculadas à fertilidade química com valores adequados, mas apresentam alguns problemas relacionados às características físicas e biológicas do solo. Visando avaliar a qualidade dos solos em lavouras orgânicas de café (Coffeaarabica) e uva (Vitis labrusca), e as alterações sofridas pelo solo quando estas lavouras são submetidas ao consórcio com adubos verdes, foram instaladas nos municípios de Andradas e Caldas-MG, unidades de observação em três propriedades, com quatro tratamentos: Tratamento EE – Café ou Uva com ervas espontâneas (testemunha); Tratamento FG - Café ou Uva com feijão guandu (Cajanus cajan); Tratamento MI- Café ou Uva com milheto (Pennisetum glaucum) e Tratamento FM - Café ou Uva com consórcio de adubos verdes (consórcio composto por feijão guandu e milheto). Adotou-se metodologia participativa para a avaliação da qualidade do solo dos agroecossistemas. Como conclusão deste trabalho é possível afirmar que a adubação verde contribui para melhorar várias características indicativas de qualidade do solo.

Mangaratiba é o município do estado do Rio de Janeiro com maior produção de banana em relação aos outros municípios do estado, porém, o rendimento médio da produção é muito baixo. Atualmente, a produção de banana em Mangaratiba é realizada sem tratos culturais, sendo que a colheita, a climatização e o beneficiamento são feitos de forma inadequada. Todos esses fatores provocam uma redução na qualidade e no preço do produto. O processamento da banana é uma excelente alternativa para os agricultores, pois agrega valor ao produto e é uma alternativa para aproveitar os frutos que não são comercializados in natura. O presente estudo tem por objetivo, a reestruturação da agroindústria de doces de Mangaratiba, através do processamento adequado de banana passa e farinha de banana verde, respeitando as normas de vigilância Sanitária para posterior comercialização no programa de merenda escolar municipal (PNAE) e também fomentar a reorganização da Associação dos Agricultores da Agroindústria de Doces de Mangaratiba, através do empoderamento dos agricultores familiares. O Projeto foi desenvolvido na sede da Agroindústria que está localizada na Estrada São João Marcos, s/nº na localidade designada Saco de Cima, nas imediações das Ruínas Históricas, do Município de Mangaratiba, Estado do Rio de Janeiro. Para isso, foi utilizada como metodologia análise documental, revisão bibliográfica e aplicação de questionários estruturados do censo rural da Secretaria Municipal de Agricultura. Com base nas demandas locais verificadas, consulta aos agricultores, reuniões e visitas técnicas, foi verificada a necessidade de realização das seguintes capacitações: Rotulagem geral e nutricional, Higiene e Manipulação de alimentos, associativismo, empreendedorismo e gestão rural. Com a realização das capacitações, da aplicação das Boas Práticas de Fabricação e da elaboração das informações nutricionais dos produtos, foi possível obter o funcionamento correto da agroindústria, a inserção da banana passa e da farinha de banana verde na merenda escolar da rede municipal e comercialização na feira municipal o que tem gerado valorização do produto local, agregação de valor dos produtos e consequentemente aumento de renda aos agricultores familiares.

Este estudo teve como objetivo analisar a sustentabilidade de seis sistemas orgânicos de produção do município de Cariacica, Espírito Santo, pertencente à região metropolitana da Grande Vitória, aplicando o método IDEA (Indicateurs de Durabilité des Exploitations Agricole). O método em questão utiliza critérios para estabelecer a pontuação de 41 indicadores, agrupados em 10 componentes, que compõem três dimensões: agroambiental (19 indicadores), socioterritorial (16) e econômica (6). Esta matriz permite mensurar a sustentabilidade por meio da combinação de valores dos indicadores de cada dimensão, que varia de zero a cem pontos. Tal estrutura define que a sustentabilidade em sistemas de produção é limitada pela dimensão que apresentar o menor valor. O modelo conceitual envolve aspectos das ciências naturais, sociais e humanas, que mediante a adaptação de alguns indicadores à realidade dos agrossistemas locais, permite uma análise quantitativa da sustentabilidade. As unidades selecionadas são de caráter familiar, estão submetidas a algum tipo de mecanismo de controle de garantia de qualidade orgânica e contemplam algumas diferenças existentes na produção orgânica local, mas em sua maioria tem como principal atividade econômica a fruticultura. O método IDEA foi aplicado em fevereiro de 2018 por meio de entrevistas realizadas nas unidades produtivas e levantamento de dados documentais. Nas análises foram observados alguns entraves que limitam o potencial da produção orgânica no município. Tais limitações compreendem desde a pouca diversificação nas lavouras até a falta de incentivo ao processo de formação e capacitação dos agricultores, além de um frágil processo de organização social. A partir dos resultados encontrados, pode-se relatar que a sustentabilidade da produção orgânica de Cariacica está limitada pela dimensão socioterritorial, a qual apresentou um escore médio de 53%. Ainda, a dimensão agroambiental e a dimensão econômica podem ser melhoradas, pois, apesar de não serem limitantes, de acordo com o método, apresentaram escore médio de 75% e 82%, respectivamente.

A agricultura familiar e urbana brasileira é caracterizada pelo cultivo em pequenas propriedades, sendo que a mão de obra é predominantemente realizada por membros da família. A bertalha (Basella alba L.) é uma hortaliça rica em Zinco, Manganês, Vitaminas C e B2, que vem sendo utilizada pela gastronomia moderna, comercializada de forma direta em feiras de produtos orgânicos, cestas encomendadas ou mesmo indireta, encontrada nas prateleiras de supermercados de Belo Horizonte/MG, vendendo-se somente folhas em bandejas ou ramos em molhos, demonstrando uma grande perspectiva de crescimento do seu consumo in natura, porém a sua produção ainda é inexpressiva para atender esta demanda. Com esta pesquisa, buscou-se caracterizar as unidades produtivas dos agricultores familiares e urbanos, sistematizando informações fitotécnicas para o cultivo orgânico da bertalha, avaliar amostras de sementes obtidas nessas unidades, demonstrando a viabilidade da expansão do plantio no Cinturão Verde de Belo Horizonte/MG. O estudo foi dividido em duas fases, que consistiram em: entrevistas nas unidades produtivas que cultivam a bertalha, por meio de questionário semiestruturado e análise das sementes doadas por estes agricultores. Visitou-se 14 propriedades, com área média de 4,25 ha, dispersas pelo cinturão verde de Belo Horizonte/MG. Observou-se o seu cultivo, com grande variação de espaçamentos, que são determinados pela forma de condução da cultura. Os agricultores visitados guardam suas sementes para plantios subsequentes ou mesmo adquirem em bancos comunitários e raras vezes lançam mão de plantios feitos com estacas da planta. Realizou-se, com as sementes obtidas de frutos despolpados e com polpa, os testes de: uniformidade (retenção em peneiras), peso de mil sementes, grau de umidade, vigor, porcentagem de germinação e comprimento de plântulas, além da análise de sementes tratadas com hipoclorito de sódio a 1%, em tempos diferentes de 1 e 5 minutos. As sementes obtidas de frutos despolpados apresentaram melhor desempenho em relação ao teste de germinação e comprimento de plântulas. Quanto ao peso de mil sementes obteve-se o resultado de 3,6 g e quanto ao teste do grau de umidade das sementes de frutos despolpados, resultou em 9,81%. A espécie mostrou-se como uma cultura promissora para os agricultores familiares e urbanos, principalmente no verão, período de entressafra das hortaliças folhosas, considerando-se as condições edafoclimáticas da região estudada.

Uma das doenças mais importantes da cultura da ervilha (Pisum sativum L.) é o míldio-pulverulento ou oídio, também conhecida como cinza da ervilha, causado por Erysiphe pisi. Embora existam diversos fungicidas registrados e utilizados para o controle da doença, o seu uso regular pode levar a seleção de estirpes resistentes na população do patógeno e aumentar os riscos de intoxicação do alimento e do aplicador. Esta doença é igualmente importante na produção orgânica de ervilha. Nesta, porém, além de ser vedado pela legislação o uso de fungicidas, não existem relatos de alternativas eficientes para o controle da doença. Tendo em vista a importância da cultura da ervilha para produtores do Sul de Minas e as perdas causadas pelo oídio, realizou-se o presente trabalho com o objetivo de testar métodos alternativos e compatíveis com a legislação dos orgânicos para o controle da doença na cultura. Dois experimentos foram realizados no Município de Extrema, Sul de Minas Gerais, sendo o primeiro experimento realizado na Comunidade do Pessegueiro e o segundo na Comunidade das Furnas. O experimento inicial foi realizado em situação de campo no período de 10/03/2017 a 23/05/2017, e o segundo em casa-de-vegetação no período de 14/03/2018 a 18/06/2018. Foi utilizada a variedade de ervilha torta de flor roxa e aplicações semanais de leite cru (10 e 20%) e calda comercial a base de enxofre e cálcio (0,5%), mais um tratamento testemunha (água). Avaliou-se a severidade da doença e a produtividade da cultura. Os tratamentos com leite de vaca, a 10 e 20%, foram os mais eficientes no controle do oídio seguido pela calda de enxofre e cálcio, que provocou sintomas de fitotoxidez nas plantas. Comparado à testemunha os tratamentos com leite de vaca a 10% e 20% e calda de enxofre e cálcio no primeiro ensaio resultaram ganhos de 48,67%, 35,08% e 25,82% e, no segundo ensaio, 31,9%, 32,84% e 20,55% de produção comparados à testemunha.

Objetivou-se avaliar a produtividade e a composição bromatológica de forragem, in natura e ensilada, a partir de monocultivo e consórcios de milho e guandu em sistema orgânico de produção. O trabalho experimental foi instalado na Fazendinha Agroecológica Km 47 (Sistema Integrado de Produção Agroecológica – SIPA). O delineamento adotado foi o de blocos casualizados, com oito tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos constaram de milho (Zea Mays L., var. Eldorado) e guandu (Cajanus cajan L. Millsp, cv. BRS Mandarim) semeados em monocultivo e consórcio de milho e guandu, sendo o guandu semeado aos 60, 45, 30, 15 e 00 dias antecedendo a semeadura do milho, além da semeadura simultânea destas espécies feita no mesmo sulco de plantio. A semeadura nos consórcios foi realizada em sulcos intercalares espaçados de 0,50 m, o que representou uma população de milho equivalente à 60.000 plantas ha^-1 (seis plantas m linear^-1) e de guandu equivalente à 100.000 plantas ha^-1 (10 plantas m linear^-1), ao passo que, nos monocultivos as populações foram equivalentes à 120.000 plantas e 200.000 plantas ha^-1, respectivamente, de milho e guandu. No tratamento em que as culturas foram plantadas simultaneamente no mesmo sulco de plantio, utilizou-se a mesma densidade de plantio dos monocultivos. O corte das espécies para confecção da silagem foi feito a 20 cm da superfície do solo. Para a ensilagem o material vegetal foi acondicionado em tubos de poli vinil carbonato com dimensões de 10 cm de diâmetro e 50 cm de comprimento, capacidade para 2,5 kg de silagem (equivalente à 600 kg m^-3). Além da produtividade das espécies, foram avaliados os teores de proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN) e nutrientes digestíveis totais (NDT). A produtividade total de biomassa seca de parte aérea alcançou os maiores valores nos respectivos monocultivos de milho (18,12 Mg ha^-1) e de guandu (19,71 Mg ha^-1). No consórcio destas espécies a semeadura simultânea resultou em produtividade total igual a alcançada nos monocultivos. Em relação à quantidade total de N acumulado na parte aérea na mistura das espécies notou-se que os maiores valores foram detectados quando a leguminosa foi semeada aos 60 e 45 dias antecedendo a semeadura do milho. Quanto ao teor de PB na forragem in natura, os tratamentos representados pelo monocultivo de guandu e consórcios junto ao milho nos diferentes intervalos de semeadura apresentaram valores maiores do que o monocultivo de milho e o consórcio com semeadura simultânea destas espécies. No que concerne à silagem, as maiores concentrações de PB foram encontradas nos consórcios em que a leguminosa foi semeada aos 60 e 45 dias antecedendo ao milho, representando, respectivamente, 86% e 105% de incremento em relação à silagem exclusiva de milho. Os menores valores de FDN foram detectados na forragem in natura nos tratamentos formados por monocultivo de guandu e nos consórcios cuja semeadura desta leguminosa foi feita aos 60 e 45 dias antecedendo ao milho, resultando nos maiores valores de NDT. Em contrapartida, os terrores de FDN e NDT das silagens não apresentaram diferenças entre os tratamentos. Face ao exposto, o tratamento que aliou os melhores valores de produção e qualidade de forragem, tanto in natura como na forma de silagem, foi o consórcio cuja semeadura da leguminosa foi feita aos 45 dias antecedendo ao milho.