A dor é uma sensação extremante importante, pois permite a consciência de que a integridade do organismo está sendo ameaçada. Entretanto, pode trazer consigo consequências desagradáveis como sofrimento, estresse, prejuízos nas relações sociais e econômicas, motivo pelo qual deve ser rápida e efetivamente controlada e tratada. Deste modo, torna-se notável a necessidade de buscar medidas alternativas no desenvolvimento de medicamentos para o controle da dor. Alguns dos fármacos analgésicos, como os opioides e anti-inflamatórios não esteroidais, têm suas origens em produtos naturais que foram utilizados por milhares de anos ao longo do desenvolvimento da humanidade. Entretanto, atualmente muitas destas plantas são comercializadas como se fossem extremamente seguras para o consumo, por se tratar de uma fonte natural. Mas, enquanto pesquisas científicas não são desenvolvidas, o potencial farmacológico destes produtos é, ainda, questionado, podendo não existir ou ainda prejudicar o indivíduo que faz uso. No Brasil, as sementes, folhas e raízes de Bixa orellana (Urucum) foram utilizadas popularmente como medicamento afrodisíaco, bem como remédio para tratar febres, condições inflamatórias e doenças parasitárias. Muitas propriedades farmacológicas foram relatadas para extratos de diferentes partes desta planta, incluindo antimicrobiana. Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar a atividade antinociceptiva, antiinflamatória e antibiótica de extratos de semente de Bixa orellana (Urucum). Utilizando camundongos swiss, machos de 20 a 25g, foram executados modelos comportamentais bem estabelecidos, para a obtenção dos resultados.  Deste modo, foi possível constatar que os extratos foram capazes de induzir atividade antinociceptiva nos modelos  de  contorções  abdominais  induzidas  por  ácido  acético,  formalina e retirada  da  cauda. Os resultados obtidos no teste de edema de pata indicam efeito  antiedematogênico  dos extratos. Os extratos foram capazes de reduzir  a  migração  leucocitária  na  inflamação  existente  na  bolsa  de  ar subcutâneo, e também  demonstraram atividade  inibitória  sobre  a  produção  de  TNF-α e IL-10. Através do teste do campo aberto, pode-se deduzir que o extratos de B. orellana e de sua fração BOSA possivelmente apresentam moléculas que promovem ação miorrelaxante e/ou sedativa.  Além disso, os extratos de B. orellana e de sua fração BOSA demonstram ação bactericida contra cepas de Staphylococus aureus e Pseudomonas aueaginosa.

A toxoplasmose é uma zoonose cosmopolita causada pelo protozoário Toxoplasma gondii. Este parasita pode afetar várias espécies, sendo os felídeos os hospedeiros definitivos. Nos felinos, os sistemas mais afetados são: respiratório, gastrointestinal e neurológico. O principal objetivo foi realizar a correlação entre a semiologia dos sistemas dos felinos e a soropositividade de Toxoplasma gondii na Baixada Fluminense. Além disso, avaliar análises clínicas (hematologia e bioquímica), sorológicas (detecção de IgG) e fatores de risco de T. gondii nos felinos estudados. O diagnóstico de T. gondii foi feito a partir de amostras de soro e obtenção dos dados cadastrados no sistema Setor de Felinos da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) de 120 felinos que foram atendidos no e posteriormente encaminhados ao LABVET (Laboratório de Patologia Clínica Veterinária).  Todas as fichas de registro destes animais foram avaliadas com relação aos dados clínicos, laboratoriais e epidemiológicos. Para a pesquisa de anticorpos IgG  anti- T. gondii foi utilizado o Teste de Aglutinação Modificada (MAT). Os exames hematológicos e bioquímicos (Alanina aminotransferase, Albumina, Uréia, Creatinina) foram computados para as correlações. Os dados clínicos e fatores de risco também foram obtidos por meio da consulta das fichas clínicas dos animais avaliados e todos os dados tabulados. A detecção sorológica  de T. gondii foi realizada no Laboratório de Patologia Animal (SAP) da UFRRJ. Dentre os 120 animais testados, houve soropositividade para anticorpos anti-T. gondii em 59 animais, representando 49% de anticorpos anti-T. gondii. Não houve relevância estatisticamente significativa entre os animais soropositivos para anticorpos anti-T. gondii e os sistemas semiológicos citados. Os fatores de risco que apresentaram diferença estatística foram: animais testados para FeLV e FIV e estado reprodutivo. O parâmetro que foi observado correlação estatística foi a eosinofilia. No presente estudo, conclui-se que Toxoplasma gondii circula entre gatos domésticos da Baixada Fluminense do Rio de Janeiro. Os sistemas semiológicos estudados não parecerem apresentar alterações significativas para serem usadas como diagnóstico da toxoplasmose. Felinos castrados tem menor probabilidade de se infectar com toxoplasmose.

As células dendríticas plasmocitoides (pDCs) representam um subgrupo de células dendríticas presentes no sangue periférico e em órgãos linfoides. Estas células são identificadas pela alta expressão do receptor da cadeia α da interleucina-3 (IL-3Rα) e produzem grandes quantidades de interferon tipo-I (IFN-I), mediando a resposta imune. Na imunohistoquímica, o marcador utilizado para a detecção deste tipo celular é o anticorpo anti-CD123. As células dendríticas plasmocitoides se tornaram alvo de estudos na medicina humana para o diagnóstico e desenvolvimento de terapias anti tumorais de neoplasias de origem hematológica, processos inflamatórios e doenças autoimunes, e na medicina veterinária, pouco se sabe sobre a existência das células dendríticas plasmocitoides e sua distribuição em tecido linfoide normal. Em cães, há apenas um trabalho que utilizou o anticorpo anti-CD123 para imunomarcação de pDCs em tumores mamários de cadelas, associando a sua presença com um pior prognóstico tumoral. Desta forma, esse estudo pretende verificar se este marcador é eficiente para detecção de células CD123+ em linfonodos de cães, gatos, bovinos e equinos e, se nestas espécies, a distribuição é similar à observada em humanos. Realizou-se exame imunohistoquímico com anticorpo anti-CD123 monoclonal e policlonal em 10 amostras das espécies bovina, felina e canina, e 5 amostras da espécie equina. Os resultados obtidos com anticorpo monoclonal não foram satisfatórios nos linfonodos animais. Já com anticorpo policlonal, células CD123+ foram evidenciadas agrupadas em clusters ou individualizadas de forma predominante no paracórtex de praticamente todas as amostras de caninos (10/10) e bovinos (8/10). Em felinos os resultados foram negativos em todos os linfonodos e em equinos os resultados foram desconsiderados pela presença de hemossiderina. Concluiu-se que o CD123 é um marcador válido para uso em animais, e que estas células, assim como em humanos distribuem-se mais frequentemente na região paracortical do linfonodo.

A endometrite equina é considerada a terceira principal doença da espécie e a causa das maiores perdas econômicas na reprodução equina por falhas gestacionais precoce. No entanto, não há relatos que descrevam e avaliem a aplicação da ultrassonografia Doppler modo Powerflow e espectral no diagnóstico da endometrite e nem da formação de um padrão de vascularização dos segmentos uterinos quando avaliadas éguas com ou sem endometrite. Com isso, objetivo deste estudo foi caracterizar a hemodinâmica uterina das éguas com endometrite. O projeto foi realizado no setor de equinocultura da UFRRJ. Foram utilizadas 45 éguas separadas em três grupos: GC – grupo controle (éguas sem endometrite - n:16 animais); GES – grupo de éguas com endometrite subclínica (n:15 animais); GEC – grupo de éguas com endometrite clínica (n:14 animais). De início foi realizada uma avaliação das éguas e acompanhamento do ciclo estral até ser observado folículo pré-ovulatório. A partir disso foi coletado amostras para exame citológico, cultura fúngica e bacteriana. Com a indução e detecção da ovulação, as éguas foram acompanhadas pela ultrassonografia (US) transretal modo B e US Doppler modo Powerflow dos segmentos uterinos e US Doppler modo espectral dos ramos dorsais esquerdo e direito da artéria uterina. Esses exames foram realizados todos os dias até a próxima ovulação para avaliação de um ciclo estral completo. Após a próxima ovulação foi realizado a coleta de um fragmento de endométrio para realização da biópsia endometrial. Baseados nos resultados observamos que os grupos que apresentam a maior quantidade de éguas com endometrite são os grupos com ≤8 anos e ≥14 anos. Pode ser confirmada a proporcionalidade entre as variáveis índice de pulsatilidade (PI) e índice de resistividade (RI), porém quando são analisadas em conjunto PI supre o sinergismo de RI que passa a se tornar não significativo. E um outro dado observado foi a proporcionalidade entre PI e RI e o aumento do número de éguas no grupo endometrite. Percebeu-se que tanto AUPI quanto AURI apresentaram diferença estatística do grupo controle em relação aos grupos endometrite subclínica e endometrite clínica. Já a avaliação subjetiva demonstrou diferença do grupo endometrite clínica com os grupos controle e endometrite subclínica (P≤0,05). Pode-se notar também que AUPI apresentou diferença estatística entre o grupo ≤ 8 anos e o 9-13 anos. Em relação a variável AURI notou-se diferença estatística do grupo ≤ 8 anos em relação aos grupos 9-13 anos e ≥ 14 anos. Tanto dentro da avaliação subjetiva como dentro da avaliação objetiva para quantidade e intensidade de pixels observou-se diferença estatística entre os diferentes grupos de idade das éguas (P≤0,05). Deste modo, conclui-se que os PI e RI podem ser utilizados como diagnóstico complementar na identificação de éguas com endometrite. E que a avaliação subjetiva, por si só, não se demonstrou uma boa ferramenta para diferenciação de éguas com e sem endometrite.

A sepse é uma condição ameaçadora a vida, desencadeada por uma resposta desregulada do organismo frente a uma infecção. Por ser uma síndrome com sinais, sintomas e progressão inespecíficos, o diagnóstico precoce é desafiador e determinante para reduzir suas altas taxas de morbidade e mortalidade. O presente estudo tem como objetivo elaborar um escore para diagnóstico, gravidade e prognóstico, semelhante ao escore SOFA (The Sequential Organ Failure Assessment), para cães com sepse em decorrência de piometra. Trata-se de um estudo retrospectivo de coorte realizado pela análise de 136 prontuários médicos de cadelas diagnosticadas com piometra e tratadas no Hospital Veterinário da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, no período de maio de 2017 a maio de 2020. Foram excluídos prontuários de pacientes com comorbidades de repercussão sistêmica. Todos os dados analisados foram extraídos dos exames admissionais, coletados antes de quaisquer intervenções farmacológicas. A mortalidade foi avaliada até o 14º dia após admissão. A sepse foi considerada presente quando identificado quaisquer um (ou mais) dos critérios de disfunção orgânicas a seguir: pressão arterial sistólica <100 mmHg; 13 pontos ou menos na escala de coma de Glasgow modificada para cães; plaquetometria <200.000/µL; bilirrubina total sérica >0,5 mg/dl e; creatinina sérica >1,7 mg/dl. Para o desenvolvimento do escore foram realizadas análises de risco e regressão logística afim de identificar as variáveis com maior impacto no desfecho da sepse e mortalidade. O escalonamento das variáveis selecionadas, para estratificação da gravidade, foi realizado a partir de valores de normalidade disponíveis na literatura, acrescidos dos desvios padrões obtidos das 136 amostras. Foram propostos quatro modelos de escore com combinações variadas dos preditores: escore A pontua disfunções cardiovascular, hemostática, neurológica, hepática, renal e alterações de apetite em quatro níveis de gravidade; o escore B difere do A no método de avaliação do estado mental; o escore C estratifica os mesmos preditores de A, em apenas três níveis de gravidade e adiciona avaliação de lactato sanguíneo e presença de diarreia; o escore D utiliza os mesmos preditores de A estratificando-os em três níveis de gravidade. O escore APPLE (The Acute Patient Physiologic and Laboratory Evaluation) e os critérios de SRIS (Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica) já validados na medicina veterinária também foram performados nas mesmas amostras para fins de comparação. As variáveis foram submetidas ao teste de normalidade de D’Agostino K2 teste e para as comparações entre grupos utilizou-se ANOVA de uma via ou Kruskal Wallis. As avaliações de discriminação dos modelos foram realizadas por análises ROC (Receiver Operator Curve) e sua área sob a curva (AUROC), considerando AUROC > 0,7 como aceitável. A média de idade da população geral foi de 8±4 anos e peso corporal de 14±10 kg. Os critérios adotados para definir sepse estavam presentes em 79% (107) desses animais. Treze animais (9,5%) vieram a óbito. Todos os escores aplicados obtiveram pontuações estatisticamente discrepantes entre animais sobreviventes e não sobreviventes. Os animais que vieram a óbito atingiram medianas significativamente maiores na comparação com os sobreviventes (p<0,001). Apenas na classificação SRIS esse nível de significância estatística foi menor (p= 0,043). A menor mediana de pontos entre os não sobreviventes foi obtida no escore D (4 pontos) e as maiores nos escores B e C (8 pontos). Nas análises ROC, o escore APLLE apresentou o melhor desempenho para discriminação da mortalidade, seguido do escore proposto C, porém os escores A e B também apresentaram valores considerados aceitáveis de AUROC, para o mesmo desfecho. Desta forma é possível concluir que o escore C é o mais adequado para identificação e escalonamento das disfunções orgânicas, bem como para predizer o desfecho da sepse em decorrência de piometra, nas cadelas do presente estudo.

O mastocitoma cutâneo canino (MCC) é uma das neoplasias mais frequentes em cães e seu prognóstico é muito variável. Apesar de existirem métodos de graduação histológica, marcadores imunohistoquímicos e análises moleculares para auxiliar no prognóstico da maioria dos casos, não há nenhum meio de se prever o comportamento de todos os casos de MCCs, sobretudo aqueles mais frequentes, os de Grau II Patnaik/Baixo Grau Kiupel. Além disso, os principais métodos complementares de imunohistoquímica (IHQ) prognóstica para MCCs sofrem com a variedade de metodologias empregadas na literatura e consequentemente com a falta de padronização e consenso sobre essas metodologias. A cadeia α do receptor de interleucina 3 (CD123), que vem sendo estudada na Medicina Humana como marcador diagnóstico para neoplasias linfohematopoiéticas, é imunodetectada em parte das mastocitoses humanas, é apontada como fator prognóstico. Esse marcador ainda vem sendo extensivamente testado em diversos experimentos como alvo terapêutico para neoplasias humanas, sobretudo leucemias refratárias/recidivantes e neoplasias de células dendríticas plasmocitoides blásticas. Apesar do aparente potencial desse biomarcador na Medicina Humana, na Medicina Veterinária ele ainda não havia sido reportado em estudos que demonstrassem claramente a sua detecção em amostras caninas. Essa pesquisa, a partir de uma amostragem de 63 MCCs (30 de baixo grau e 33 de alto grau) demonstrou que 58,7% (37/63) dos casos foram imunocorados com CD123, sendo 43,3% (13/30) dos casos de baixo grau e 72,7% (24/33) dos casos de alto grau positivos. Além disso, analisamos a intensidade da imunomarcação nos casos positivos em dois níveis (fraca e consistente). A imunomarcação dos MCCs com CD123 foi positivamente relacionada com o alto Grau de Kiupel (p = 0,020) e, a intensidade da imunomarcação apresentou relação positiva para marcação consistente em MCCs de alto grau Kiupel (p < 0,001). Anteriormente a esse resultado demonstramos uma metodologia extensa de padronização e validação por comparação de padrões de marcação do CD123, desde a verificação de reação de um anticorpo anti-CD123 monoclonal versus policlonal com diferentes sistemas de detecção e comparação com o padrão de marcação em controles humanos. Também investigamos a imunodetecção do CD123 em diversos tecidos caninos não neoplásicos e em amostras de neoplasias linfohematopoiéticas benignas e malignas em uma lâmina de TMA com cores de 2mm de espécimes de plasmocitomas cutâneos, histiocitomas cutâneos, sarcomas histiocíticos e mieloma múltiplo. Por fim, demonstramos que o método de detecção IHQ por polímero de duas etapas pode interferir no padrão de marcação do KIT em MCCs, em que casos imunomarcados como padrão KIT I e II no método de detecção por polímero em reação de uma etapa, se mostraram como um padrão KIT III no método de detecção por polímero de duas etapas, o que infere grande mudança na interpretação do prognóstico auxiliar dependente dessa técnica

A diversidade de roedores é notável nos mais variados tipos de habitats, despertando considerável interesse nas pesquisas relacionadas aos mecanismos adaptativos além da propagação de doenças transmissíveis. O presente estudo teve como objetivo avaliar os efeitos da altitude nos valores hematológicos e pesquisar hemoparasitos do gênero Trypanosoma em roedores silvestres do Parque Nacional do Itatiaia. Foram incluídos ao estudo 114 roedores, machos e fêmeas, advindos de regiões de baixa e elevada altitude, entre 800 a 1500m e 2000 a 2500m respectivamente, utilizando-se armadilhas iscadas (SISBIO 74498-7). Após a captura e imediatamente após a eutanásia amostras de sangue foram colhidas através de punção cardíaca (CEUA/IOC-035/2018). Análises hematológicas foram conduzidas em roedores pertencentes à Família Cricetidae (Subfamília Sigmodontinae) devido à maior representatividade do grupo além de sua estrita proximidade evolutiva. Uma investigação direta através da observação em esfregaço sanguíneo e detecção por meio da Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) visando o gene 18S rRNA de parasitas do gênero Trypanosoma também foi realizada neste trabalho em de todos os indivíduos da região alta e em cinco roedores do gênero Rhipidomys {Tschudi, 1845} da região baixa. Sobre as análises hematológicas comparativas, os valores de hematócrito e eosinófilos foram superiores nos roedores machos da região baixa. Além disto, aumento na contagem total de leucócitos foi atribuído ao aumento nas contagens individuais de neutrófilos, linfócitos e monócitos em machos e fêmeas desta mesma região (parte baixa). Os animais pertencentes à parte alta demonstraram valores superiores apenas em relação à proteína plasmática total e à plaquetometria, sendo este último dado observado apenas em machos. A detecção de Trypanosoma sp. em roedores da região alta (N=74) demonstrou uma taxa de 18,92% (N=14), sendo 20% (N=7) em machos e 16,22% (N=6) em fêmeas pertencentes aos gêneros Akodon {Meyen, 1833}, Brucepattersonius {Hershkovitz, 1998}, Castoria {Pardiñas, Geise, Ventura, Lessa, 2016} e Oligoryzomys {Bangs, 1900}. Das amostras de roedores do gênero Rhipidomys {Tschudi, 1845} da parte baixa testadas na PCR, uma taxa de 20% (N=1) de positividade foi observada em um único indivíduo macho. Formas tripomastigotas foram identificadas em lâminas de esfregaço sanguíneo de cinco animais que também demonstraram-se positivos na PCR. Os dados deste estudo indicam a existência de variados padrões hematológicos entre sigmodontíneos ao longo dos gradientes de altitude, além de constatar a presença de Trypanosoma sp. em roedores silvestres de ambas as regiões do Parque Nacional do Itatiaia. Estes achados fomentam novos estudos epidemiológicos, que visam elucidar o papel desempenhado por esses roedores na propagação de enfermidades na fauna doméstica, silvestre e na saúde humana.

Dentre os passeriformes nativos, o trinca-ferro (Saltator similis, ordem Passeriformes, família Thraupidae) é a segunda espécie com a maior ocorrência em apreensões e a primeira quando se refere ao interesse entre criadores de pássaros. Os Passeriformes são acometidos por filarídeos de distribuição mundial da família Onchocercidae, que são helmintos nematódeos de formato filiforme capazes de parasitar tecidos e cavidades de aves e outros grupos de animais (mamíferos, répteis e anfíbios). São transmitidos na fase larvar (microfilária) através da picada de insetos e artrópodes hematófagos. É possível observar microfilárias no sangue periférico e pulmão, enquanto o filarídeo adulto pode ser encontrado na cavidade celomática e em diversos tecidos. Apesar da maioria das espécies de filarídeos não serem patogênicas para aves, há relatos de casos em Passeriformes, Piciformes, Psittaciformes, Falconiformes, Gruiformes e Podicipediformes, onde foram observadas algumas alterações clínicas, dentre elas, redução de peso, ataxia e morte. Devido a liberação intermitente das microfilárias na circulação sanguínea, o diagnóstico pode ser feito por meio de avalições seriadas do esfregaço sanguíneo. Métodos moleculares, como a reação em cadeia da polimerase (PCR), podem ser utilizados para detectar e identificar a espécie de filarídeo presente no hospedeiro definitivo, porém, há poucos estudos que abordem a caracterização molecular e filogenia de filarídeos aviários adultos, sendo as informações disponíveis escassas e algumas vezes insuficientes para diagnóstico conclusivo. Em aves há cerca de 160 espécies de filarídeos descritos em 16 gêneros, porém apenas seis espécies da família Onchocercidae possuem sequências de DNA disponíveis para análise filogenética, são elas: Chandlerella quiscali, Splendidofilaria sp., Eulimdana clava, Cardiofilaria pavlovskyi, Aproctella alessandroi, Pelecitus fulicaeatrae. Apesar da grande diversidade de espécies desta família em aves, as informações acerca destes filarídeos são escassas. Devido a isto, é crucial que seja possível compreender as consequências patológicas e clínicas que envolvem as infecções por filarídeos aviários, sendo capaz de determinar o real impacto na população hospedeira. Diante destes fatos, o objetivo do presente estudo visa pesquisar a presença de microfilárias em trinca-ferros mantidos no Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) através de esfregaços sanguíneos e PCR e correlacionar os achados com possíveis alterações hematológicas e sinais clínicos observados. Espera-se dessa forma obter informações que contribuam para auxiliar no diagnóstico e tratamento destas aves e, assim, melhorar a qualidade de vida e contribuir para com uma possível reintrodução na vida selvagem. Os trinca-ferros utilizados no estudo são oriundos de apreensão entre os anos de 2021 e 2023, e atualmente estão sendo mantidos no CETAS, localizado no município de Seropédica - RJ. Foram incluídos indivíduos sem distinção de sexo, idade e estado de saúde. As aves são contidas fisicamente, é realizada a pesagem seguida do exame clínico e todos os dados são documentados em fichas clínicas. Após, é efetuada a coleta, obtendo-se um volume de sangue de aproximadamente 0,3 mL para a realização de hemograma e PCR. Uma gota de sangue diretamente da seringa é utilizada para a confecção de esfregaços sanguíneos, onde será feita uma varredura para pesquisa e quantificação de microfilárias. Imediatamente após a coleta, é realizada fluidoterapia por via subcutânea em todas as aves. Na reação de PCR serão utilizadas sequências parciais dos genes mitocondrial citocromo c oxidase I (cox1) e nuclear 28S rDNA (28S) e para a amplificação de ambos genes será utilizado o mix de PCR, onde o volume final é de 25 µL por reação. Os primers COIintF e COIintR serão utilizados para amplificar um fragmento de aproximadamente 650 pb do cox1, e os primers Nematóide 1 e Nematóide 2 para amplificar um fragmento de aproximadamente 750 pb do 28S. A análise estatística será realizada através do Teste T de Student para determinar se há diferença entre as médias de determinada característica de dois grupos independentes (negativos e positivos para microfilária). Os parâmetros hematológicos e sinais clínicos serão analisados sob o teste de normalidade de Kolmogoroy-Sminorv (para mais de 50 amostras). Quando estes dados apresentarem distribuição normal (acima de < 0,05), serão analisados através da análise de variância (ANOVA) em nível de 5% de significância. Porém, quando não houver distribuição normal dos dados, estes serão analisados a partir do teste não paramétrico de Mann-Whitney em nível de 5% de significância. Para a associação entre os animais positivos e negativos com as alterações hematológicas e sinais clínicos será utilizado o teste Qui-Quadrado ou Exato de Fisher em 5% de significância.

A maioria dos estudos retrospectivos ranqueiam dados diagnósticos, no entanto, entendemos que estudos de falhas nos diagnósticos anátomo e histopatológicos também são uma ferramenta na ampliação do conhecimento profissional; em alguns deles esses dados estão associados a diversas pesquisas, e a literatura revela exemplos significativos. Esse trabalho teve o intuito de identificar e atribuir os motivos para a ocorrência das principais falhas que convergiram para a inconclusão dos diagnósticos em animais de produção, de companhia e silvestres no Setor de Anatomia Patológica (SAP) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), a partir do material enviado para necropsias, biópsias e exames histopatológicos, no período entre 1990 e 2020. Para tanto, os resultados dos exames não esclarecidos ou inconclusivos dos laudos arquivados no SAP foram compilados, classificados por etapa (antes e durante a necropsia, e por ocasião dos exames de complementares – biópsia, histopatologia/imunohistoquímica, outros) e por categoria animal; os dados foram submetidos à análise estatística. No período estudado de 1990 a 2020, 37057 casos registrados no SAP, foram avaliadas 1447 fichas com diagnósticos que não foram concluídos ou esclarecidos no Setor de Anatomia Patológica da UFRRJ. Verificaram-se 382 (26,4%) de falhas que antecedem a necropsia, 503 (34,8%) de falhas durante a necropsia e 562 (38,8%) após a histopatologia. Nos animais de companhia as falhas que antecederam a necropsia representaram um total de 37,17% (484/1302), as falhas durante a necropsia 38,01% (496/1302) e falhas após a necropsia 24,82% (322/1302). Em animais de produção houve um total 21,22% (52/245) de falhas que antecederam a necropsia, 19,60% (48/245) casos de falhas durante a necropsia e 59,18 (145/245) casos com falhas após a necropsia. Entre os animais silvestres os diagnósticos inconclusivos relacionadas à fase que antecede a necropsia foram 18,14% (47/259), na etapa durante a necropsia 15,84% (41/259) e fases após a necropsia 66,02% (171/259) casos. Esses resultados objetivam contribuir para a eficiência dos serviços de diagnóstico no Setor de Anatomia Patológica, e na medida em que subsidia o aprendizado dos acadêmicos que vivenciam a patologia também favorece os Médicos Veterinários no sentido de educá-los a cometer menos erros ao enviar materiais para o diagnóstico. Diante do exposto conclui-se que revisões periódicas do acervo de registros de um setor que tem rotina são indispensáveis para o crescimento dos profissionais. A partir dos resultados obtidos é possível trazer novas abordagens, estabelecer estratégias para amenizar as margens de erros, melhorar a eficiência dos diagnósticos e assim otimizar o desempenho dos laboratórios de patologia e dos profissionais ligados a eles.

Senecavírus A (SVA) é um vírus da família Picornaviridae, a mesma do vírus da febre aftosa (VANNUCCI et al., 2015). Ambas têm evolução clínica semelhante são distinguíveis apenas com diagnóstico laboratorial (HAUSE et al., 2016) e as suspeitas de casos devem ser notificadas imediatamente ao Serviço Veterinário Oficial (SVO) (BRASIL, 2013). Os primeiros relatos da doença no mundo aconteceram em 2007 no Canadá e em 2015 no Brasil, com surtos em diversos estados (LEME et al., 2015). Nos poucos trabalhos publicados, os aspectos clínico-patológicos da Senecavirose vêm sendo preteridos por enfoques genéticos. Desta forma, o presente estudo tem por objetivo descrever as alterações clínicas, hematológicas e anatomopatológicas de suínos diagnosticados com SVA no estado de São Paulo. O projeto foi aprovado pela CEUA/IV/UFRRJ (6856071221). Trata-se de um estudo observacional descritivo com amostra de conveniência na qual o namostral foi igual à casuística de colheitas do SVO para investigação de doença vesicular entre outubro de 2021 e abril de 2022. O exame clínico, colheita de sangue e fragmentos de órgãos foram executados nas granjas e no frigorífico de abate. Os testes virológicos foram realizados pelo Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de Pedro Leopoldo/MG. O ensaio para detecção do SVA por técnicas moleculares do tipo RT-qPCR foi realizado segundo o Método de Ensaio de Laboratório de Referência MET/LREF/030 - V.1 do Centro Pan-Americano de Febre Aftosa. Os hemogramas foram realizados segundo Thrall et al. (2015). Para as análises bioquímicas, utilizaram-se kits comerciais LabTest® conforme recomendações do fabricante e abordaram os perfis hepático de fosfatase alcalina (FA), gamaglutamiltransferase (GGT), aspartato aminotransferase (AST), alanina aminotransferase (ALT) e bilirrubina total (BT); renal (ureia e creatinina) e muscular creatinoquinase (CK) e lactato desidrogenase (LDH), ambas realizadas pelo Laboratório de Patologia Clínica da UFRRJ. O exame clínico foi realizado segundo Feitosa et al. (2014). Durante o abate, fragmentos de estômago, intestinos delgado e grosso, baço, rim, bexiga, língua, coração, pulmão, tonsilas, fígado e sistema nervoso central foram colhidos, fixados em formol tamponado a 10% e processados rotineiramente no Laboratório de Histopatologia do Setor de Anatomia Patológica da UFRRJ. Dentre as doenças vesiculares de suínos, Febre Aftosa e Senecavirose são clinicamente indistinguíveis (HAUSE et al., 2016), portanto foi realizado o teste FMDV-ELISA 3ABC Prionics para Febre Aftosa, com resultado negativo. Foram confirmados três surtos de Senecavirose no estado de São Paulo, nos municípios de Cerqueira César, Águas de Santa Bárbara e Iaras, com amostragens de 8, 12 e 16 animais, abatidos aos 140, 159 e 151 dias de idade, respectivamente. A morbidade foi de 30% nos três focos e a mortalidade foi de 1,74% nos dois primeiros e 1,96% no terceiro. Clinicamente, observaram-se, além de dermatite e hiperqueratose na região distal dos membros, enterite não-hemorrágica, tosse não-produtiva e caudofagia, vesículas em membros e focinho, claudicação, dificuldade de locomoção, anorexia e letargia sintomas já descritos nessa infecção (OLIVEIRA et al., 2017; ABCS, 2019). Não há estudos que correlacionem a infecção por SVA a alterações de hemograma ou bioquímica sérica. Não foram observadas alterações dignas de nota no hemograma, entretanto, o exame bioquímico revelou elevação dos valores médios de AST, LDH e CK, provável consequência de lesão muscular. Os valores de CK, cuja referência vai de 2,4 a 22,5U/L, estavam aumentados em todos os animais, variando de 1900U/L a acima do limite de detecção do método utilizado, possivelmente associado à infecção pelo SVA. A avaliação macroscópica do coração revelou áreas pálidas com distribuição multifocal, alterações não relatadas na inspeção post mortem em suínos com SVA (LISE et al., 2019). O exame microscópico evidenciou, no coração e no músculo estriado esquelético diversos grupos de miofibras eosinofílicas com núcleos picnóticos, por vezes com inflamação mononuclear e áreas de fibrose. Adicionalmente, havia leve a moderada enterite atrófica linfoplasmocitária no intestino delgado, moderada glossite necrotizante, leve a moderada hiperplasia linfóide esplênica, leve a moderada nefrite intersticial linfoplasmocitária, vacuolização de células epiteliais tubulares renais, degeneração balonosa das células do epitélio transicional da bexiga, vacuolização do epitélio da língua, estruturas eosinofílicas intracitoplasmáticas sugestivas de corpúsculos de inclusão no epitélio da língua, vacuolização de hepatócitos, discreta hepatite linfoplasmocitária periportal, elém de pneumonia broncointersticial. Os resultados da histopatologia diferem daqueles da Universidade Estadual de Iowa, em que não se observou lesões microscópicas específicas além das lesões ulcerativas por evolução das vesículas (GUO et al., 2016). Em contrapartida, parte dos resultados já foi descrita por Oliveira et al. (2017) e Leme et al. (2016) e corpúsculo de inclusão intracitoplasmático no epitélio da língua não havia ainda sido descrito. A infecção por SVA causa alterações relevantes na bioquímica sérica, possivelmente causadas pelas lesões musculares e as avaliações macroscópicas e microscópicas revelam lesões que podem auxiliar no diagnóstico; algumas dessas nunca anteriormente descritas na literatura.

A córnea é a estrutura mais externa do olho. A sua transparência e avascularidade são vitais para uma visão normal. É mantida ativamente pela expressão de fatores antiangiogênicos e antilinfangiogênicos. A neovascularização corneana é proveniente de doenças inflamatórias, infecciosas, degenerativas e traumáticas. O fator de crescimento endotelial vascular (VEGF- vascular endothelialgrowthfactor) proporciona a migração e proliferação das células vasculares endoteliais e consequente formação de pequenos vasos como parte do processo de cicatricial. O bevacizumabatua no bloqueio de VEGF-A e inibe o crescimento de novos vasos sanguíneos. Acorticoterapiae o uso de imunomoduladores são escolhas terapêuticas na prática clínica, mas nem sempre são eficazes. Nesse trabalhoforam incluídos 34 cães, independente de sexo e raça,com idade entre 1 e 14 anos, diagnosticados com afecções oftálmicas que cursam com neovascularização corneana, tais como: ceratoconjuntivite seca, ceratite pigmentar,granuloma cicatricial e outras lesões hemangiomatosas. Esses cãesforam divididos em 4grupos deaté 20olhos cada (G1 - bevacizumab; G2 –corticoterapia,G3 – imunomoduladores e G4–corticoide + imunomodulador).O bevacizumabserá utilizado em forma de solução tópica (2,5mg/ml), 2 vezes ao dia, por até 4 meses. A eficácia foi avaliada de forma comparativa com a corticoterapia e o uso de imunomoduladores, através de exames oftálmicos criteriosos e periódicos. Mediante as limitações do estudo, sendo recrutado cães com neovascularização corneana não padronizada e com duração de tratamento diferente para cada caso, o uso de bevacizumab tópico mostrou-se uma forma terapêutica eficaz na redução da vascularização corneana, assim como o uso da corticoterapia tópica.

A Piroplasmose Equina (PE) e Anaplasmose Granulocítica Equina (AGE) são importantes enfermidades transmitidas por carrapatos ixodídeos, que acometem equinos em várias regiões do mundo, principalmente naquelas de clima subtropical e tropical, onde os vetores são endêmicos. São causadas pelos protozoários intraeritrocitários obrigatórios Babesia caballi e Theileria equi e pela bactéria Gram negativa intracelular obrigatória Anaplasma phagocytophilum, respectivamente. As duas enfermidades podem se manifestar como condições subclínicas ou agudas, provocando doença febril inespecífica, e outros sinais como inapetência, perda de peso, icterícia e anemia. Essas manifestações semelhantes dificultam a diferenciação e o estabelecimento de um diagnóstico clínico. As abordagens terapêuticas das duas condições são distintas, o que reforça a importância do diagnóstico preciso e precoce. Para isso, técnicas moleculares são utilizadas para a identificação dos agentes, de maneira precisa e rápida. A reação em cadeia da polimerase (PCR) é um método de diagnóstico molecular cada vez mais importante na rotina clínica, apresentando rapidez no resultado, alta sensibilidade e alta especificidade. Em estudos sorológicos e moleculares realizados em cavalos no Brasil foi evidenciada a presença de A. phagocytophilum, no entanto, os estudos que identificaram esse agente em equinos com manifestações clínicas ainda são poucos, o que coloca em dúvida a sua relevância clínica. Desta forma, objetiva-se com o presente trabalho avaliar a importância dos hemoparasitos Anaplasma phagocytophilum e Theileria equi, como agentes etiológicos em equinos com manifestações clínicas sugestivas de piroplasmose, além de determinar a proporção clínica de cada agente e descrever clínica e laboratorialmente os achados obtidos de acordo com o hemoparasito identificado. Para isso, amostras de sangue da veia jugular de animais que apresentem pelo menos três sinais clínicos de PE serão submetidas a análises hematológicas, bioquímicas e moleculares (PCR) para identificação dos agentes.

Em éguas, a endometrite é uma das principais causas de perdas embrionárias e infertilidade, gerando grandes prejuízos econômicos ao setor. A ozonioterapia com seu potencial efeito microbicida é uma alternativa aos diversos tratamentos convencionais. O ozônio pela sua alta capacidade oxidante lesa a membrana do microrganismo, inativando-o em menor tempo e inviabilizando sua recuperação. Há, tanto na medicina veterinária (principalmente em bovinos) quanto na humana (na mulher), relatos do uso de ozonioterapia como forma de tratamento alternativo das endometrites com significativa eficácia, utilizando espuma, água destilada ou solução salina ozonizada. Outra forma de tratamento seria a utilização do plasma rico em plaquetas (PRP) ozonizado. Assim, o objetivo deste estudo será avaliar a eficácia da ozonioterapia e estabelecer o melhor protocolo para sua utilização no tratamento da endometrite equina como soro ozonizado ou PRP. Para tanto, no Setor de Reprodução Equina do Departamento de Reprodução e Avaliação Animal (DRAA) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), em haras vizinhos à Seropédica e adjacências, no Rio de janeiro, 30 éguas de raças variadas, pesando entre 350 e 500 Kg, serão avaliadas por exame clínico (palpação retal) e ultrassonografia, além de cultura, antibiograma e exame citológico endometrial durante a estação de monta 2021-2022. Os animais serão divididos em três grupos: G1 (n=10) infusão intrauterina com 1 litro de solução salina (NaCl 0,9%).; G2 (n=10) infusão intrauterina com 1 litro de solução ringer lactato ozonizado; G3 (n=10) infusão intrauterina com 40 a 60 ml de PRP. As éguas serão novamente examinadas no cio subsequente por ultrassonografia e coleta de material para cultura, antibiograma e citologia uterina. Aqueles animais que permanecerem com a infecção, serão tratados com antibióticos de acordo com o resultado do antibiograma. Os dados serão analisados utilizando-se ANOVA, seguido do teste de Tukey de comparação de médias, utilizando uma significância de P<0,05.

Palavras chave: Lavado uterino, solução salina ozonizada, microbicida.

A anestesia locorregional é uma técnica comumente utilizada para promover analgesia e relaxamento muscular em procedimentos invasivos e outras condições dolorosas. Essas técnicas oferecem bloqueio nociceptivo eficaz, contribuindo para a estabilidade do plano anestésico com mínima alteração na homeostasia. O bloqueio do plano eretor da espinha (BPEE) recentemente descrito promove analgesia visceral e somática, sendo efetivamente utilizado em uma variedade de cirurgias espinhais, torácicas e abdominais. O objetivo deste estudo é simular um BPEE em cadáveres caninos e determinar se haveria distribuição anterior do contraste para o espaço paravertebral, assim como no espaço intercostal, epidural e gânglio simpático, e assim elucidar suas aplicações práticas em medicina veterinária. Um total de 10 animais foram utilizados nesse estudo experimental cadavérico prospectivo. BPEE guiado por ultrassom foi realizado bilateralmente na altura das vértebras T5 e L2 utilizando 0.5 mL.Kg-1 de solução de radiocontraste. Os tratamentos foram aleatoriamente alocados no lado esquerdo ou direito de cada animal. Imagens de ressonância magnética (RM) determinaram a distribuição do contraste no interior da fáscia muscular e entre ramos dorsal e ventral, espaço epidural, intercostal e gânglio simpático. Complicações potenciais (invasão retropleural e retroperitoneal) foram registradas. BPEE guiado por ultrassom resultou em extensa dispersão craniocaudal no interior da fáscia entre o músculo eretor da espinha e os processos transversos das vértebras. Diferentemente de estudos anteriores, este demonstrou dispersão consistente em direção aos ramos ventrais no espaço paravertebral, epidural e intercostal, o que corrobora com resultados de estudos clínicos demonstrando a eficácia do BPEE em cirurgias torácicas e abdominais.  

Cágado é o nome genérico utilizado para designar quelônios de vida subaquática em águas doces, em diferenciação com aqueles de água salgada / marinha (tartarugas) e daqueles de vida terrestres (jabutis). Apesar de existirem cágados de origem nacional, o crescimento de espécies invasoras é uma ameaça preocupante ao desequilíbrio do bioma Brasileiro. A espécie norte americana Thrachemys sp. foi introduzida no Brasil como animal de estimação, mas sua disseminação em áreas naturais acontece em todo território, principalmente pela ação de abandono e soltura por seus tutores. Dessa forma, seja como animal de companhia ou como controle em áreas naturais por representar uma ameaça ao bioma nacional, a demanda pela esterilização cirúrgica dessa, e de outras espécies de cágados, é crescente, exigindo cada vez mais treinamento e desenvolvimento de técnicas mais modernas e adequadas às condições fisio-anatômicas desses animais por parte do médico veterinário. A dificuldade metabólica dependente da temperatura ambiental se revela como um grande desafio para anestesia , e a característica subaquática desse grupo gera condições adaptativas de apneia que fazem da anestesia inalatória uma opção questionável. Por outro lado, o Propofol tem ganhado força e estudos como agente adequado as condições limitantes da farmacocinética desses quelônios. Dessa forma a Anestesia Intravenosa Total (TIVA), pode apontar como uma opção viável e adequada para anestesia nessas espécies.

A toxoplasmose é uma infecção muito comum em várias espécies de animais. Os felinos domésticos são de grande importância para o ciclo de vida do Toxoplasma gondii, uma vez que junto com suas fezes, carreiam para o ambiente oocistos que em condições ambientais ideais esporulam e irão contaminar outros animais, incluindo o homem. A manifestação da doença é mais comum em cães e gatos imunocomprometidos, com sintomas amplos e sem sinais patognomônicos, assim sendo a toxoplasmose se torna de difícil diagnóstico na rotina clínica veterinária. O objetivo deste estudo foi detectar anticorpos IgG anti-Toxoplasma gondii (T. gondii) e investigar possíveis fatores de risco associados à cães e gatos atendidos em clínicas localizadas no Município de São José dos Campos no Estado de São Paulo (SP). As amostras foram cedidas pelos Laboratórios Vetvale Centro de Diagnóstico e Especialidades Veterinárias Ltda, e, Baldacin Salgado Serviços Veterinários S/S Ltda ME, ambos localizados no município de São José dos Campo - SP. As análises foram realizadas a partir do soro de 247 animais, sendo 169 cães e 78 gatos. A partir do soro dos cães e gatos do qual tivemos acesso, foi realizado o diagnóstico sorológico utilizando a técnica do Teste de Aglutinação Modificado (MAT) para detecção de anticorpos anti- T. gondii IgG no Laboratório de Doenças Parasitárias UFRRJ. Os dados dos fatores de risco que tivemos acesso foram por meio das fichas e histórico dos animais que foram cedidos para consulta pelo Laboratório (como idade, raça e sexo). O teste qui-quadrado foi utilizado para comparar o número de animais positivos com os fatores de risco associados à infecção por T. gondii em cães e gatos domésticos. Foi observada a prevalência de anticorpos anti- T. gondii em 63,91% dos cães testados. Já em felinos a soropositividade encontrada foi de 12,66% dos animais testados. Nenhum fator de risco como idade, raça e sexo apresentou diferença significativa em cães ou gatos do município estudado. Conclui-se que existe uma alta prevalência de T. gondii em cães domiciliados em São José dos Campos. Mais estudos devem ser realizados para saber o real impacto deste zoonose e investigar a forma como esses cães estão sendo infectados.

A ceratoconjuntivite seca (CCS) é uma das afecções oftálmicas mais diagnosticadas em cães, caracterizada pela produção inadequada de quantidade e qualidade do filme lacrimal. Atualmente, não existe cura para a CCS e os diferentes tratamentos visam melhorar os sinais clínicos (secreção ocular mucoide, hiperemia conjuntival, blefarospasmo, úlcera recorrente da córnea, vascularização da córnea, blefarite infecciosa recorrente e nos casos mais avançados, pigmentação da córnea) e impedir a progressão da doença, o que inclui atualmente, o uso de imunossupressores. Nesse contexto, busca-se o uso racional dos colírios atualmente disponíveis proporcionando a mesma eficácia com maior praticidade para os animais. O objetivo do trabalho será verificar a eficácia do tacrolimus 0,05% com intervalo maior que o recomendado no controle de cães portadores de CCS. Serão utilizados 28 animais de diferentes raças diagnosticados com CCS através do teste de Schirmer inferior a 10mm, e que estejam sem tratamento com imunossupressores por pelo menos dois meses. Os animais serão divididos em dois grupos experimentais: 14 animais medicados com tacrolimus 0,05% a cada 12 horas por 60 dias; 14 animais medicados com tacrolimus 0,05% a cada 12 horas por 15 dias e após, a cada 24 horas por mais 45 dias. As mensurações da produção de lágrima serão realizadas nos dias 0; +7; +14; +21; +28; +35; +42, +49, +56 e +63. Ao final do estudo, espera-se manter os níveis de produção de lágrima dentro da normalidade e os animais sem sinais clínicos desencadeados pela CCS até o dia +60, e com isso, propor aos clínicos que façam novas recomendações no manejo dessa doença, com o intuito de proporcionar maior adesão na manutenção da doença.

Os avanços da cirurgia veterinária nas últimas décadas proporcionaram o conhecimento de novas tecnologias. Equipamentos denominados “facilitadores” trazem maior rapidez e segurança para os pacientes e equipe. O Ligasure® é um tipo de seladora vascular, que promove hemostasia através da desnaturação e fusão do colágeno do vaso sanguíneo. Tal equipamento pode ser usado em procedimentos convencionais ou laparoscópicos, proporcionando menos sangramento e menor tempo cirúrgico. A seladora vascular substitui o uso de ligaduras com fios de sutura, clips hemostáticos, bisturi ultrassônico e laser. O presente projeto tem como objetivo fazer um estudo retrospectivo de 12 cadelas que foram submetidas à ovariohisterectomia eletiva laparoscópica, usando o Ligasure® na selagem dos pedículos ovarianos e do coto e vasos uterino, durante os anos de 2021 e 2022.  As informações mais importantes das pacientes foram coletadas, como: Raça, peso, idade, dados clínicos (frequência cardíaca, frequência respiratória, tempo de preenchimento capilar, temperatura retal, coloração de mucosa, turgor cutâneo), parâmetros trans operatórios (tempo cirúrgico, hemorragia de artérias e veias ovarianas e uterina, exposição e hemorragia de mucosa uterina) e possíveis sinais de hemorragia após 4 horas e também após 15 dias. O tempo cirúrgico médio foi de XX minutos e 3 cadelas apresentaram sangramento no trans operatório. O Ligasure® se mostrou eficaz para realização de OVH videolaparoscópica.

Um total de 115 gatos foram incluídos no estudo. Destes 65 (56,52%) eram fêmeas e 50 (43,48%) machos. E quanto ao estado reprodutivo 101/115(87,83%) eram castrados e apenas 14/115 (12,17%) inteiros. Na distribuição do estágio de vida, tiveram gatos em todas as quatro faixas etárias. Trinta e quatro gatos (29,57%) estavam entre 0 e 1 ano, 59 (51,3%) entre 1 e 6 anos, 19 gatos (16,52%) entre 7 e 10 anos e somente 3 gatos (2,61%) acima de 11 anos de idade. Na avaliação do escore corporal 46,08 (53/115) dos gatos apresentavam o peso ideal, 6,96% (8/115) estavam abaixo do peso ideal e 46,95% (54/115) acima do peso ideal. No teste de triagem 46,96% (54/115), menos da metade dos animais, eram negativos para os dois retrovírus. E o resultado positivo para o vírus da leucemia foi de 18,26% (21/115) e para o vírus da imunodeficiência de 56,52% (65/115). Já os gatos co-infectados para ambos os retrovírus representaram o valor total de apenas 8,7% (10/115). Não foi encontrada associação quanto ao sexo e escore corporal entre os grupos de gatos divididos quanto ao status de retroviroses pelo teste de triagem. No entanto, o teste de Exato de Fisher revelou o valor de p < 0,001, e demonstrou que o número de gatos castrados são significativamente maior em todos os grupos que número de gatos inteiros. Na análise da faixa etária, os gatos com até 1 ano de idade e resultado negativo para o FIV e o FeLV foi significativamente maior que nos gatos positivos para o retrovírus da Imunodeficiência felina pelo teste de Kruskall-Wallis com valor de p< 0,001).

A histoplasmose é uma micose sistêmica ocasionada pelo fungo dimórfico Histoplasma capsulatum. O diagnóstico da doença comumente é realizado por citologia, histopatologia ou cultura fúngica, muito embora estes estejam atrelados a necessidade de coleta de amostras de forma invasiva. O ensaio imunoenzimático antigênico (EIA) para Histoplasma pode ser realizado do soro e/ou urina dos animais, muito embora seu uso na medicina felina requer maiores investigações, visto a não existência de estudos que avaliem a eficácia da antigenúria e antigenemia. Ademais poucos casos de histoplasmose foram relatados em gatos no Brasil, o que pode estar atrelado ao subdiagnóstico da doença. Objetiva-se com este trabalho caracterizar dados clínicos de felinos com histoplasmose, bem como analisar o ensaio imunoenzimático antigênico para Histoplasma na urina e no soro destes animais, a partir do diagnóstico prévio de tal micose. Foram selecionados 12 felinos domésticos com diagnóstico de histoplasmose por citologia, histopatologia, micologia, Reação em Cadeia da Polimerase (PCR), ou resposta terapêutica, destes animais foram coletados dados clínicos, laboratoriais e de imagem, bem como amostras de soro e/ou urina para realização do EIA sérico e urinário para Histoplasma, Teste de Fluxo Lateral de Antígenos (LFA) urinário para Histoplasma e análise de anticorpos séricos da classe IgG para Histoplasma. Dos 12 animais com sangue disponível para análise antigênica 11/91,67% apresentaram antigenemia e dos 11 gatos em que a urina foi passível de coleta 9/81,82% exibiam antígenos urinários, de forma que todos os animais (100%) possuíam antígenos séricos ou na urina. Dos sete animais avaliados quanto ao LFA 5/71,43% foram positivos, bem como das oito amostras de felinos submetidas a análise de anticorpos IgG 5/62,5% apresentaram positividade. Os animais com a micose não diferiram significativamente quanto ao gênero, muito embora os gatos Sem Raça Definida e domiciliados foram mais propensos a ocorrência da afecção. A idade média dos gatos doentes foi de 6.75 anos. A alteração respiratória foi a preponderante queixa relatada pelos tutores de gatos com histoplasmose, bem como a dispneia foi o majoritário sinal clínico. Já no que tange as alterações de laboratório a linfocitopenia e a hipoalbuminemia foram super-representadas. A pneumonia foi o achado de imagem mais usual, presente em 12/100% dos gatos, com maior ocorrência do infiltrado interstício alveolar, outra alteração imagiológica frequente foi a hepatomegalia (8/66,67%).  O diagnóstico da histoplasmose se deu pela citologia pulmonar em 5/41,67% dos casos, histopatologia em 4/33,33%, resposta a terapia em 2/16,67% dos animais, enquanto a citologia cutânea, PCR e micologia foram empregadas uma vez cada (8,33%). A forma de apresentação da doença fúngica foi sobretudo disseminada, seguida da forma pulmonar. Todos os animais (12/100%) da pesquisa foram abordados terapeuticamente com antifúngicos, dentre os quais o Itraconazol e a Anfotericina B foram os mais utilizados, onde as aplicações de Anfotericina B associaram-se ao aumento de creatinina sérica. A corticoterapia se instituída antes do início do tratamento com antifúngicos foi atrelada a desfechos clínicos negativos. O prognóstico dos felinos avaliados foi sobretudo desfavorável, visto que 7/58,3% evoluíram para óbito ou eutanásia.

Diante dos desafios no uso de enxertos cutâneos autólogos na cirurgia veterinária, cresce progressivamente a busca de alternativas no enriquecimento do processo de reparo. O presente trabalho tem como objetivo avaliar a influência do enxerto omental LSMAV na implantação de enxertos cutâneos em malha aplicados sobre feridas experimentalmente produzidas em coelhos. Foram utilizados 24 coelhos submetidos a celiotomia longitudinal mediana para coleta de um fragmento omental (4 cm²). Após a celiorrafia foram produzidas, em todos os animais, duas feridas quadradas de 4 cm², uma em cada lado da região torácica dorsal, de forma que cada segmento de pele removido foi preparado para servir de enxerto cutâneo em malha, aplicado na ferida contralateral. Nas feridas controle (FC) o enxerto de pele foi suturado ao leito receptor utilizando-se pontos simples separados com fio poliamida 4-0, sem a presença do fragmento de omento entre o enxerto e o leito receptor. Nas feridas tratadas (FO) o fragmento de omento foi implantado no leito receptor utilizando-se oito pontos simples separados com fio de polidioxanona 4-0 em suas extremidades, com posterior sutura do enxerto de pele conforme descrito anteriormente. No pós-operatório foram instituídos terapia com antibiótico e analgésicos, curativo do tipo tie over nas feridas utilizando gel lubrificante hidrossolúvel, trocado aproximadamente a cada 3 dias, além de colar protetor e botas esparadrapadas para evitar automutilação. As feridas foram avaliadas quanto ao aspecto clínico nos dias 3, 7, 10, 14, 17, 21 e 28 pós-operatórios, atribuindo-se escores às características: aumento de volume, coloração, exsudato, desvitalização e deiscência de sutura. Ainda, os animais foram mantidos por períodos de 7, 14 e 28 dias (oito animais em cada período), quando então foram eutanasiados para avaliação anatomopatológica macroscópica (post-mortem) das feridas e obtenção de material para histopatologia (avaliação microscópica). Clinicamente destacou-se o aumento de volume nas FO, que se manteve por mais tempo e de forma mais intensa, sobretudo com consistência firme, na lateral dos enxertos a partir do terceiro dia de pós-operatório. Além disso, observou-se também nas FO produção de exsudato inflamatório por período mais prolongado, com evolução mais rápida dos enxertos para colorações escuras com aspecto ressecado e desvitalizado ao longo dos momentos de avaliação, não havendo integração do enxerto cutâneo em nenhum animal desse grupo. A avaliação anatomopatológica macroscópica evidenciou reação inflamatória mais intensa nas FO em todos os momentos de avaliação, porém com abrandamento dessas reações e evolução para reparo tecidual ao longo do tempo em ambos os grupos. A microscopia corroborou os dados das demais avaliações, sendo possível observar mais inflamação, com maior quantidade de células polimorfonucleares, mononucleares e células gigantes nos dias 14 e 28 de pós-operatório, maior intensidade de úlceras na epiderme no vigésimo oitavo dia e menos reepitelização nos dias 14 e 28 nas FO quando comparado às FC. Conclui-se que o enxerto omental LSMAV, apesar de ter se mantido viável e sem efeitos deletérios ao local de aplicação (leito receptor), não exerceu influência positiva na integração dos enxertos cutâneos em malha aplicados em feridas experimentais de coelhos.

O objetivo deste trabalho foi investigar o efeito de interrupções no treinamento anual de equinos de CCE sobre os principais parâmetros de condicionamento físico: V₂₀₀ e V_LA4; e perfil sérico enzimático de AST, CK, LDH e, do ácido úrico, glicose, lactato e frequência cardíaca. Foram utilizados 18 equinos Brasileiro de Hipismo em treinamento para CCE, no início da temporada hípica. Os animais foram divididos ao longo da temporada nos Grupos 1: equinos sem interrupções no treinamento; e Grupo 2: equinos com interrupções de treinamento. Foi realizado testes padronizados de esforço físico no início e no final da temporada. Os testes foram conduzidos em esteira de alta velocidade, até ao galope máximo de 9m/s, com duração de 25 minutos. A frequência cardíaca foi obtida através de frequencímetro Polar Equine, enquanto as amostras sanguíneas foram obtidas através de cateter na veia jugular esquerda. O parâmetro de condicionamento físico V₂₀₀ foi estimado através de regressão linear, enquanto o V_LA4 foi estimado através de regressão exponencial. As sessões de treinamento ao longo do ano foram acompanhadas, sendo qualquer interrupção do treinamento registrada, sua duração e causa. As análises estatísticas foram realizadas no programa estatístico R, versão 4.1.2. Os equinos incluídos no Grupo 2 tiveram interrupções superiores a 10 dias em seus treinamentos, sendo o motivo mais comum a mudança de modalidade hípica, seguido de ocorrências médico-veterinárias. Houve diferença significativa entre ambos os grupos com relação a dias não trabalhados (p<0,0005), com os valores médios de 45 e 87 dias dos equinos do Grupo 1 e Grupo 2, respectivamente. Os valores de V₂₀₀ durante o primeiro teste foram de 9,9 ± 1,9m/s e de 9,3 ± 1,6m/s para os grupos 1 e 2 (p>0,05), respectivamente, enquanto no segundo teste foram observados valores de 9,9 ± 1,6m/s e 8,9 ± 0,6m/s (p>0,05). Os valores de V_LA4 no observados no primeiro teste foram de 6,8 ± 2,1m/s e 6,4 ± 2,7m/s nos equinos dos grupos 1 e 2, e de 7,5 ± 2,1m/s e 5,9 ± 1,6m/s no segundo teste (p>0,05). Os valores da concentração do ácido úrico indicaram um melhor condicionamento físico nos equinos sem interrupções no treinamento, mostrando também diferença nos equinos deste grupo em ambos os testes e, indicando uma evolução ao longo da temporada hípica. As enzimas musculares AST, CK e LDH permaneceram dentro dos parâmetros estabelecidos, indicando ausência de lesões musculares durante o treinamento e testes. A determinação de glicose demonstrou um período de hiperglicemia pós-exercício, com flutuação relacionadas a alimentação e suplementação. Em conclusão, não houve diferença significativa entre os parâmetros de condicionamento físico dos equinos com e sem interrupções de treinamento, indicando que o período de pausa mínimo de 10 dias não foi o suficiente para causar diferenças no condicionamento físico dos animais.  

Animais de produção acometidos por doenças neurológicas devem ser necropsiados e coletados fragmentos do sistema nervoso para serem remetidos ao exame histopatológico. No que se refere à coleta de encéfalo, é importante a padronização de procedimentos e ao mesmo tempo a simplificação de protocolos. O presente trabalho justifica-se na importância em padronizar clivagens do cérebro na rotina em neuropatologia, maximizando a representatividade de estruturas subcorticais, com economia de processamento histológico. O objetivo foi descrever clivagens do cérebro para dois conjuntos de fragmentos de tecido nervoso, acondicionados em cassetes histológicos distintos. Padronizou-se a localização dos núcleos constantes do corpo estriado (núcleo caudado, putâmen, globo pálido, claustro), em um cassete obtido de corte transversal do telencéfalo; e outro conjunto formado por amígdala cerebral, hipocampo e tálamo, em um segundo cassete histológico. Foram utilizados 29 encéfalos de equinos e 11 encéfalos de bovinos. Os encéfalos foram pesados e mensurados nos seguintes parâmetros: comprimento e largura total do encéfalo; altura dos telencéfalos direito e esquerdo ao nível do lobo piriforme; e comprimento dos telencéfalos direito e esquerdo. Após as mensurações foram realizadas as clivagens e os fragmentos foram processados em banhos de solução de álcool, xilol e parafina, cortados e corados em hematoxilina e eosina. As lâminas foram ilustrativas para a identificação microscópica das estruturas propostas. O peso médio dos encéfalos formolizados foi 400,0 ± 85,0 gramas para bovinos e 380,0 ± 69,0 gramas para equinos. Para os bovinos os valores médios obtidos das mensurações foram: comprimento total do encéfalo (12,00 cm), comprimento do telencéfalo direito (9,60 cm), comprimento do telencéfalo esquerdo (9,50 cm), altura do telencéfalo direito (6,20 cm), altura do telencéfalo esquerdo (6,20 cm) e largura total do cérebro (9,10 cm). Para os equinos os valores médios foram: comprimento total do encéfalo (12,00 cm), comprimento do telencéfalo direito (9,60 cm), comprimento do telencéfalo esquerdo (9,60 cm), altura do telencéfalo direito (6,00 cm), altura do telencéfalo esquerdo (5,90 cm) e largura total do cérebro (8,52 cm). O corte transversal ao nível do quiasma óptico possibilitou o enquadramento das estruturas do corpo estriado em todas as amostras, à exceção do claustro nos fragmentos obtidos de cérebros de maior dimensão. Para a amígdala cerebral, hipocampo e tálamo, o corte horizontal incidindo a parte caudal do sulco rinal lateral possibilitou a localização das referidas estruturas em todas as amostras. Imagens submacroscópicas das lâminas e as correlações com as peças clivadas auxiliaram na confirmação das identificações dos núcleos considerados neste trabalho. Conclui-se que os cortes adotados neste trabalho foram adequados para a clivagem visando a localização dos núcleos propostos, independente do peso e variáveis métricas do encéfalo consideradas neste estudo.

Toxoplasma gondii é um protozoário intracelular obrigatório. Possui carnívoros como hospedeiros, entre eles, os gatos são hospedeiros definitivos e os cães domésticos, hospedeiros intermediários. Responsável por alterações dermatológicas, oftálmicas e neurológicas em canídeos. O objetivo deste estudo foi associar os achados clínicos, laboratoriais e fatores de risco com a soropositividade de Toxoplasma gondiiem cães domiciliados. As análises foram realizadas a partir de 47 cães oriundos da Zona Norte e Baixada Fluminense do Rio de Janeiro. Cada animal teve uma ficha individual onde foi armazenado informações sobre anamnese, exame físico e fatores de risco correspondentes. Foram coletadas amostras de sangue dos cães através da punção da veia cefálica e o diagnóstico sorológico foi feito através da detecção de anticorpos in vitro de Toxoplasma gondii pelo método de Imunofluorescência Indireta (RIFI) no Laboratório de Doenças Parasitárias, Departamento de Epidemiologia e Saúde Pública do Instituto de Veterinária da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Procedeu-se à confecção de tabelas de contingência, aplicando-se o teste G analisando uma possível associação significativa entre os fatores de risco associados à infecção por T. gondii em cães domésticos, ao nível de significância de 5%. Identificou-se uma soroprevalência de 38,3% na população estudada. Fatores de risco significativos foram o contactante felino e a raça Bulldogue francês identificada no estudo. Esse trabalho teve como intuito identificar a soroprevalência e fatores de risco da toxoplasmose nesta população.

A Espirorquidíase é uma das doenças mais comuns em tartarugas verdes. Os ovos e a forma adulta dos trematódeos são encontrados principalmente em coração, fígado, pulmão, baço e trato gastrointestinal. O objetivo do presente estudo foi descrever os aspectos anatomopatológicos da infecção por trematódeos Spirorchiidae Stiles & amp; Hassall, 1898 (Digenea: Schistosomatoidea) em tartarugas verdes (Chelonia mydas) na Bacia de Campos, Rio de Janeiro. O presente trabalho foi baseado na necropsia de 99 tartarugas verdes (Chelonia mydas, Chelonidae, Linnaeus) no período de abril a dezembro de 2021, provenientes do Sistema de Informação de Monitoramento da Biota Aquática (SIMBA). Realizou-se exame histopatológico no Setor de anatomia Patológica (SAP) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRuralRJ). Os fragmentos de tecidos (papila bucal, esôfago, traqueia, pulmão, coração, rim, bexiga, estômago, fígado, baço, intestinos, gônadas, adrenal, tireoides, pâncreas, glândulas de sal, músculo e pele) provenientes das necropsias, foram coletados e fixados em formalina à 10% tamponada, processados rotineiramente para exame histológico, cortados em secções de 4µm e as lâminas histológicas foram coradas pela hematoxilina e eosina (HE). 89% (88/99) das tartarugas-verdes apresentaram infecção parasitária. Das 88 tartarugas, 86 eram jovens (98%), 73% (64/88) correspondiam a fêmeas, 23% (20/88) a machos e 5% (4/88) a indivíduos de sexo indeterminado. Reações inflamatórias agudas 1,1% (1/88), subagudas 8% (7/88) e crônicas 91% (80/88) foram observadas. Em 14% (12/88), tartarugas foram encontrados parasitas adultos e seus ovos. Em 86,4% (76/88), tartarugas foram encontrados apenas ovos. O baço 89% (78/88), pulmões 66% (52/88), intestino delgado 63% (39/88) e estômago 55,3% (21/88) foram os órgãos com maior quantidade de ovos. Os trematódeos adultos encontrados nas lesões histológicas em ordem de ocorrência foram observados no esôfago, estômago, intestino delgado, rim, baço, pulmão, fígado e coração. No presente estudo foi observado alta prevalência por infecções de espirorquídeos em uma série de casos de tartarugas verdes (Chelonia mydas) encalhadas, porém, são necessários mais estudos sobre a patogênese e o ciclo biológico dos trematódeos da família Spirorchiidae.

A dor e a inflamação podem ser geradas por uma infinidade de estímulos, sendo entidades muito comuns na medicina veterinária, por este motivo analgésicos e anti-inflamatórios são os fármacos mais prescritos durante a rotina clínica. É importante salientar que as principais classes destes fármacos estão associadas a efeitos colaterais importantes. Diversos  fármacos  de  uso  corrente  foram  descobertos  durante  ensaios  experimentais  e mediante  a  observação  em  animais.  Quando  um  novo  composto  parece  promissor,  geralmente este sofre  alterações  em sua estrutura  química  a  fim de aperfeiçoar a  sua  seletividade, potência e  eficácia  terapêutica.  O  objetivo  deste  estudo  foi  avaliar  as  atividades  antinociceptiva  e  antiinflamatória  de  um  novo  composto  sintético  ((2S,6S)-6-etil-tetraidro-2H-pirano-2-IL) metanol  (LS20)  preparado  a  partir  de  um  protótipo  anterior,  ácido  (±)-cis-(6-etiltetrahidropirano-2-il)  fórmico.  O  composto  LS20  foi  avaliado  em  ensaios  de  indução  de  dor aguda.  A  administração  oral  do  composto  foi  capaz  de  induzir  atividade  antinociceptiva  nos modelos  de  contorções  abdominais  induzidas  por  ácido  acético,  formalina  (em  ambas  as fases), retirada  da  cauda e placa quente.  Para  elucidação  do  mecanismo  de  ação  do  composto,  o  modelo  de retirada  de  cauda  foi  utilizado.  Neste  modelo  foi  realizada  a  administração  prévia  de  naloxona (antagonista  opioide  não-seletivo),  em  que  foi  observada  a  inibição  do  efeito  produzido  pelo composto.  Assim,  foi  então  avaliada  a  participação  seletiva  de  receptores  opioides  (μ,  δ  e  κ), através  de  administração  prévia  de  metilnaltrexona,  naltrindol  e  nor-binaltorfimina, respectivamente,  onde  todos os antagonistas  foram  capazes  de  reduzir  o  efeito antinociceptivo  do  composto.  Para  avaliar  a  possível  participação  das  vias nitrérgica, colinérgica e serotoninérgica,  os animais  foram  pré-tratados  com L-NAME (inibidor não seletivo da óxido nítrico sintase), L-arginina (precursor do óxido nítrico), atropina (antagonista de receptor colinérgico muscarínico), mecamilamina (antagonista de receptor colinérgico nicotínico), ondansetron (antagonista do receptor serotoninérgico 5-HT₃) e PCPA (inibidor da síntese de serotonina), não sendo observado  redução  do  efeito  antinociceptivo  com  a  administração  prévia em nenhum destes testes.  O  modelo  de  Rotarod  foi  utilizado  para  avaliar  a  possibilidade  de  interferência  da  performance  motora  sobre o  efeito  antinociceptivo,  foi  demonstrada  ausência  desta  interferência.  Quanto à atividade anti-inflamatória,  o  resultado  no  teste  de  edema  de  pata  indica  efeito  antiedematogênico  do composto.  Houve  uma  diminuição  na  quantidade  de  leucócitos  totais,  indicando  que  o composto  foi  capaz  de  reduzir  a  migração  leucocitária  na  inflamação  existente  na  bolsa  de  ar subcutâneo.  O  composto  também  demonstrou  atividade  inibitória  sobre  a  produção  de  TNF-α, IL-1beta e IL-6, porém não demonstrou alteração nos níveis de IL-10.  Com relação aos ensaios in vitro, observou-se ausência de citotoxicidade, e redução das concentrações de TNF-α e IL-6, porém não houve alteração na produção de óxido nítrico. A atividade anti-inflamatória também foi avaliada in vitro, observou-se a inibição  seletiva  da  enzima  COX-2.  Esses  resultados  indicam  atividade  antinociceptiva significativa  do  composto,  sem  evidências  de  comprometimento  motor.  O  composto  LS20 demonstrou  efeito  antinociceptivo  central,  tendo  este  último  contribuição  do  sistemas opioide de maneira não seletiva. E ainda, atividade anti-inflamatória, com inibição da migração leucocitária, de  TNF-α  e  IL-1beta e IL-6, além de atividade inibitória  seletiva sobre  COX-2.

As concentrações de progesterona (P4) e um metabólito de PGF2a (PGFM) em éguas foram comparadas entre o intervalo interovulatório (IOI; n 1⁄4 8) e os dias correspondentes de prenhez (n 1⁄4 9). Em amostras de sangue diárias, P4 aumentou entre o dia da ovulação (Dia 0) e ~ Dia 6 e, em seguida, diminuiu gradualmente até o início da luteólise no grupo IOI. Antes do início da luteólise, não havia diferenças significativas nas concentrações de P4 entre o IOI e o início da gravidez. No IOI, a concentração de PGFM no dia anterior ao início da luteólise começou a aumentar (P <0,04) e atingiu uma média máxima (42,9 ± 11,6 pg / mL) no Dia 14. Na gravidez, um novo aumento no PGFM ocorreu a partir do Dia 12 a uma média máxima no Dia 15 (16,7 ± 3,1 pg / mL). As concentrações diárias de PGFM não foram diferentes entre os dois grupos até o aumento imediatamente antes da luteólise no IOI. Durante as sessões de 8 horas de coleta de sangue por hora, as concentrações média e máxima de PGFM foram significativamente maiores no IOI do que na gravidez para cada sessão de 8 horas nos dias 13, 14 e 15. O mínimo não foi diferente entre os grupos em qualquer dia. Os pulsos de PGFM foram identificados pelo coeficiente de variação durante as sessões de 8 horas de hora em hora em conjuntos de dias dos Dias 4e7, 9e11 e 13e16. Apesar do aumento de PGFM em amostras diárias entre os dias 12 e 15 de prenhez, a amplitude e os picos dos pulsos identificados por CV não diferiram nas éguas prenhes entre as séries de três dias. Os pulsos foram igualmente pequenos para os conjuntos de dias 4e7 e 9e11 no IOI e para todos os conjuntos de dias na gravidez (por exemplo, amplitude nos dias 13e16: 43,4 ± 15,6 pg / mL vs 5,4 ± 1,1 pg / mL para IOI vs gravidez). A hipótese 1 não foi sustentada de que as concentrações diárias de PGFM em um aumento de IOI na interseção entre o final do aumento rápido de P4 e a diminuição gradual de P4. A hipótese 2 foi sustentada que éguas grávidas têm pulsos de PGFM de baixa amplitude durante os dias de pulsos de alta amplitude na luteólise no IOI.

O presente estudo foi dividido em dois capítulos, sendo que o primeiro teve como objetivo
principal correlacionar diferentes estratégias de suplementação de progesterona (P4) em fêmeas
Nelore com o temperamento e a concentração de cortisol. Adicionalmente, foi avaliado o efeito
destas estratégias e do temperamento animal sobre a taxa de concepção. O segundo capítulo
teve por objetivo avaliar a eficiência de diferentes estratégias para elevar a concentração da P4
circulante em fêmeas Nelores sobre a funcionalidade do corpo lúteo (CL), taxa de concepção e
sobre a perda gestacional. Para os dois experimentos, 939 vacas foram submetidas à
sincronização da ovulação e inseminadas em tempo fixo (IATF). Após a IATF, os animais
foram distribuídos em três grupos: P4LA (n=70) 150mg de progestágeno injetável de longa
ação, 7 dias após a IATF; GnRH (n=68), 10μg de acetato de buserelina, 7 dias após IATF;
Grupo Controle (n=74) sem aplicação de hormônio. Avaliações ultrassonográficas em modo B
(folículo pré-ovulatório - FPO) foram realizadas no dia da IA e as avaliações Doppler colorido
(CL) foram realizadas no dia da inseminação, 7 e 16 dias após. Amostras de sangue foram
coletadas no dia da IATF assim como no 7o e 16o dias após, para dosagem de cortisol e P4,
respectivamente. No primeiro capítulo, no momento da inseminação, os animais foram
pontuados em escore de acordo com o comportamento apresentado, por meio desta avaliação
eles foram classificados em animais de temperamento excitável (EXC) ou adequado (ADQ).
Animais classificados como excitáveis tiveram maiores concentrações de cortisol e
apresentaram menores volumes de FPO e CL, sete dias após a IATF. Não foi observada
diferença significativa entre as variáveis intensidade e número de pixels do CL além das
concentrações de P4, sete dias após a inseminação. Entre os animais EXC, os grupos GnRH e
P4LA apresentaram maiores concentrações de P4. Houve uma tendência de menor
concentração de P4 nos animais EXC quando comparados com ADQ no grupo controle
(p=0,06). Os animais do grupo controle classificados como EXC apresentaram menor perfusão
vascular comparado ao ADQ (p=0,04). Entre os animais ADQ, os grupos GnRH e P4LA
apresentaram menor perfusão vascular comparado ao controle (p=0,04). Entre os animais EXC,
foi observada maior taxa de concepção para os grupos GnRH e P4LA comparado ao controle
(p=0,01). No grupo controle, a taxa de concepção dos animais ADQ foi maior comparado com
animais EXC (p=0,05). No experimento 2, não foi observada diferença significativa entre os
tratamentos nas variáveis volume, intensidade e número de pixels do CL, assim como em
relação a concentração de P4, 7 dias após a ovulação. A perfusão vascular do CL 16 dias após
a ovulação foi menor nos grupos P4LA e GnRH (P<0,01). As concentrações plasmáticas de P4,
16 dias após a ovulação, foram maiores nos grupos P4LA e GnRH em relação ao grupo controle
(P=0,04). Foi observada diferença significativa na taxa de concepção (P=0,003) e uma
tendência na perda gestacional (P=0,07) em função dos tratamentos. Conclui-se que q utilização
de GnRH ou P4 sete dias após a ovulação afeta a vascularização do CL aumenta as
concentrações plasmáticas de P4 dezesseis dias após a ovulação e melhora as taxas de
concepção em animais excitáveis, sendo uma alternativa viável a fim de minimizar o impacto
negativo do estresse e melhorar os índices reprodutivos.

A Medicina moderna tem buscado na Bioengenharia soluções para as mais variadas doenças que afetam a saúde humana e animal. A Bioengenharia é uma área de conhecimento em desenvolvimento. A utilização de materiais com baixa ou nenhuma toxicidade e imunogenicidade torna-se imperativo. A Membrana Amniótica Equina (MAE) é uma boa fonte de tecido e células potencialmente capaz de promover a reconstrução tanto de tecidos, quanto órgãos. Além disso, possui outras propriedades biológicas importantes para engenharia de tecidos, incluindo qualidade anti-inflamatória, antimicrobiana, antifibrose, anticicatrizante, propriedade mecânica razoável e baixa imunogenicidade. Representa parte do universo de materiais que se propõem ao uso terapêutico em áreas como ortopedia, odontologia, oncologia e cirurgia reparadora em queimaduras. Contudo, apesar do grande número de trabalhos já publicados estudando a membrana amniótica, questões básicas ainda necessitam ser respondidas, como mecanismos pelos quais esse biomaterial age sobre os organismos ainda não estão completamente elucidados. Nesta tese, estabelecemos e validamos protocolos para coleta, preparo e preservação da membrana amniótica equina que possibilitem a obtenção de um biomaterial viável, livre de contaminação para utilização como medicamento. Caracterizamos morfologicamente por imuno-histoquímica três diferentes tipos de biomateriais oriundos da MAE, a membrana restituída de congelamento (AMNn), a membrana desidratada (AMNd) e a membrana descelularizada (AMNTx), para presença de componentes bioativos presentes no biotecido e capazes de participar como agentes facilitadores no processo de cicatrização. Os resultados obtidos na avaliação de cada biomaterial desenvolvido, culmina com comprovação da manutenção dos componentes, laminina, fibronectina e dos colágenos I e IV na estrutura da maioria das amostras dos biomateriais estudados, com exceção da imuno-histoqímica da AMNd para colágeno I que teve resultado inconclusivo. Essas informações tornam-se de suma importância, uma vez que estes elementos exercem importante papel na promoção de suporte, estímulo a angiogênese, controle da inflamação, migração e adesão celular durante o processo de cicatrização tecidual. O próximo passo deve ser a implementação da utilização e a coleta de dados relativos ao desempenho clínico de cada um desses biomateriais.

Cobre, cobalto e ferro cujas deficiências estão associadas ao desenvolvimento de anemia em ruminantes, apresentam relevâncias distintas no contexto das prováveis carências e intoxicações. Enquanto cobre e cobalto estão relacionados com deficiências em amplas áreas de terra no Brasil, a deficiência de ferro raramente ocorre no gado bovino, exceto em animais jovens com dieta exclusiva de leite e na forma secundária à perda de sangue. No entanto, a suplementação oral ou parenteral de ferro é utilizada amplamente, sem necessidade e até mesmo recomendada por médicos veterinários, levando a gastos desnecessários e inclusive a riscos de intoxicação ou efeitos adversos. Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi avaliar a literatura especializada quanto à ocorrência e principais causas de anemia em bovinos, os produtos comerciais disponíveis para tratamento e as condições de uso dos suplementos em relação à ocorrência de anemia em bovinos jovens e adultos, sem sinais de enfermidades e com enfermidades diversas. Complementarmente foi realizado um estudo retrospectivo dos casos de anemia em bovinos a partir dos resultados de hemogramas de 1405 bovinos jovens e adultos, sadios e com enfermidades distintas, de diferentes procedências, por métodos manual e automatizado, realizados entre 2002 e 2020. Anemia foi identificada em 694 (49,4%) amostras sendo mais frequente a normocítica normocrômica (34,9% das amostras) seguida da macrocítica (15,4%). A maioria dos casos foi de grau leve (229 – 76,6%) com VG variando entre 18 e 23% predominando a anemia normocítica normocrômica (45%). Bezerros sadios e doentes apresentaram anemia (21,9% e 39,8%, respectivamente). Também nos bezerros a anemia normocítica foi mais frequente, sendo mais comum a hipocrômica nos sadios (54%) e normocrômica nos doentes (55,3%). Os casos identificados estão provavelmente relacionados à perda crônica de sangue, sobretudo por parasitos externos ou gastrointestinais, além de hemoparasitoses, e em alguns casos devido à intoxicação crônica por samambaia (Pteridium sp.) e deficiência de cobre. A obtenção de amostras de sangue em um momento em que a anemia estava instalada, porém sem redução significativa da hemoglobina ou ainda, antes que a resposta medular fosse evidente pode em parte, justificar o grande número de casos de anemia normocítica normocrômica identificados.

Uma das estratégias para aumentar a eficiência dos programas de transferência de embriões em equinos é a indução de múltiplas ovulações. Neste contexto o objetivo do presente estudo foi verificar o melhor protocolo para indução de duplas ovulações, bem como a taxa de ovulação e recuperação embrionária nos grupos estudados. Foram avaliados 41 ciclos estrais obtidos de éguas Mangalarga Marchador. Todos os animais foram induzidos ao estro no 8^o dia do ciclo estral (D8) com 5 mg de dinoprost trometamina e quando foram observados ao menos dois folículos próximos de tamanho entre 17 e 19 mm, os ciclos foram divididos em três grupos de acordo com o tratamento a que submetidos: Grupo I (n=13 ciclos) - 100 µg de acetato de deslorelina, a cada 12 horas; Grupo II (n=14 ciclos)  -  125 µg de acetato de histrelina, a cada 12 horas e Grupo III (n= 14 ciclos) considerado grupo controle, no qual foi administrado 1,0 ml de solução salina a cada 12 horas. A duração do tratamento com análogos de GnRh não excedeu sete dias, sendo interrompido quando a maioria dos folículos atingissem diâmetro adequado para indução da ovulação ou quando os mesmos cessassem o crescimento. A indução da ovulação foi realizada utilizando 1000 UI de hCG intravenoso quando o(s) folículo(s) atingisse um diâmetro médio entre eles de 35 mm e edema uterino. A partir da indução da ovulação, 24 horas após as éguas foram inseminadas com sêmen a fresco de um garanhão de fertilidade comprovada. A colheita de embriões foi realizada no oitavo dia após a detecção da ovulação. Os resultados demonstraram uma média do número de ovulações por ciclo de 1,15 (GI), 0,86 (GII) e 1,14 (GIII). Quanto o número de embriões recuperados por ovulação 0,46 (GI), 0,36 (GII) e 0,71 (GIII) e o número de embriões recuperados por ciclo de 0,67 (GI), 0,50 (GII) e 0,71 (GIII). Não foi evidenciado diferença estatística entre os grupos estudados (P > 0,05). Conclui-se que os protocolos propostos não foram capazes de aumentar as taxas de duplas ovulações nos grupos avaliados.

Cães são particularmente sensíveis a sons e podem ser considerados cães fóbicos a sons aqueles que exibem uma resposta extrema, profunda e não graduada ao ruído. Alguns cães continuamente apresentam diferentes graus desta resposta de medo quando expostos a ruídos específicos, como sons de trovão e fogos de artifício, e são classificados reativos ou sensíveis a sons. A sensibilidade ou reatividade a sons em cães é uma condição muito frequente e está associada a fatores individuais variáveis e a crescente exposição a fatores de risco. Apesar de todas as raças serem acometidas, cães de pastoreio como os da raça border collie tem alta predisposição a apresentarem sensibilidade a sons. Como a intensidade da sensibilidade é resultado da interação entre fatores genéticos e ambientais, o presente estudo visa, numa população de cães da raça border collie, sensíveis ou não a sons avaliar os fatores de risco e a herdabilidade a sensibilidade a sons, além de avaliar as respostas autonômicas (através da variabilidade da frequência cardíaca) e comportamentais destes cães a um  teste da reatividade a sons. Foram utilizados 37 cães da raça border collie, ambos os sexos e idade variando de 6 meses a 10 anos, com diferentes graus de parentesco provenientes de criadores e tutores do estado do Rio de Janeiro. Inicialmente os tutores responderam a um questionário sobre os fatores de risco onde foi abordado a qualidade da relação tutor-cão; reações comportamentais de medo em situações de exposição a sons; transtornos comportamentais concomitantes; a idade de início do medo e os possíveis eventos desencadeadores. Para o diagnóstico da sensibilidade a sons, além do questionário respondido pelo tutor, os animais foram submetidos a um teste de reatividade ao som realizado no domicilio dos animais. Neste teste, uma gravação de sons gerais incluindo fogos de artificio e trovão, em volume crescente foi apresentada a cada cão individualmente, sendo considerado reativo ao som aquele que reagiu ao som com sinais de estresse. Durante os testes, além da avaliação comportamental, a atividade autonômica foi avaliada pela análise da variabilidade da frequência cardíaca, onde os intervalos faixas cardíacos foram coletados através do uso de um frequencímetro (Polar®). Na população estudada, a prevalência de sensibilidade a sons de trovão foi de 56,8%  e a fogos de artificio foi de 64,9% e não foi identificado nenhum fator de risco ambiental, ou idade ou sexo relacionado a sensibilidade a sons. No entanto a herdabilidade calculada foi de 0,5, que é considerada alta, indicando significativa influência genética nesta condição. Não houve correlação entre as respostas comportamentais e autonômicas ao teste de reatividade ao som e a percepção dos tutores sobre a sensibilidade ao som dos seus cães, o que pode indicar baixa sensibilidade do teste de reatividade. 

Os avanços da medicina veterinária levaram a um aumento na expectativa de vida dos cães, e alterações relacionadas ao envelhecimento são cada vez mais reconhecidas, como as microhemorragias cerebrais (MHCs), no entanto existem poucos estudos descrevendo sua ocorrência e epidemiologia em cães. As MHCs são pequenas áreas focais, hipointensas, intraparenquimatosas visualizadas na sequência de T2 gradiente eco (T2*) da ressonância magnética (RM). O objetivo deste estudo retrospectivo foi descrever as características epidemiológicas e achados de RM de cães com MHCs, e sua associação com alterações do envelhecimento e outros achados intracranianos concomitantes. O banco de dados do Centro de Referência Veterinária (CRV Imagem, Rio de Janeiro), entre janeiro de 2019 e setembro de 2020 foi revisado. Foram incluídos cães submetidos a RM de encéfalo com as sequências de T2*, T2, FLAIR, T1 pré e pós contraste. Cães com pelo menos uma microhemorragia, identificados a partir de critérios pré estabelecidos, foram incluídos no grupo MHC e os animais restantes foram utilizados como controle (grupo C). Variáveis epidemiológicas (raça, sexo e idade) e achados de RM concomitantes obtidos por meio dos registros radiológicos foram comparadas entre os grupos. No grupo MHC, o número, localização anatômica (cortex cerebral, núcleos da base, tálamo, tronco encefálico e cerebelo) e distribuição das MHCs (lobar e profunda) foram avaliados. Um total de 747 cães se enquadraram nos critérios de inclusão. Desses, 142 (19%) cães apresentaram >1 MHCs. Cães com MHCs foram mais velhos do que os cães controle (mediana 14 vs. 9 anos) e a incidência de lesões aumentou com  idade, principalmente a partir dos 10 anos. Cães de pequeno porte foram significativamente mais afetados comparados a cães de grande porte. A maioria dos cães tinha múltiplas MHCs (62%), principalmente com uma distribuição lobar (57,7%). Atrofia cerebral foi identificada concomitantemente com MHCs em 61,3% dos cães. Conclui-se que as microhemorragias cerebrais foram um achado comum de RM associada ao envelhecimento em cães de pequeno porte, com incidência crescente em cães com mais de 10 anos e frequentemente associadas à atrofia cerebral.

O estudo foi realizado durante o período de março de 2019 a fevereiro de 2020, utilizando-se animais provenientes do Setor de Caprinocultura, do Instituto de Zootecnia (IZ) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).Foram utilizados 30 caprinos, mestiços de Saanen x Boer, machos, inteiros, púberes, com idade entre 10 e 24 meses. Todos os animaisforam pesados, identificados com placas numeradas fixadas por meio de coleira na região da orelha e do pescoço, fotografados de frente e perfil e avaliados clinicamente. Os caprinos foram alojados em baias coberta suspensas, com dimensões de 5x3m (15m²), soltos durante o dia em piquete anexo e recolhidos ao entardecer. Na baia fornecidos capim picado e ração formulada pelo próprio setor de Zootecnia. Os animais submetidos ao exame andrológico e ao teste de libido, realizados no dia anterior à primeira intervenção cirúrgica e 90 dias após o procedimento cirúrgico. A coleta do sêmen realizada com o auxílio de uma vagina artificial própria para a espécie, uma semana antes de realizar os procedimentos cirúrgicos, 15 dias após os mesmos, e a seguir, semanalmente, até total azoospermia (máximo de 90 dias), verificados o aspecto e a coloração do ejaculado e uma pequena alíquota do mesmo depositada sobre lâmina de vidro coberta com lamínula, onde foram avaliados: motilidade espermática progressiva, vigor, turbilhonamento e posteriormente a concentração em câmara de Neubauer. Na semana anterior ao procedimento cirúrgico,foi realizado exame ultrassonográfico de testículo, epidídimo e plexo pampiniforme, com posterior acompanhamento mensal, de até 90 dias. Em todos os procedimentos experimentais, os animais foram sedados com midazolam (0,1mg/kg) e cloridrato de xilazina 2% (0,05mg/kg) e realizado um bloqueio local com lidocaína 2% sem vasoconstrictor no local da incisão. No pós-operatório foram administrados oxitetraciclina (0,1ml/kg) e flunexin meglumine (1,1mg/kg), por via intramuscular, por 2 dias. Os animais foram divididos em grupos segundo os procedimentos cirúrgico: criocirurgia (n=10), vasectomia (n=10) e epididimectomia (n=10). Todos os animais foram submetidos ao procedimento de orquiectomia após os 90 dias de avaliação. O Objetivo do estudo foi comparar a eficiência da criocirurgia com as técnicas cirúrgicas de vasectomia e epididimectomia para formação de rufião caprino, avaliando a eficácia da criocirugia na cauda do epidídimo para a obtenção de esterilização irreversível de machos, avaliação da presença de libido nos animais e avaliação histopatológica, após 90 dias em todos os grupos.

A punção percutânea lombossacral em coelho (Oryctolagus cuniculus) para bloqueio anestésico peridural é um desafio na anestesia contemporânea, pois, as particularidades anatômicas e fisiológicas da espécie requerem precisão na localização do espaço epidural e no volume de anestésico local, para que atinja o segmento nervoso de interesse a ser bloqueado. A punção lombossacra com o auxílio do estimulador de nervo periférico em coelhos é factível, pois já é preconizada em caninos e felinos. Essa punção peridural guiada pelo neurolocalizador visa melhorar a qualidade analgésica nesses animais frente à diversas demandas cirúrgicas como: orquiectomia, ovariosalpingohisterectomia, nodulectomia e osteossíntese. O epidurograma, radiografia seriada contrastada, tem ajudado na análise da dispersão da solução através do espaço peridural. O estudo será realizado em 12 coelhos adultos da raça Nova Zelândia branco, conforme aprovação do comitê de ética, após a avaliação clínica e dos exames complementares prévios. Os animais serão distribuídos de forma aleatória e equitativa em dois grupos, e pré medicados com cetamina IM (20 mg kg^-1) e midazolam IM (1 mg kg^-1); após a indução com propofol IV (3 mg kg^-1) e intubação orotraqueal, serão mantidos em anestesia geral com isoflurano dose efeito diluído em oxigênio a 100% (1 L/mim). A localização do espaço epidural, através da agulha do neuroestimulador, se dará pelo movimento de cauda do coelho ao mínimo valor de miliamperagem (mA) do aparelho na menor aproximação do tecido nervoso. A solução contrastante (iohexol) será administrada no grupo I (n=6) sob a fórmula: 0,05 ml por cm do comprimento entre o osso occipital e a primeira vértebra coccígea (Loc), e no grupo II (n=6) sob a fórmula: 0,33 ml por quilo de peso vivo. Será avaliada a frequência respiratória (f) e cardíaca (FC), a saturação de oxihemoglobina (SPO₂), a pressão arterial oscilométrica (PAS/PAM/PAD), o dióxido de carbono expirado (EtCO₂) e a temperatura esofágica (TE). A análise da migração cranial do iohexol será realizada pela epidurografia seriada a cada 5 minutos. O objetivo desse estudo é avaliar a eficácia da técnica da punção peridural lombossacra com o estimulador de nervo periférico em coelhos, determinar o regime elétrico da neurolocalização para a espécie e determinar o limite cranial da migração do meio de contraste pelo espaço peridural nos diferentes volumes.

As neoplasias melanocíticas originam-se da proliferação de melanoblastos e melanócitos e são nomeadas melanomas, quando malignas e melanocitomas, quando benignas. Os melanomas correspondem a 7% das neoplasias malignas em cães, o que torna essencial estudo acerca destes tumores. Uma vez que expressam comportamento agressivo e histologia variável, exames complementares são necessários para o estabelecimento do diagnóstico e prognóstico. A atividade mitótica pode ser um importante critério de valor prognóstico para os melanomas, pois estima a taxa de proliferação celular. Desta forma, os objetivos deste trabalho foram realizar um levantamento dos tumores melanocíticos diagnosticados no Setor de Anatomia Patológica (SAP) entre janeiro de 1999 a agosto de 2020, avaliar o índice proliferativo dessas neoplasias com anticorpo Ki-67 (MIB-1) e correlacioná-lo com o prognóstico. Foram avaliados os históricos, laudos de necropsias e biópsias e reavaliadas as lâminas coradas com hematoxilina e eosina (HE). Todos os dados, incluindo os epidemiológicos, foram compilados. Os melanomas amelanóticos foram submetidos ao exame imuno-histoquímico com anticorpo Melan-A a fim de assegurar o diagnóstico. Em seguida, realizou-se imuno-histoquímica com Ki-67, utilizado como marcador de proliferação celular e as lâminas foram contracoradas com Giemsa. Calculou-se o índice de proliferação do Ki-67, contando as células em 10 campos aleatórios de cada caso em objetivas de 40x. Do total de 78 casos de neoplasias melanocíticas do SAP, 32 localizavam-se em cavidade oral, 29 em pele, nove em leito ungueal e o restante em locais variados, totalizando 41 fêmeas e 37 machos. Os animais SRD somaram a maior parte dos casos (29). A idade foi informada em 70 casos, variou de três a 19 anos, com maior número em 10 anos. As manifestações clínicas mais comuns informadas nas fichas foram anorexia e dispneia. Em 48 casos foi possível analisar as características histopatológicas. Com relação ao aspecto morfológico, os tumores foram divididos em fusiforme (um caso), epitelióide (11 casos) ou misto (35 casos). O pleomorfismo foi acentuado em 36,9% dos casos e a média das mitoses, de todos os campos, foi de 10,5. Em 36/78 casos (33 melanomas e três melanocitomas) foi realizada a técnica imuno-histoquímica para Ki-67. Destes, 12 apresentaram resultado positivo: três melanomas amelanóticos, oito melanomas melanóticos e um melanocitoma. Ao considerar os índices de proliferação do Ki-67 obtidos e analisar as mitoses com o diagnóstico prévio, o resultado corroborou com a literatura, visto que a variante maligna apresentou esses parâmetros mais evidentes que a variante benigna. Sabe-se que quando o valor do índice encontra-se ≥ 15%, é indicativo de prognóstico desfavorável e relaciona-se com índice mitótico ≥3 em 10 campos na objetiva de 40x. Em 4 casos de melanomas, os índices de proliferação corresponderam a 15,28%, 15,87%, 19,13%, e 51,3% e os índices mitóticos resultaram 5, 30, 60 e 70. Conclui-se que neoplasias melanocíticas são distribuídas igualmente em ambos os gêneros e acometem predominantemente cães a partir de três anos de idade e o local mais frequente da lesão é a cavidade oral, seguido por pele e leito ungueal. No que diz respeito às neoplasias melanocíticas diagnosticadas nos últimos 22 anos no Setor de Anatomia Patológica da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, pôde-se observar que os aspectos epidemiológicos relacionados ao sexo, idade, raça e localização corroboram com aqueles descritos na literatura, assim como os sítios de metástase. O tipo histológico predominante é o melanoma melanótico, com frequência semelhante à relatada na literatura mundial. A morfologia celular mais observada no presente estudo foi do tipo misto, diferentemente da maioria dos demais estudos, onde a mais frequente é a epitelióide.  Além disso, o índice proliferativo determinado pela contagem de mitoses e imunorreatividade ao Ki-67 variou significativamente entre tumores melanocíticos localizados na cavidade oral e pele. Na variante benigna, o índice proliferativo foi menor quando comparado com as neoplasias malignas e o método de contagem utilizado neste trabalho mostrou-se efetivo para todos os tipos de neoplasias melanocíticas estudadas independente da sua localização.

A anestesia balanceada envolve a administração de diferentes agentes para criar o estado anestésico. Essa abordagem evita a dependência exclusiva de opióides para controlar a nocicepção no período transoperatório e a dor no pós-operatório. Com base no fato de que o sulfato de magnésio (MgSO₄) impede a sensibilização central causada pela estimulação nociceptiva periférica atuando como um antagonista do receptor NMDA, seu efeito analgésico e redutor de anestésico, foi demonstrado em modelos animais e humanos. Dessa maneira, o objetivo do presente estudo foi avaliar o efeito da administração de sulfato de magnésio no requerimento anestésico de propofol e fentanil, na resposta ao estímulo nociceptivo durante o período transoperatório e na analgesia pós-operatória imediata de cadelas submetidas à ovariohisterectomia. Trinta e duas cadelas, sedadas com acepromazina 0,02 mg/kg intramuscular, foram divididas aleatoriamente por sorteio em quatro grupos: PMFA - MgSO4 e fentanil alta dose; PFA - NaCl 0,9% e fentanil alta dose; PMFB- MgSO₄ e fentanil baixa dose; PFB - NaCl 0,9% e fentanil baixa dose. As pacientes foram induzidas com propofol 1mg/kg/min dose efeito, ato contínuo permaneceram em infusão contínua dos tratamentos selecionados, com titulação da taxa de propofol de acordo com as variáveis cardiorrespiratórias e plano anestésico. Caso houvesse incremento de 20% da FC, FR ou PAS, foi administrado fentanil 2,5mcg/kg. Durante o transoperatório, avaliou-se a dose de propofol necessária para indução e manutenção anestésica, efeito antinociceptivo transoperatório através das variáveis cardiorrespiratórias, com o requerimento de doses adicionais de fentanil, qualidade de indução, de intubação e de relaxamento muscular transoperatório. Após o término da cirurgia foram avaliados os tempos de extubação, de sustentação de cabeça e posicionamento espontâneo em esternal, a qualidade de recuperação anestésica e a avaliação da dor utilizando a escala de Glasgow e os parâmetros fisiológicos. A concentração sérica de magnésio total foi mensurada em três diferentes tempos. Quanto aos resultados, houve diferença estatística entre os grupos quanto ao número cadelas que necessitaram doses adicionais de fentanil no transoperatório PMFA (4/8) PFA (4/8), PMFB (5/8) e PFB (7/8). No pós-operatório não houve diferença significativa na avaliação de dor pela escala de Glasgow, porém mais cadelas do grupo PFB, necessitaram resgate analgésico. No trans e pós-operatório, a concentração média de magnésio sérico total foi estatisticamente maior do que o valor pré-operatório (p <0,005) nos grupos PMFA e PMFB. Nas demais variáveis avaliadas, não houve diferença estatística entre os grupos. Este estudo não encontrou benefício clínico evidente na administração de sulfato de magnésio em cadelas sedadas com acepromazina e anestesiadas com fentanil e propofol em cirurgia de ovariohisterectomia

A ocorrência de hemoparasitoses em marsupiais é mundialmente descrita em países como o Brasil, Austrália, Estados Unidos, China, entre outros. Apesar disto, são escassas as investigações em gambás-de-orelha-preta (Didelphis aurita). Objetivou-se com este estudo pesquisar a presença de hemoparasitas pertencentes à família Anaplasmataceae, Piroplasmas e também Hemoplasmas em sangue periférico e de medula óssea, bem como a existência de co-infecções em Didelphis aurita oriundos da região metropolitana do Rio de Janeiro. Um total de 15 gambás-de-orelha-preta foram recebidos no Centro de Triagem de Animais Silvestres – CETAS RJ e no Centro de Reabilitação de Animais Silvestres – CRAS RJ. Mediante contenção apropriada, os animais foram avaliados clinicamente e inspecionados quanto à presença de ectoparasitos. Além disto, amostras de sangue periférico foram colhidas através de venopunção da veia da cauda e transferidas para tubos contendo o anticoagulante EDTA, para se realizar o hemograma. A coleta de medula óssea foi realizada após sedação, em apenas dez dos quinze animais devido ao escore corporal adequado que estes possuíam. Para se evitar resultados falso-negativos, todas as amostras foram submetidas à análise molecular prévia para detecção dos genes endógenos gapdh e IRBP. As detecções de DNA de Agentes Anaplasmataceae e Mycoplasma spp. foram baseadas no gene 16S rRNA e Piroplasmas no gene 18S rRNA. Todas as amostras de sangue total e medula óssea testadas foram negativas para Agentes Anasplasmataceae. Vinte porcento (3/15) dos animais foram positivos para Mycoplasma spp. apenas nas amostras de sangue total, e destes, 66,6% (2/3) apresentavam comorbidades inflamatórias. Para a ordem Piroplasmida, 33,3% (5/15) dos animais foram positivos em amostras de sangue total e também medula óssea e 80% (4/5) apresentavam comorbidades. Um dos animais positivos para Piroplasma apresentava mucosa ictérica e diminuição do valor de hemoglobina corpuscular média e outro animal apresentou anemia (hematócrito de 23,5%) e diminuição do valor da proteína plasmática (5g/dl). 13,33% (2/15) dos gambás foram co-infectados por Piroplasmas e Hemoplasmas em amostras de sangue total, e apenas um apresentava comorbidade. Os dados deste estudo indicam a existência de infecções por hemoparasitas de importância em Didelphis auritaprovenientes da região metropolitana do Rio de Janeiro, o que reforça a necessidade de novos estudos epidemiológicos que esclareçam a participação destes animais na ocorrência destas doenças nos animais domésticos e seres humanos.

O prurido é um dos mais comuns sinais clínicos na dermatologia veterinária. Dentre as diferentes etiologias, é frequentemente observado nos felinos portadores de dermatite alérgica à picada de pulgas. Corticosteroides e ciclosporina são os fármacos atualmente mais utilizados como terapia antipruriginosa, porém podem levar a ocorrência de diversos efeitos adversos. O oclacitinib, inibidor da janus kinase, tem sido utilizado para o controle de prurido em cães de forma eficaz e segura, com poucos efeitos adversos. Em felinos poucos estudos estão disponíveis, com divergências entre as doses e regime de administração e não há disponível estudo de segurança para a espécie. Os objetivos do estudo foram: (i) verificar a segurança do Oclacitinib no uso em felinos; (ii) determinar a eficácia no tratamento de felinos portadores de dermatite alérgica a picada de pulgas. Para determinar a segurança do uso do Oclacitinib em felinos foram utilizados 30 gatos, alocados em três grupos (oclacitinib 1 mg/kg por via oral a cada 12 horas, oclacitinib 2 mg/kg por via oral a cada 12 horas e grupo placebo recebendo comprimidos de amido por via oral a cada 12 horas). O tratamento teve duração de 28 dias. Os animais passaram por avaliação clínica e coleta de sangue para hemograma, bioquímica sérica (gamaglutamil transferase (GGT), alamina aminotransferase (ALT), aspartato transferase (AST), fosfatase alcalina (FA), uréia, creatinina, bilirrubinas, glicose, frutosamina, colesterol, triglicerídeos, proteínas totais e albumina) nos dias -2, +3, +7, +14, +21 e +28 e ultrassonografia abdominal com coleta de urina por cistocentese para EAS nos dias -2, +14 e +28. O oclacitinib foi bem tolerado, apenas efeitos adversos foram observados sendo eles vômito em dois animais e fezes amolecidas em dois gatos dos dez animais do grupo 2 mg/kg. Nenhuma alteração significativa hematológica foi observada. As enzimas hepáticas e renais se mantiveram normais durante todo o estudo e apenas um aumento significativo nos níveis de frutosamina foram observados nos dois grupos tratados, porém se mantiveram dentro dos valores de referência. Não houve diferença significativa na média dos valores obtidos para densidade urinária, pH, ou na relação proteína creatinina urinária. Para determinar a eficácia do oclacitinib no tratamento de felinos portadores de dermatite alérgica a picada de pulgas foram incluídos 14 gatos diagnosticados com dermatite alérgica à pulga que foram alocados em 2 grupos (grupo 1- oclacitinib 1 mg/kg por via oral a cada 12 horas durante 7 dias; grupo 2- prednisolona 2 mg/kg por via oral a cada 12 horas durante 7 dias). Os animais foram avaliados quanto a evolução das lesões e presença e intensidade de prurido através das escalas VAS, FEDESI e SCORFAD nos dias 0, +1, +3 e +7. Foi possível concluir que o oclacitinib foi bem tolerado em gatos nas doses de 1 mg/kg e 2 mg/kg e aparentou ser seguro quando administrado a cada 12 horas durante 28 dias. Mais estudos são necessários para avaliar se o oclacitnib é uma opção viável para o controle de prurido em gatos.

O objetivo deste estudo foi avaliar a eficácia da utilização intrauterina de dimetilsulfóxido (DMSO) em éguas com endometrite clínica/subclínica, caracterizando sua ação na reação inflamatória, microbiota presente e vascularização uterina. Quarenta e três éguas foram acompanhadas por dois estros (C1 e C2), realizando ultrassonografia uterina Doppler no modo power flow (UPF) após observação de um folículo ≥ 35mm e edema endometrial ≥ 3 (dia 1 – M1) até um dia antes da ovulação. No M1 de cada ciclo, amostras uterinas foram coletadas para exame citológico e microbiológico. Após o exame citológico, foram distribuídos os seguintes grupos: G1 (n = 10): citologia negativa e administração intrauterina de DMSO; G2 (n = 10): citologia negativa e administração de solução fisiológica; G3 (n = 13): citologia positiva e administração de DMSO e G4 (n = 10): citologia positiva e administração solução fisiológica. De acordo com cada grupo experimental, o seguinte protocolo foi realizado - M1: infusão intrauterina de 100 mL de DMSO 30% ou solução fisiológica; M2: lavagem intrauterina com 1000 mL de DMSO 30% ou solução fisiológica e 10 UI de ocitocina, i.m., após o procedimento. O protocolo foi repetido em C2, porém, apenas a solução fisiológica intrauterina foi utilizada. No terceiro ciclo, os animais foram inseminados ou receberam embriões para avaliação da fertilidade. No C2, o G4 apresentou maior número de neutrófilos / campo que G1, G2 e G3 (P <0,05), enquanto na avaliação entre os ciclos, no C2, o G2 aumentou e o G3 apresentou redução (P<0,05). Quanto ao número de gêneros bacterianos, no C1 e C2, o G4 apresentou maior diversidade que G1, G2 e G3 (P<0,05). Entre os ciclos, no C2, houve redução apenas no G1 (P <0,05). Quanto ao número de gêneros fúngicos, no C1, o G1 não apresentou crescimento e G2, G3 e G4, foram semelhantes (P>0,05). No C2, G4 apresentou maior número de gêneros que G2 e G3 (p <0,05). Entre os ciclos, no C2, G2 o número de gêneros diminuiu no G2 e G3 (P <0,05) e no G4 não sofreu alteração (p> 0,05). Na avaliação da fertilidade, G1, G2 e G3 tiveram gestações confirmadas semelhantes com taxas superiores ao G4 (P<0,05). Na intensidade dos pixels coloridos (IPC), aferida através da UPF uterina, observou-se que: no C1, G1 e G2 tiveram IPC menores que G3 e G4 (P <0,05) e G3 foi maior que G4 (P<0,05). No C2, o IPC foi maior no G4 (P<0,05). Na média geral das éguas que se tornaram gestantes ou não, independente do grupo experimental, entre C1 e C2, observou-se que as éguas não gestantes mantiveram o padrão de IPC (P> 0,05) e aquelas que gestaram apresentaram redução no C2 (P<0,05). Concluiu-se que a utilização do protocolo de infusão / lavagem uterina com DMSO diminuiu o processo inflamatório, eliminou ou alterou a carga microbiológica e aumentou a fertilidade e que a UPF pode ser utilizada como método diagnóstico auxiliar em casos de endometrite clínica.

O objetivo do presente estudo foi viabilizar a produção e coleta de embriões pelo método não cirúrgico (NSER) em ovelhas Morada Nova, uma vez que o uso desta técnica pode contribuir para o Programa de Conservação de Recursos Genéticos desta importante raça brasileira, aumentando o número de embriões nos bancos de germoplasma. Este estudo foi realizado em duas etapas sendo que na primeira, foi comparada a produção de embriões in vivo de doadoras submetidas a diferentes protocolos de sincronização de estro e/ou superovulação. As ovelhas receberam esponjas intravaginais embebidas em 60 mg de acetato de medroxiprogesterona (MAP), as quais foram mantidas por seis (G6; n = 12), nove (G9; n = 12) ou 12 (G12; n = 12) dias. Metade das ovelhas em cada grupo permaneceu sincronizada (SYNCH) enquanto a outra metade foi superovulada (SOV) com hormônio folículo estimulante suíno (pFSH). Das variáveis analisadas, houve diferença no início do estro que ocorreu 10-12 h depois (P <0,01) em ovelhas G9_SYNCH quando comparadas a G6_SYNCH e G12_SYNCH, e a duração do estro foi 19 h maior (P <0,01) em G9_SOV do que em G6_SOV. A duração média do procedimento de coleta foi de 32,6 ± 1,3 min. Pelo menos uma estrutura foi recuperada em 85,7% das ovelhas sincronizadas e em 87,5% das superovuladas. As taxas de recuperação de embriões viáveis também foram semelhantes (P> 0,05) para os grupos sincronizados e superovulados: G6 (1,0 ± 0,3 e 2,5 ± 1,5), G9 (1,3 ± 0,5 e 4,8 ± 2,0) e G12 (1,0 ± 0,3 e 4,8 ± 2,3). Conclui-se que o pré-tratamento com diferentes durações de progesterona pode ser empregado em ovelhas Morada Nova, resultando em taxas de recuperação embrionária viáveis em animais sincronizados e/ou superovulados. Na segunda etapa, procurou-se correlacionar quantidade de folículos acima de 2 mm de diâmetro no momento da última dose de pFSH com a resposta superovultória (número de corpos lúteos) e a produção de embriões (quantidade de blastocisto e qualidade embrionária) em ovelhas sincronizadas com os dois tratamentos mais promissores do experimento anterior (G9 e G12). A contagem total de folículos com diâmetro ≥ 2 mm dobrou entre a 1ª e a 6ª dose de pFSH em ambos os grupos de ovelhas (P <0,05). As respostas ao estro não variaram entre os dois subconjuntos de ovelhas Morada Nova e foram em média 95,2%. Corpos lúteos (CL) foram detectados em 85,0% e 60,0% das ovelhas que apresentaram cio, respectivamente, nos grupos G9 e G12. A NSER foi concluída com sucesso em 86,2% de todas as ovelhas estudadas. O número médio de CLs por doadora e por doadora lavada com sucesso foi maior (P <0,05) no G12 (12,3 ± 1,7 / 12,1 ± 1,9) do que no G9 (7,9 ± 1,4 / 8,2 ± 1,6). O número médio de blastocistos recuperados e de embriões viáveis foi maior (P <0,05) para G12 (5,8 ± 1,9 e 3,7 ± 1,7) do que para G9 (3,5 ± 1,1 e 0,8 ± 0,3, respectivamente). A contagem total de folículos no momento da aplicação da 6ª dose de pFSH no grupo G12 foi positivamente correlacionada (P <0,05) com o número de CLs (r = 0,95) e com o de embriões viáveis (r = 0,91). Conclui-se que o protocolo de sincronização de estro baseado na utilização de P4 por 12 dias resultou em melhores resultados superovulatórios quando comparado ao protocolo de 9 dias e que a contagem total de folículos na última dose de pFSH foi um bom preditor de resposta superovulatória apenas nas ovelhas tratadas com P4 por 12 dias.

Este estudo retrospectivo foi realizado no Setor de Anatomia Patológica da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (SAP/UFRRJ) através do estudo clínico e patológico das doenças do sistema nervoso de cães ao longo de sete décadas (1949-2019). São descritas doenças do sistema nervoso central (SNC) de cães diagnosticadas no Setor de Anatomia Patológica da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, situado no município de Seropédica - RJ. Os registros de necropsia de cães registrados com história clínica de alterações do sistema nervoso foram selecionados e 577 casos foram revisados. Em 577 casos, 509 tiveram diagnóstico definitivo e 66 foram inconclusivos. As doenças infecciosas foram observadas em 469 casos que representam a principal causa de distúrbios neurológicos; 81% dos casos (469/577) sendo estas também representadas por doenças virais, são elas: Raiva (385/577) e cinomose (84/577) sendo a raiva, a principal enfermidade diagnosticada em caninos na região metropolitana do estado do Rio de Janeiro, com 385/577 casos. Evidenciou-se que entre as décadas de 1960 e 1970 a raiva canina foi uma das principais doenças neurológicas diagnosticadas em caninos na região do estudo, porém no Setor de Anatomia Patológica da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, desde 1982 não foram feitos novos diagnósticos dessa doença em caninos. Os diagnósticos de manifestações neurológicas relacionadas a neoplasias, representaram a segunda causa mais importante de transtornos do SNC com 2,6% (12/577) e as lesões traumáticas corresponderam a 1,5% (5/577), se dividindo em traumatismo crânio encefálico (4/9) e traumatismo espinomedular (5/9). Agrupadas em “outros distúrbios”, foram reunidas alterações pouco frequentes são elas: meningoencefalite linfoplasmocítica (8/577), leucoencefalite necrosante do yorkshire (2/577), meningoencefalite necrosante (1/577), meningoencefalite granulomatosa (2/577), infarto hemorrágico (1/577) e doença do disco intervertebral (3/577). Nos distúrbios do desenvolvimento, três casos de hidrocefalia congênita foram observados, 0,8% (3/577) e na categoria de intoxicações, apenas um caso de intoxicação por estricnina (1/577). As patologias que afetam o sistema nervoso central de cães representam uma importante causa de morte ou eutanásia em cães na região metropolitana do estado do Rio de Janeiro, correspondendo a 11,4% (577/4991) dos diagnósticos realizados no setor. O conhecimento da etiopatogenia delas é fundamental ao fazer uma lista de diagnóstico diferencial. A manifestação clínica varia de acordo com o agente observado, assim como a localização e distribuição das lesões, sendo essencial que o clínico saiba identificá-las.

A toxoplasmose é uma zoonose cosmopolita causada pelo protozoário Toxoplasma gondii e transmitida pela ingestão de oocistos encontrados nas fezes de gatos infectados, hospedeiros definitivos desse parasito. O objetivo desde estudo foi correlacionar os fatores de risco e análises clínicas com a sorologia de T. gondii nos felinos residentes nas Zona Norte, Zona Oeste e Baixada Fluminense atendidos no Setor de Felinos do HVPA da UFFRJ. As análises foram realizadas a partir de amostras de sangue de 91 felinos. Os dados para tabulação dos sinais clínicos e fatores de risco dos felinos foram obtidas por meio da ficha de atendimento clínico do Setor e questionário adicional com informações obtidas pelos tutores. As análises hematológicas e bioquímicas (ALT, FA, Albumina, Ureia e Creatinina) foram realizadas no LABVET da UFRRJ. A detecção de anticorpos anti-T. gondii por meio do Teste de Aglutinação Modificado foi realizado no Laboratório de Biologia Estrutural – FIOCRUZ. Os felinos apresentaram infecção crônica de anticorpos anti- T. gondii em 18.68% (17/91) com ponto de corte 1:25 para 100% dos soropositivos.  Os felinos com idade igual ou superior a 10 anos apresentaram maior risco de infecção por T. gondii do que animais com idade inferior. Os demais fatores de risco não apresentaram diferença estatística. Os sinais clínicos mais comuns nos felinos soropositivos foram desidratação, mucosas hipocoradas ou ictéricas e aumento da frequência respiratória. Não foi possível determinar alterações hematológicas nos felinos positivos para toxoplasmose na região estudada. Enquanto na bioquímica sérica, a ALT foi a única enzima que apresentou diferença estatística entre os grupos estudados, apresentando-se reduzida em felinos soropositivos, podendo assim, ser usada como ferramenta auxiliar de diagnóstico da toxoplasmose felina. A execução deste Projeto de Pesquisa nos permitiu compreender que mesmo sendo desafiador o diagnóstico ante-mortem da toxoplasmose felina, este pode ser facilitado quando há o cruzamento de informações sobre os fatores de risco e achados laboratoriais com os resultados de testes sorológicos adequados para essa espécie.

A sepse apresenta alta incidência em animais causando significativo aumento da morbidade, mortalidade e custos de tratamento. Em cães, a piometra comumente desencadeia quadros de sepse de diferente intensidade. Esta afecção é rotina na prática clínica e a identificação e classificação precoce da sepse favorecem ao tratamento em relação ao prognóstico e custos. Diante deste desafio, objetiva-se a partir de cadelas com alterações ultrassonográficas sugestivas/diagnosticas de piometra: (1) Avaliar a prevalência da síndrome; (2) correlacionar dados epidemiológicos, alterações clínicas, laboratoriais, prognóstico e mortalidade com a classificação da sepse no paciente e; (3) avaliar a influência da administração prévia de ácido ascórbico no desenvolvimento e manejo da hipotensão arterial transoperatória a partir da necessidade de reposição volêmica, requerimento de fármacos inotrópicos e vasopressores. O estudo será realizado com cadelas admitidas no Hospital Veterinário de Pequenos Animais da UFRRJ, no período de junho de 2018 a dezembro de 2019. Os pacientes serão acompanhados durante toda a terapia e serão coletados dados epidemiológicos e clínicos em tempos pré-estabelecidos. A terapia instituída será definida pelo veterinário responsável do caso, conforme a necessidade do paciente. Os pacientes classificados com sepse e sepse grave serão aleatoriamente submetidos a administração de 500 mg/kg de ácido ascórbico ou placebo. Toda terapia de suporte para a estabilização do paciente antes do procedimento cirúrgico será instituída conforme necessidade. Considerando o paciente estabilizado e apto, serão encaminhados para a cirurgia (pan histerectomia). Os resultados obtidos serão submetidos ao teste de normalidade de Shapiro-Willk e análise de variância para a comparação antes e depois do procedimento cirúrgico e entre os grupos, com nível de significância será de 5%.

A sepse apresenta alta incidência em animais causando significativo aumento da morbidade, mortalidade e custos de tratamento. Em cães, a piometra comumente desencadeia quadros de sepse de diferente intensidade. Esta afecção é rotina na prática clínica e a identificação e classificação precoce da sepse favorecem ao tratamento em relação ao prognóstico e custos. Diante deste desafio, objetiva-se a partir de cadelas com alterações ultrassonográficas sugestivas/diagnosticas de piometra: (1) Avaliar a prevalência da síndrome; (2) correlacionar dados epidemiológicos, alterações clínicas, laboratoriais, prognóstico e mortalidade com a classificação da sepse no paciente e; (O estudo será realizado com cadelas admitidas no Hospital Veterinário de Pequenos Animais da UFRRJ, no período de junho de 2018 a dezembro de 2019. Os pacientes serão acompanhados durante toda a terapia e serão coletados dados epidemiológicos e clínicos em tempos pré-estabelecidos. A terapia instituída será definida pelo veterinário responsável do caso, conforme a necessidade do paciente.Toda terapia de suporte para a estabilização do paciente antes do procedimento cirúrgico será instituída conforme necessidade. Considerando o paciente estabilizado e apto, serão encaminhados para a cirurgia (pan histerectomia). Os resultados obtidos serão submetidos ao teste de normalidade de Shapiro-Willk e análise de variância para a comparação antes e depois do procedimento cirúrgico e entre os grupos, com nível de significância será de 5%.

Plasmocitomas extramedulares caninos (PEC), sobretudo cutâneos, são frequentes, e representam cerca de 1,5 a 2,3% de todas as neoplasias de pele em cães, entretanto há diversos aspectos não esclarecidos ou francamente obscuros em relação aos PEC, sobretudo no que se refere à epidemiologia, às variações morfológicas, à patogênese e à etiologia. Atualmente, descrevem-se seis diferentes tipos histológicos de PEC em cães, evidência que tal neoplasia apresenta grande variação morfológica. Por outro lado, muitos PEC apresentam características morfológicas muito semelhantes às de neoplasias malignas de origem histiocítica, com pleomorfismo nuclear acentuado e multinucleação. Todavia, o espectro celular abrangido pelo termo histiocítico é genérico e inclui tanto células dendríticas, quanto células da linhagem de macrófagos. As células dendríticas se originam na medula óssea a partir de células-tronco hematopoiéticas pluripotentes e dão origem a duas linhagens de células: dendríticas mieloides e dendríticas linfóides. Cabe investigar se os PEC irão apresentar algum padrão diferente na imunomarcação ou na clonalidade através da PCR para detecção de rearranjo de genes  receptores de antígeno (PARR). Esse estudo tem como objetivo caracterizar os PEC e histiocitomas caninos mediante a expressão de marcadores celulares e determinação da clonalidade através da técnica de PCR para PARR. Este método será empregado para diferenciação de origem não linfoide versus linfoide dos tumores. As características imunofenotípicas serão verificadas em 100 PEC e 30 histiocitomas cutâneos por anticorpos anti: CD79a, CD20, CD3 e MUM-1. Também serão testados o anticorpo CD138 como possível alternativa ao MUM-1, tendo em vista que este último de acordo com um trabalho recente possui reação cruzada com histiocitomas e o CD123 para a hipótese de possível origem dendrítica linfoide dos PECs. Com isso espera-se acurar o protocolo de imunohistoquímica utilizado para o diagnóstico de PEC, além de padronizar e validar a técnica de PCR para estudo da clonalidade em neoplasias plasmocíticas e testar a hipótese linfoide versus não linfoide de alguns PEC (com estudo da clonalidade e imunomarcação para células dendríticas plasmocitoides  com CD 123), o que pode, em parte, desvendar a diferença de comportamento dos PECs, principalmente em relação ao mieloma múltiplo.

Plantas do gênero Pteridium spp. estão entre as plantas tóxicas mais importantes do mundo, dada sua distribuição cosmopolita e, principalmente, pelo seu alto potencial carcinogênico para animais e também para seres humanos. Na Região Sudeste, Pteridium arachnoideum, planta conhecida popularmente como ″samambaia ou samambaia do campo″ é uma das plantas que causam maiores prejuízos econômicos na pecuária. O efeito carcinogênico se dá pela presença de um norsesquiterpeno denominado ptaquilosídeo, princípio tóxico de ação radiomimética, cuja ação pode variar em função da espécie animal, do tempo de ingestão e da quantidade diária ingerida. Em bovinos, a ingestão de samambaia provoca um dos três diferentes quadros clínico-patológicos atribuídos à ação radiomimética do Pteridium sp., isto é, Carcinomas das Vias Digestivas Superiores (CVDS), Hematúria Enzoótica Bovina (HEB) e Diátese Hemorrágica (DH). Comumente esses tipos de intoxicação são descritas em bovinos. Até o momento, há poucas referências sobre Hematúria Enzoótica (HE) em búfalos. Em relação aos CVDS e DH não há relatos de ocorrência em bubalinos. Na Região Sudeste, pelo menos, a HEB é responsável pelo maior número de perdas, devidas não apenas ao óbito, mas também em função da queda de produtividade. Em áreas limítrofes do Estado de São Paulo, mais especificamente no Município de São José do Barreiro, há aproximadamente 12 anos, alguns produtores de áreas com alta incidência de HEB, vêm substituindo os bovinos por búfalos, com base na premissa de que estes seriam mais resistentes à intoxicação que o gado bovino. Embora, de acordo com observações iniciais, os búfalos realmente sejam mais resistentes que os bovinos ao princípio tóxico de Pteridium spp., ainda assim, tem-se verificado a ocorrência de casos de hematúria nessa espécie. Dessa forma, por necessária, impõe-se investigação direcionada no sentido de caracterizar a HE em seus aspectos epidemiológicos e clínico-patológicos em búfalos no Estado de São Paulo e em área limítrofe do Estado do Rio de Janeiro, bem como propor medidas profiláticas que visem minimizar os prejuízos decorrentes. Toda a coleta de dados, casos clínicos e material para análise laboratorial será feita em propriedades rurais que tenham a criação de bubalinos no município de São José do Barreiro, SP, e municípios limítrofes no Estado do Rio de Janeiro. Adicionalmente, será realizada coleta de bexigas, ureteres e rins de bubalinos com histórico de HE em frigoríficos. Por meio de inquérito aplicado aos produtores em visitas às propriedades, serão levantados dados referentes à epidemiologia da intoxicação por P. arachnoideum em bubalinos. Serão realizados exame clínico geral e exames laboratoriais em animais que apresentarem hematúria. Os animais que morrerem ou àqueles que os proprietários optarem pela eutanásia serão necropsiados e o material proveniente será analisado por exame histopatológico. 

Ao nascer o bezerro é considerado um ruminante não funcional, com características metabólicas semelhantes aos monogástricos. Apesar de inúmeras pesquisas referentes aos processos metabólicos em ruminantes de diferentes idades, a fase inicial da vida extrauterina é pouco investigada, sendo que em muitas situações não há dados publicados que permitam concluir com segurança se as alterações hematológicas e bioquímicas apresentadas são decorrentes de enfermidades ou decorrem de processos fisiológicos. Desta forma, este estudo teve como objetivos avaliar a hematologia e bioquímica sérica de bezerros leiteiros mestiços neonatos. Foram avaliados 15 bezerros mestiços do nascimento aos 15 dias de idade, amamentados pela mãe no primeiro momento pós parto e, que posteriormente, receberam colostro ou leite de manhã e à tarde, por meio de baldes com bico. A partir do terceiro dia de vida foi oferecido alimento sólido (volumoso (feno) e concentrado) mantido a disposição nas baias individuais. Após o nascimento, com duas e 12 horas, e nos dias dois, três, cinco, sete, 10, 12 e 15 foram colhidas amostras de sangue com e sem anticoagulante (EDTA) para hemograma e bioquímica sérica, respectivamente. De acordo com as análises houve aumento (p≥0,05) na contagem de hemácias entre o nascimento e 12 horas e estabilização a seguir. O VCM teve redução gradual do nascimento aos 15 dias. O VG ficou próximo do limite da normalidade. Na média as concentrações de fibrinogênio foram normais ao longo dos 15 dias, sendo os valores mais elevados obtidos entre três e sete dias (p<0,01). Leucócitos e neutrófilos segmentados foram ligeiramente elevados e os linfócitos diminuídos 12 horas após o nascimento. Em seguida, os valores inverteram-se até 15 dias. A proteína sérica cujos teores estão relacionados ao sucesso na transferência de imunidade passiva, em média, foi superior a 5,5 mg/dL em todos períodos indicando ingestão adequada de colostro. Para a albumina observou-se, valores abaixo do limite de referência com discretos aumentos até 15 dias, com diferença significativa entre D0 e os demais momentos. A ureia no soro foi normal, exceto 12 horas (19,5 mg/dL) e no D10 (17,8 mg/dL). A creatinina foi normal, exceto no D2 (0,9 mg/dL), com diferença em relação aos demais momentos (p=0,0022). Neste estudo o colesterol foi inferior ao sugerido (86,5 a 120,8 mg/dL) e os triglicérides mais baixos no D2 e mais elevados no D15 (p=0,933). A glicemia manteve-se normal para a faixa etária. A atividade da GGT foi bastante elevada no D0 e manteve-se alta, embora decrescente até 15 dias. AST foi normal em todo o período e a FA elevada duas horas após o nascimento (p=0,2192). A bilirrubina total variou acima do limite com concentrações decrescentes a partir de 12 horas, assim como a bilirrubina direta. Conclui-se que as variações ocorridas nos neonatos são atribuídas a mudanças fisiológicas, sendo a influência do fator etário significativa.

A troponina I (cTnI) é uma proteína expressa unicamente pelas células do miocárdio, e portanto um marcador sensível e específico de lesão cardíaca em humanos, cães, gatos e equinos. A troponina I cardíaca não se expressa no músculo esquelético humano durante o desenvolvimento fetal, após trauma do músculo esquelético ou durante a regeneração desse tipo de músculo. Ao contrário da CK-MB, a troponina I cardíaca é altamente específica para o tecido miocárdico, não é detectável no sangue de pessoas sadias, mostra um aumento proporcionalmente bem maior acima dos valores limite, nos casos de infarto do miocárdio pode permanecer elevada por 7 a 10 dias após o episódio agudo. Para a espécie felina, os valores de referência normais para cTnI sérica variam de 0,03 a 0,16 ng / ml . Sabe-se que o coração e os rins mantêm a homeostase hemodinâmica por meio de uma estreita relação que regula o débito cardíaco, o volume e o tônus vascular. Com base nestas informações, o objetivo deste estudo foi avaliar a ocorrência de danos aos cardiomiócitos de felinos com doença renal crônica (DRC) através da dosagem sérica de cTnI e detectar lesões em cardiomiócitos que, por vezes não apresentam sinais morfológicos de agressão, além de demonstrar que as áreas agredidas podem ser maiores que o evidenciado na coloração hematoxilina & eosina (H.E.). Foram utilizados 20 felinos com DRC (12 fêmeas e 8 machos) a partir do estágio II, de acordo com o estadiamento proposto pela IRIS, independente de raça, sexo ou idade. Anterior à utilização destes animais, foi solicitada autorização prévia do tutor para realização de exame clínico seguido de colheita do sangue. Como critério de inclusão, os pacientes deveriam apresentar azotemia (Ref.: ≥ 1,6mg/dL). Foram excluídos os animais que apresentavam doença cardíaca primária ou outras condições que pudessem levar ao aumento da cTnI sérica, tais como cardiomiopatia hipertrófica, hipertireoidismo, neoplasia cardíaca primária ou metastática. A avaliação dos níveis séricos de cTnI foi realizada nos 20 gatos; destes, 10 apresentaram valores elevados de troponina sérica – acima de 0,16ng/mL. Dos 10 animais que apresentaram os valores de cTnI sérica elevados (Ref.:0,03 – 0,16ng/mL), dois encontravam-se no estágio II e oito animais no estágio IV da IRIS. Para o exame histológico e imuno-histoquímico, foram coletadas regiões do ápice, septo interventricular, ventrículo esquerdo, ventrículo direito, músculo papilar esquerdo, músculo papilar direito, átrio direito e átrio esquerdo do coração. O exame imuno-histoquímico revelou, em dois animais, marcada perda de troponina em grandes grupos de cardiomiócitos e, em 9 animais houve variação de sutil a leve no padrão de marcação pelo anticorpo antitroponina C com miócitos isolados apresentando perda marcada da imunorreatividade. Em alguns casos havia diversos pequenos grupos de miócitos que tinham marcada diminuição de imunorreatividade principalmente nas regiões do ápice e músculo papilar; essas áreas correspondiam a células com alterações imperceptíveis ou muito discretas no H.E. Os resultados da avaliação imuno-histoquímica confirmaram a presença de alterações regressivas, ou seja, a técnica foi capaz de detectar lesões muito precoces (regiões do miocárdio sem sinais morfológicos de agressão), e demonstrou que as áreas agredidas/lesadas eram maiores que o evidenciado no H.E. O uso de troponinas como importante indicador imunohistoquímico de lesão cardíaca já foi demonstrado caninos, bovinos e ovinos, entretanto não havia estudos em felinos e, no presente estudo, todos os cardiomiócitos com características histológicas de morte celular, não apresentaram marcação anti-troponina, o que demonstra alta sensibilidade do marcador para a espécie. A partir desses dados, observa-se que 80% dos animais que apresentaram elevação nos níveis séricos de cTnI encontravam-se no estágio IV, ou seja, quanto maior o estágio da DRC, maior a probabilidade de apresentar lesão miocárdica. Outro dado observado nos 10 animais que apresentaram valores de cTnI elevados, foi que destes, 4 eram machos e 6 eram fêmeas e, dos dois animais dentro do estágio II, havia um macho e uma fêmea. Já no estágio IV, havia três machos e cinco fêmeas, o que sugere não haver correlação entre o sexo e o grau de lesão miocárdica em felinos com DRC. Este estudo demonstra que a utilização de biomarcadores de lesão miocárdica pode auxiliar os veterinários a aprimorarem o julgamento clínico nas decisões sobre condutas terapêuticas nos pacientes com DRC.

As ureterolitíases têm sido uma causa comum de obstrução ureteral em felinos. É uma afecção que causa danos irreversíveis para o tecido e função renal quando não solucionada de forma imperativa. O objetivo deste trabalho foi avaliar a eficácia clínica do uso de um protocolo envolvendo analgesia com o fármaco metadona, uso do hormônio glucagon para relaxar a musculatura lisa da parede ureteral e promover diurese, o diurético furosemida e o bloqueador α2 adrenérgico prazosina para potencializar o relaxamento da musculatura lisa ureteral,  diminuindo a dor associada aos espasmos ureterais e promovendo a expulsão do cálculo. Foram selecionados 20 felinos com ureterolitíase sem restrições quanto ao sexo e à idade. A média de idade dos gatos acometidos neste estudo foi de  5,8 anos  a 4,2 anos. A maioria eram Sem Raça Definida 16/20 (80%) e quatro eram persas 4/20(20%). Os principais sinais clínicos no momento do diagnóstico foram gatos assintomáticos que vieram fazer exames de rotina 8/20 (40%), inapetência 8/20 (40%), prostração 7/20(35%), vômito 3/20 (15%), hematúria 1/20(5%), disúria 3/20(15%), polaquiuria 2/20(10%) e oligúria 1/20(5%). Dos 20 gatos, 15 comiam ração úmida, cinco só comiam ração seca.  Dos animais dessa pesquisa, quatro eram semidomiciliados e apresentavam o ato de caçar e 16 viviam em apartamento sem caçar. Os animais foram submetidos ao protocolo a cada sete dias, durante 60 dias. Os gatos não apresentaram alterações na frequência cardíaca, frequência respiratória e temperatura durantes as duas horas de  experimento de todos os 20 gatos avaliados. O parâmetro glicemia na aferição basal apresentou uma média de 98 mg/dL, dez minutos após a primeira administração do glucagon apresentou uma média de 308 mg/dL,  dez minutos após a segunda administração do glucagon apresentou  uma média de 278 mg/dL e uma hora após o fim das administração do glucagon, uma média de 105 mg/dL, mostrando uma hiperglicemia transitória ao longo do experimento. Avaliações radiológicas foram realizadas nas projeções lateral direito e ventro dorsal  da região abdominal antes de iniciar o protocolo e semanalmente para avaliação e mensuração do deslocamento do ureterólito em relação as vértebras lombares (L1- L7) e na posição ventro dorsal para detectar possível presença e número de nefrólitos. A maioria dos gatos com cálculos era na altura da vértebra L2 ou seja, na porção proximal e a última vértebra que foi visualizado cálculo foi na altura da L5. Foram também submetidos à ultrassonografia abdominal no momento do diagnóstico, com 30 dias e 60 dias após o início do tratamento. Dos 20 gatos analisados 7/20 ( 35%) apresentou aumento no tamanho dos rins direito e 4/20 (20%) apresentou redução no tamanho do rim direito. Em relação ao rim esquerdo 7/20 (35%) apresentou aumento e 3/20 (15%) redução. O maior número de cálculo nos ureteres não piorou o quadro de hidronefrose no rim esquerdo e direito. Foi diagnosticado nos 20 animais deste estudo, que 13 (65%) animais com comprometimento por urólitos em ureteres e rins e foram observados sete (35%) animais com compromentimento por urólitos apenas nos uretereres, quatro dos 20 animais com ureterólitos bilaterais sem comprometimento renal.

Proteomic studies of follicular fluid (FF) exist for several species, including the horse; however, the seasonal influence on FF proteome has not been explored in livestock. The application of large-scale proteomic analyses of FF in the horse has the potential to identify seasonal variations of proteins involved in follicle and oocyte growth. This study (i) profiles the proteomes of equine FF collected from dominant growing follicles during the spring anovulatory season (SAN), and spring (SOV), summer (SU), and fall (FO) ovulatory seasons; and (ii) identifies season-dependent regulatory networks and associated key proteins. Regardless of season, a total of 90 proteins were identified in FF, corresponding to 63, 72, 69, and 78 proteins detected in the SAN, SOV, SU, and FO seasons, respectively. Fifty-two proteins were common to all seasons, a total of 13 were unique to either season, and 25 were shared between two seasons or more. Protein-to-protein interaction (PPI) analysis indicated the likely critical roles of plasminogen in the SAN season, the prothrombin/plasminogen combination in SU, and plasminogen/complement C3 in both SOV and FO seasons. The apolipoprotein A1 appeared crucial in all seasons. The present findings show that FF proteome of SU differs from other seasons, with FF having high fluidity. Finally, the balance between the FF contents in prothrombin, plasminogen, and coagulation factor XII proteins favoring FF fluidity may be crucial at the peak of the ovulatory season (SU) and may explain the reported lower incidence of hemorrhagic anovulatory follicles during the SU season.

O estudo das neoplasias em animais de produção é de extrema importância, uma vez que a sanidade animal é considerada fator limitante no desenvolvimento da produção animal. O objetivo deste trabalho foi estudar as neoplasias de bovinos, ovinos, caprinos, bubalinos, equinos, suínos, coelhos e galinhas, diagnosticadas no Setor de Anatomia Patológica da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (SAP/UFRRJ), durante um período de 72 anos de serviços de extensão (1947-2019). As ferramentas utilizadas para a confirmação e ou conclusão dos diagnósticos incluiu sinais clínicos, descrição macroscópica das lesões e exameshistológicos. Como auxílio utilizaram-se, em alguns casos, a imunohistoquímica e em um diagnóstico a microscopia eletrônica. Este estudo foi dividido em três capítulos: no capítulo I descreve-se 839 neoplasias em animais de produção, de acordo com o diagnóstico anatomopatológico relacionado à espécie afetada e ao sistema orgânico no qual a neoplasia se desenvolveu. Os bovinos apresentaram o maior número de diagnósticos (41,2%), seguido das galinhas (36,7%) equinos (13%), suínos (2,9%), coelhos (2,9%), bubalinos (1,6%), caprinos (1,6%) e ovino (0,1%). O carcinoma epidermoide foi a principal neoplasia diagnosticada em bovinos (37,6%), em caprinos (69,2%); na espécie ovina apenas um caso de neoplasia foi diagnosticado no período do estudo. As neoplasias do sistema hematopoiético destacaram-se nas galinhas, devido à alta frequência da leucose aviária (linfoide e mieloide) com 74,7%. Sarcoide equino e melanoma foram as duas neoplasias com maior frequência nos equinos, com 23,8% e 14,7%, respectivamente. Melanoma também foi destaque nos suínos com 58,3% e o sistema tegumentar apresentou a maior frequência de tumores em coelhos (37,7%). No capítulo II foram aprofundadas as descrições de 12 diagnósticos de neoplasias de bubalinos, a partir de amostras provenientes do estado do Pará. Desses 12, quatro casos foram diagnosticados como linfoma, dois como carcinoma epidermoide  de pele, dois feocromocitomas , ambos metastáticos para órgãos abdominais e um caso de cada uma das seguintes neoplasias: neurofibroma na pele, leiomioma uterino, tecoma ovariano (estes dois últimos na mesma fêmea), e osteocondrossarcoma na cavidade nasal unilateral. O capítulo III versa sobre uma série de casos de mesoteliomas epitelioides malignos, do tipo tubulopapilar, em quatro vacas Red Sindi de 15 a 21 anos, do mesmo rebanho. Além dos sinais clínicos, macro e microscopia típica de mesotelioma, as células neoplásicas apresentaram forte e difusa imunomarcação citoplasmática para pan-citoqueratina, mas foram negativas para citoqueratina 7 e vimentina. Ultraestruturalmente, as células neoplásicas tinham microvilosidades delicadas e junções estreitas e de ancoragem. 

Os comportamentos compulsivos são observados por estarem fora de contexto, serem repetitivos, exagerados e constantes. As fixações por sugar, lamber, mastigar e ingerir itens não digeríveis constituem as compulsões orais. Este estudo teve por objetivo a caracterização das compulsões orais em gatos domésticos, comparando as características de cada grupo.  O instrumento de investigação escolhido foi o questionário para distribuição online divulgado diretamente para proprietários de felinos e também por meio de mídias sociais. Os dados foram tabulados e submetidos ao teste Qui-Quadrado e sendo considerados válidos quando p<0,05. Os resultados revelam que felinos acometidos por esses transtornos são jovens de 1 a 3 anos, sem predileção por raça e de pelagem curta. A compulsão por mastigação e ingestão foram as mais citadas e seus itens de predileção consistem em plástico e fio. Cerca de 8% dos animais que ingerem corpos estranhos já foram submetidos à cirurgia por obstrução do trato gastrintestinal e 12% necessitaram de algum tipo de medicação devido a complicações da ingestão.

O objetivo do trabalho foi desenvolver um novo programa de ressincronização (resynch), adaptado a fisiologia natural do cio de retorno, reduzindo o uso de hormônios e fixando manejos nos mesmos dias da semana. Foram utilizadas 300 fêmeas Nulíparas da raça Nelore pesando 291 kg. As novilhas foram sincronizadas para realização da IATF, sendo o dia da inseminação considerado D0.  O diagnóstico de gestação (DG) foi realizado com auxílio de um ultrassom Doppler Mindray, modelo Z5VET. A metodologia para realização do DG foi baseada no escore de vascularização do CL (PUGLIESI et al., 2014). Após a primeira IATF convencional (IATF-conv) as fêmeas foram distribuídas em dois programas de resynch: PR-24 (inseminações com intervalo de 24 dias) e PR-21 (inseminações com intervalo de 21 dias). PR-24: D14 após a IATF, as novilhas receberam um dispositivo intravaginal de progesterona (DI) e aplicação intramuscular (im) de 50mg de progesterona injetável de longa ação. No D22 o dispositivo foi removido e, imediatamente, elas passaram pelo DG Doppler. As fêmeas consideradas vazias receberam a aplicação de 150µg de cloprostenol, 0,5mg de cipionato de estradiol e 300UI de eCG (gonadotrofina coriônica equina) e foram inseminadas no D24. Uma réplica desse mesmo tratamento foi realizado após a 2ª IATF fechando a estação de monta com 48 dias. PR-21: D12 após a IATF as novilhas receberam somente o DI. No D19 o DI foi removido e foram aplicados 300UI de eCG. O DG Doppler foi realizado no D21, as fêmeas consideradas vazias receberam a aplicação (im) de 0,1mg de gonadorelina (GnRH) e foram inseminadas imediatamente. Uma réplica deste mesmo tratamento foi realizada após a 2ª IATF fechando a estação com 42 dias. Nas resynchs, no dia da IA, foi verificado o tamanho do folículo dominante (FD). Taxa de ovulação (TO) e confirmação do DG Doppler na 2ª e 3ª resynch foram realizados após as IAs aos 12 e 11 dias para PR-21; 14 e 11 para PR-24. O DG final foi realizado 40 dias após a última IA de cada programa. Animais falsos positivo (FP) no 1º DG Doppler passaram por mais uma IATF-conv. As variáveis foram comparas utilizando o pacote de programa do SAS. A taxa de concepção (TC) da primeira IATF-conv foi de 24,6% (74/300), TC das resynch foram 33,6% (41/122) e 29% (45/155) respectivamente para PR-21 e PR-24. A TC das IATF-conv realizadas nas fêmeas que foram FP no primeiro DG foi de 21,6% (11/51), a prenhez ao final da estação para PR-21 e PR-24 foram respectivamente 58,5% (86/147) e 55,6% (85/153). Foi observada diferença comparando TC das resynch PR-21 + PR-24 31% (86/277) comparado com a IATF-conv 24,6% (74/300) (P=0,01). Novilhas do PR-21 apresentaram maior tamanho de FD comparado com PR-24, 10,9mm (±1,9) vs. 10mm (±2,1) respectivamente (P=0,0003). Não foi observada diferença para TO, 87% para PR-21 e 86,8% para PR-24. Foi observada diferença entre os touros para concepção 59,2% (29/49) vs 24,8% (130/525) (P=0,0001) e incidência de DG FP 6,5% (2/31) vs. 34% (57/167) (P=0,01). 

HAINFELLNER, Daniel Carvalho. Avaliação da função ventricular direita em cães portadores da Síndrome do Braquicefálico antes e após rinoplastia. 2019. 32p. Projeto de Pesquisa (Mestrado em Medicina Veterinária – Patologia e Ciências Clínicas). Instituto de Veterinária, Departamento de Medicina e Cirurgia Veterinária, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, 2019.

A Síndrome do Braquicefálico, frequente em indivíduos de raças com esta característica, compreende em um conjunto de alterações anatômicas obstrutivas primárias que ao alterarem o fluxo aéreo, causam o seu turbilhonamento, além do aumento da pressão negativa no interior destas vias, que por sua vez proporciona o desenvolvimento de alterações anatômicas obstrutivas secundárias que exacerbam a síndrome. Consequente às obstruções e à redução da ventilação pulmonar, por ação de mediadores locais, ocorre vasoconstricção levando à hipertensão pulmonar; devido à esta, é possível o desenvolvimento de Cor Pulmonale, caracterizado pelo remodelamento das estruturas do lado direito do coração. Estas alterações podem ser diagnosticadas pela ecodopplercardiografia, sendo este o método de eleição para o diagnóstico de cardiopatias, onde é possível a avaliação morfofuncional das estruturas afetadas. O tratamento curativo é cirúrgico e visa corrigir tais alterações anatômicas, reduzindo o seu efeito deletério. O presente trabalho visa avaliar o efeito benéfico da cirurgia corretiva de alavestibuloplastia por bisturi a laser, na função cardíaca.

As intoxicações ocorrem pela interação de um determinado agente tóxico com um sistema biológico ocasionando desequilíbrio orgânico. Os gatos domésticos apresentam particularidades peculiares à espécie que podem predispor a ocorrência de intoxicações. A susceptibilidade dos eritrócitos a injúrias oxidativas e a capacidade hepática reduzida em certos processos metabólicos, sobretudo no que se refere à deficiência de enzimas da família glicuroniltransferase são as características primordiais que tornam o felino doméstico predisposto a insultos nocivos. O uso inadequado de fármacos destaca-se dentre as práticas acidentais potencialmente tóxicas e fatais para os gatos no Brasil, entretanto os dados sobre as intoxicações ocorrentes em felinos são escassos. Muito embora internacionalmente entidades têm se preocupado com a ocorrência de gatos intoxicados e os potenciais tóxicos para a espécie através de estudos publicados. A exposição dos gatos a substâncias tóxicas e os consequentes efeitos deletérios destas compõem uma realidade inconteste, abrangendo um campo há ser mais bem explorado, em virtude da escassez de estudos e informações sobre as causas predominantes de intoxicação em felinos no Brasil. Torna-se destarte necessário reconhecer os principais agentes toxicantes para os gatos domésticos e compreender os fatores de risco associados às intoxicações, a fim de que medidas preventivas de alerta sejam instituídas, através da conscientização dos tutores e Médicos Veterinários, minimizando-se estas ocorrências e consequentemente o possível óbito dos animais. Objetiva-se com este projeto caracterizar os principais agentes toxicantes para gatos domésticos, verificar o nível de conhecimento dos tutores sobre a intoxicação em felinos e conscientizá-los, assim como aos Médicos Veterinários, sobre os potenciais tóxicos para a espécie. Foram distribuídos no período de novembro de 2017 a novembro de 2018 questionários sobre intoxicações em gatos domésticos, destinados a Médicos Veterinários de todas as regiões do Brasil, que atenderam gatos intoxicados. Os questionários foram aplicados através da plataforma eletrônica Survey Monkey (www.surveymonkey.com.br) e também de versões impressas. Durante o mesmo período de tempo, foram disponibilizados questionários aos tutores de gatos de todas as regiões do Brasil, excetuando-se Médicos Veterinários ou Graduandos em Medicina Veterinária exclusivamente através da plataforma Survey Monkey, para que se verifique o nível de conhecimento destes sobre a ocorrência de intoxicações na espécie. Os principais tóxicos para gatos foram os pesticidas e domissanitários, destacando-se os organofosforados. Posteriormente a classe dos medicamentos foi a segunda maior causadora de toxicidade em felinos domésticos, sobretudo os de uso humano, dentre o qual se sobreleva o paracetamol. Em seguida classificam-se as plantas e derivados, onde o lírio prevalece dentre os demais envolvidos na classe. Quanto aos questionários destinadores aos tutores, verificou-se que a maioria não se considera apto a diferenciar o que é tóxico para gatos. Correlaciona-se assim o desconhecimento por parte dos tutores aos casos de intoxicação ocorrentes na espécie felina.

A neosporose bovina é uma doença parasitária causada pelo protozoário Neospora caninum. O parasito possui distribuição mundial e acomete sobretudo o rebanho bovino leiteiro, porém, relatado em rebanhos bovinos de corte, sendo descrito como uma das principais causas de aborto em bovinos. É de grande relevância na bovinocultura, uma vez que a presença do agente etiológico está associada a quadros de abortamento bovino no mundo, promovendo assim perdas econômicas diretas e indiretas. Pode ocasionar morte embrionária precoce, abortamento ou mumificação fetal, natimortos e neonatos com sintomatologia neurológica. Este estudo foi desenvolvido no Setor de Bovinocultura de Leite da UFRRJ, localizado no município de Seropédica-RJ, onde foram coletadas amostras de sangue de 40 vacas leiteiras em fase reprodutiva, da veia epigástrica superficial cranial, sendo as amostras testadas pela técnica de imunofluorescência indireta (RIFI) para detecção de anticorpos anti-N. caninum. A sorologia foi realizada no Laboratório de Coccídios e Coccidioses (LCC) da UFRRJ. A partir dos resultados sorológicos, foi realizada a verificação de associação, ou não, com manifestação de distúrbios reprodutivos, analisado por meio da coleta de dados dos registros de histórico reprodutivo dos anos de 2017 a 2018 e observações do rebanho no transcorrer do estudo. O Teste de Qui- quadrado foi utilizado como modelo estatístico para verificar a existência de associação entre a sorologia e distúrbios reprodutivos, adotando um nível de confiança de 95%. O resultado do estudo demonstra uma soroprevalência no rebanho de 27% (11/40) para N. caninum, contudo, após analise estatística não foi confirmada a associação entre soropositividade e distúrbios reprodutivos no rebanho avaliado. Esses resultados nos permitem inferir que mesmo que o parasita esteja presente no rebanho estudado, este não pareceu ser responsável pelas alterações reprodutivas encontradas.

Os dermatófitos constituem grupo de fungos que requerem queratina para crescimento, colinizando a pele e anexos de animais e do homem. Embora não sejam patógenos obrigatórios, Microsporum gypseum, M. canis e Trichophytonspp. relacionam-se a infecções em animais, causando classicamente lesões circulares na pele. Embora as dermatofitoses por dermatófitos geofílicos ocorram em menor grau, M. gypseum é a principal espécie envolvida e estes quadros devem ser considerados. Dentre os fatores que fazem com que os dermatófitos, tenham capacidade de infecção para animais, destacam-se enzimas como DNase, gelatinase, lipase, queratinase, elastase e colagenase, que foram avaliadas neste trabalho. O hábito dos animais domésticos permanecerem em contato íntimo com a terra, em quintais, vias públicas e parques, justifica o estudo de sua patogenicidade e a diferenciação do perfil enzimático de isolados clínicos e ambientais de dermatófitos, o que pode colaborar para estratégias de controle e prevenção da dermatofitose. Nossa pesquisa tem como objetivos o isolamento clínico e ambiental de fungos dermatófitos, avaliando a produção de DNase, lipase, gelatinase, queratinase, elastase e colagenase, enzimas relacionadas à virulência dos mesmos e a comparação da capacidade de produção dessas enzimas relacionadas à patogenicidade entre as cepas clínicas e ambientais. As cepas ambientais foram obtidas através da técnica descrita por Vanbreuseghem (1952), que emprega pelos estéreis de equino misturados ao solo umedecido, sendo utilizadas amostras de solo oriundas de diferentes locais do Brasil. As amostras clínicas foram oriundas de pelos e crostas de animais enviadas ao Serviço de Diagnóstico Microbiológico Veterinário/UFRRJ e semeadas em meio Mycosel®. A avaliação enzimática dos dermatófitos foi feita por leituras de absorbância em espectrofotômetro (colagenase, elastase e queratinase), formação de halo de degradação em placas (DNase e lipase) e liquefação em tubos (gelatinase). O projeto foi protocolado sob o CEUA nº 1395270617, sob a responsabilidade do professor Francisco de Assis Baroni e teve grande parcela custeada pelo próprio laboratório no qual foram desenvolvidas as atividades, uma vez que o mesmo conta com boa parte dos materiais e equipamentos requeridos durante a pesquisa.

Devido a certas particularidades do equino, um animal que responde ao perigo com um instinto de luta e fuga, 

este está predisposto a lesões cutâneas extensas. A grande maioria dos cavalos está destinado à vida atlética

e a reparação tecidual defeituosa representa um peso econômico significativo na indústria, sendo reportado 7% 

de animais aposentados devido a lesões resultantes de feridas. O tratamento clássico consiste de debridamento 

cirúrgico, medicação tópica e bandagem, porém características como a genética, a resposta inflamatória,  suprimento

 de sangue e oxigênio, síntese, crescimento e fenótipo de fibroblastos, entre outros, tornam o manejo de feridas

um grande desafio, principalmente nos membros inferiores. (Theoret 2008)

A membrana amniótica é um dos biomateriais mais antigos utilizados recuperação de tecidos. Seu uso foi primeiramente

 documentado por Davis em 1910, quando foi empregado em transplantes de pele.  Desde então, esta ganhou 

importância devido à sua capacidade de reduzir cicatrizes e inflamação, melhorando a cicatrização de feridas e

 auxiliando a proliferação e diferenciação celular como resultado das suas propriedades antimicrobianas. Além disso, 

é um biomaterial que pode ser facilmente obtido, processado e transportado. (Niknejad 2008) 

O emprego deste material na medicina veterinária já vem apresentando bons resultados como comprovado 

na oftalmologia equina por Plummer (2009), em gatos por Barachetti (2010) e a membrana equina já foi utilizada 

em cães com bons resultados conforme relatado por Fahie e Shettko (2007).

Sendo assim, novos métodos de manejo de lesões se fazem necessários para auxiliar o profissional médico 

veterinário. O uso da membrana amniótica será proposto como método de auxílio e modulação das feridas, 

avaliando-a frente às técnicas mais aplicadas. 

A finalidade de induzir a ovulação está diretamente relacionada ao melhor aproveitamento das biotécnicas como inseminação artificial (IA), transferência de embrião (TE), aspiração folicular, que requerem precisão no momento mais próximo da ovulação. Além disso, a indução também é benéfica em éguas que são inseminadas com sêmen congelado, resfriado e para sincronização de doadoras e receptoras em um programa de TE. O presente experimento será conduzido em Haras particulares, próximos à região de Seropédica, Rio de Janeiro, Brasil. Serão utilizadas 36 éguas e 108 ciclos estrais de raças variadas, apresentando entre. Apenas éguas sem anormalidades reprodutivas avaliadas por ultrassonografia participarão deste estudo. Os animais serão divididos em grupos por idade, Gj = jovem (até 10 anos), Gm = maduras (entre 10 e 18 anos) e Gv = velhas (acima de 18 anos) e avaliados em diferentes períodos da estação de monta (setembro-outubro / novembro-dezembro / janeiro-fevereiro e março/abril). As éguas terão seu trato reprodutivo avaliados diariamente, até que o maior folículo atinja o diâmetro ≥35mm, assim como a avaliação do edema endometrial para confirmação de estro, onde daremos início aos tratamentos com 1000 UI de hCG (EV) (Chorulon®)e 1000 μg de acetato de deslorelina (IM) (Sincrorrelin®) e a associação de ambos conforme os grupos: G1j = égua jovem aplicação de 1.000UI de hCG (EV); G1m = égua madura aplicação de 1.000UI de hCG (EV); G1v = égua velha aplicação de 1.000UI de hCG (EV) e G1C = éguas controle, 1ml de solução salina. G2j = égua jovem aplicação de 1000 μg de deslorelina (I.M.); G2m = égua madura aplicação de 1000 μg de deslorelina (I.M.); G2v = égua velha aplicação de 1000 μg de deslorelina (I.M.); G2c = éguas controle, 1ml de solução salina. G3j = égua jovem aplicação de 1.000UI de hCG (EV) + 1000 μg de acetato de deslorelina; G3m = égua madura aplicação de 1.000UI de hCG (EV) + 1000 μg de acetato de deslorelina; G3v = égua velha aplicação de 1.000UI de hCG (EV) + 1000 μg de acetato de deslorelina; G3c = éguas controle, 1ml de solução salina. Cada grupo tratado terá nove éguas, todas as éguas de cada grupo de idade passarão por todos os tratamentos aleatoriamente durante todo experimento. O grupo controle terá somente três éguas em cada grupo de idade e serão utilizados três ciclos de cada égua, totalizando nove ciclos por grupo. Vinte quatro horas após o tratamento as éguas serão monitoradas a cada 6 horas até que a ovulação seja identificada. Para a análise estatística dos dados relativos aos folículos como: tamanho do folículo no momento da indução, tempo entre a indução e a ovulação, diâmetro do folículo pré ovulatório (6 horas antes da ovulação) e maior diâmetro atingido pelo folículo após a indução, idade dos grupos e época da estação, será utilizado o método ANOVA (Análise de Variância), seguido pelo teste de Tukey quando necessário. Os dados relativos ao percentual de éguas ovuladas em ≤ 36 horas, 36 a 42 horas, 42 a 48 horas ou ≥ 48 horas as análises foram feitas através do Qui-quadrado (χ2) com nível de significância de 5%..

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As causas mais frequentes que levam a interrupção do treinamento esportivo em equinos jovens são as afecções locomotoras, sendo estas primordialmente diagnosticadas através de estudos radiográficos devido à sua portabilidade e viabilidade econômica. O objetivo deste estudo foi investigar a maturidade óssea e a prevalência das anormalidades radiográficas locomotoras em equinos da raça Puro Sangue Inglês entre 18 e 24 meses de idade, criados e comercializados no Brasil, antes do início do treinamento, e correlacionar a maturidade óssea e as anormalidades radiográficas à longevidade e ao desempenho atlético destes animais. Acredita-se que as enfermidades osteocondrais juvenis sejam achados radiográficos prevalentes nos exames de comercialização e que estas, assim como a imaturidade óssea ao início do treinamento, possam influenciar negativamente o desempenho atlético futuro dos equinos. Imagens radiográficas obtidas através de radiologia digital direta entre 2012 e 2015 foram avaliadas por dois médicos veterinários experientes. No estudo 1 foram avaliadas 286 imagens radiográficas do membro torácico esquerdo obtidas da região carpiana em posição dorsopalmar. Foi investigado o estágio do fechamento epifisário distal do radio, classificando-o em A, B ou C. Os resultados foram submetidos à análise de regressão e ajustados aos modelos linear e quadrático. No estudo 2 foram avaliados 295 estudos de comercialização de equinos jovens formados por no mínimo 18 projeções radiográficas. Os estudos radiográficos foram classificados em com ou sem alterações, e estas tiveram sua localização anatômica descrita, assim como a projeções radiográficas nas quais foram detectáveis. Os animais foram divididos em grupo 1 (G1), animais sem alterações radiográficas e grupo 2 (G2), animais com alterações. Os animais do G2 foram separados em portadores de síndrome osteocondral juvenil e portadores de outras alterações. A cada alteração foi atribuído um escore radiográfico de severidade que somados formaram um escore radiográfico de severidade geral individual. Para investigar a prevalência, classificação e localização anatômica foi realizado estudo estatístico descritivo de frequência e comparação pelo teste Qui-quadrado. A técnica multivariada de analise discriminante foi utilizada para avaliar a significância da separação entre G1 e G2. Para investigar a importância das posições radiográficas na detecção de lesão e nos escores de severidade foi realizado estudo estatístico de frequência e comparação pelo teste qui-quadrado. No estudo 3 foram obtidas as informações do desempenho atlético dos 295 animais do G1 e G2 e foi formado um grupo controle, através da obtenção do desempenho atlético de outros 295 animais, visando a comparação das variáveis de desempenho com as obtidas nos G1 e G2. Será realizada a correlação entre os escores de severidade das alterações radiográficas do G2 com o desempenho atlético dos animais. Os dados obtidos foram analisados no software SAS e foi considerado o nível de significância estatística de 95%.

Dirofilaria immitis (Leidy, 1856) Raillet & Henry 1911 é um nematoide cujo habitat principal são artérias pulmonares e câmaras cardíacas direitas de canídeos. Todos os indivíduos da espécie D. immitis dependem de bactérias do gênero Wolbachia para manutenção de suas funções básicas. Dirofilaria immitis é agente etiológico de alterações diretamente relacionadas à duração da infecção, resposta imune do hospedeiro e nível de atividade física do animal. Os sinais clínicos mais comuns são tosse e dispneia, geralmente associadas à doença do parênquima pulmonar. As alterações cardiopulmonares podem ser avaliadas por radiografias torácicas e por ecodopplercardiografias. O tratamento adulticida que substitui o convencional consiste na administração da associação de lactona macrocíclica mensal com ciclos periódicos de doxiciclina. Como este tratamento depende da adesão dos tutores, durante no mínimo 12 meses, a frequência do abandono do tratamento é alta. Assim, objetivando avaliar a eficácia de um tratamento novo que não depende da adesão dos tutores por tanto tempo, associou-se moxidectina de liberação lenta (ProHeart SR 12®) aplicada a cada seis meses com doxiciclina (Doxifin®) em ciclos semestrais (moxi^SR-doxy). Foram incluídos 17 cães naturalmente infectados por D. immitis para acompanhamento por, no máximo, 24 meses ou até serem considerados livres da infecção. Todos os cães foram avaliados clinicamente antes da inclusão no estudo e ao longo de todo o tratamento. O sistema cardiorrespiratório foi minuciosamente avaliado a cada 180 dias por radiografias torácicas e ecoddoplercardiografia, além disso, as condições da infecção foram acompanhadas por pesquisa e contagem de microfilárias e detecção de antígenos. Dos 17 animais, 15 seguiram em tratamento: i) sete foram considerados livres da infecção aos 12 meses; ii) cinco apresentaram um resultado de pesquisa de antígenos negativo aos seis meses de tratamento; e iii) três, com 10 meses de acompanhamento ainda não apresentaram resultado de pesquisa de antígenos negativo. Todos os animais passaram a amicrofilarêmicos em 150 dias de tratamento. A maioria das alterações cardíacas e das pulmonares permaneceu inalterada quando comparações entre o dia da inclusão e o dia da liberação foram realizadas.

Atualmente sob a nomenclatura de “Asma Equina” estão agrupadas as enfermidades doença inflamatória das vias aéreas (DIVA), obstrução recorrente das vias aéreas (ORVA) e obstrução das vias aéreas associada a pastagem de verão (ORVA-PV), que representam um espectro da doença inflamatória das vias aéreas posteriores em cavalos, sob muitos aspectos assemelhando-se à asma humana. Reconhecida como uma doença respiratória alérgica comum em cavalos, provoca limitaçãode desempenho e é caracterizada por tosse crônica, secreção nasal e dificuldade respiratória. As duas primeiras formas de apresentação da doença DIVA e ORVA, já foram identificadas e estudadas no Brasil. Neste estudo descrevemos um quadro clínico, até então inédito no Brasil, semelhante aos relatos da doença diagnosticada no hemisfério norte, conhecida como Summer Pasture-associated obstructive pulmonary disease ou ORVA-PV. Achados citológicos obtidos do lavado broncoalveolarrealizado durante os meses de verão em equinos, considerados portadores de asma, do rebanho da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, com idade média de 16 anos, mostram uma resposta neutrofílica, assim como a presença de espirais curshman nas lâminas. Similar ao observado na asma Equina associada à pastagem de verão, a maior parte dos animais apresentavam acúmulo de muco traqueal, mas nem todos demonstraram aumento de esforço respiratório em repouso ou tosse, a maioria demonstrava apenas leves sinais de desconforto respiratório. Os resultados do RT-PCR evidenciaram uma resposta imunológica mista de TH1 e TH2, pelo aumento da produção de interleucinas IL-1β, INF-δ, IL-4, IL-5, IL-6 e IL8, mas não de TNF-α (sabidamente de fase aguda), suportado assim o diagnóstico citológico. O grupo considerado sadio (média de idade de 7,9 anos) não apresentou acúmulo de neutrófilos, mas alguns apresentaram aumento do muco traqueal. A diferença entre os grupos mostrou-se significativa, com uma atenção maior a expressão gênica de IL-5, que se demosntrou100x mais aumentada no grupo doente. Estes achados sugerem a presença de doença semelhante ao quadro clinico descrito como Summer pasture-associated obstructive pulmonary disease em animais criados a pasto no estado do Rio de Janeiro.

GAIOTTE, Denise Glória. Perfil metabólico de éguas da raça mangalarga marchador no periparto e de potros recém-nascidos. 2018. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária). Instituto de Veterinária, Departamento de Epidemiologia e Saúde Pública, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, 2018.

 A gestação na espécie equina tem sido estudada em diversos aspectos relacionados à fisiologia, endocrinologia e neurobiologia com o objetivo de melhor estabelecer os mecanismos e atividades biológicas relacionadas a esta fase. Entretanto, há poucos estudos acerca das alterações hematológicas e bioquímicas em éguas parturientes e em potros recém-nascidos. O hemograma é composto pela avaliação das séries vermelha e branca. A bioquímica sérica que reflete a situação metabólica dos tecidos animais, é importante nas avaliações das funções e/ou lesões renal, hepática e muscular. Na gestação ocorrem adaptações fisiológicas como aumento do volume sanguíneo, expansão uterina e aumento da demanda metabólica (energia, proteínas e demais nutrientes). Portanto, é indispensável o conhecimento das alterações nos constituintes séricos em éguas gestantes e no periparto visando a correta avaliação dos exames realizados nesse período. Com este propósito serão estudados diversos parâmetros metabólicos em éguas na fase final de gestação, ao parto e no pós-parto imediato, bem como dos potros recém-nascidos, visando a oferecer subsídios ao manejo nutricional e ao diagnóstico de enfermidades comuns neste período.

A disfunção cognitiva canina (DCC) consiste na alteração de comportamento e aprendizado relacionados ao envelhecimento patológico. Os sinais da DCC que normalmente aparecem a partir dos 8 anos de idade, são: desorientação, decréscimo ou mudanças na interação socioambiental, alterações no ciclo de sono-vigília, prejuízo no treinamento higiênico e nas demais atividades rotineiras, assim como aumento da ansiedade. O aumento da expectativa de vida dos cães e consequentemente a maior incidência da doença, fez com que novos métodos de diagnóstico clínicos e laboratoriais, assim como alternativas de tratamento fossem buscados. A presente dissertação propõe a acupuntura como tratamento para a DCC, tendo seu efeito avaliado pelos escores obtidos em questionários diagnósticos e a dosagem das enzimas colinesterases (ChE) e catalase. Caninos com 8 ou mais anos de idade com sintomas compatíveis à SDCC e oriundos do Estado do Rio de Janeiro foram avaliados clinicamente e seus tutores responderam a dois questionários diagnósticos. Estes animais foram submetidos à coleta de sangue para dosagem das enzimas BChE, ChE, catalase e receberam tratamento por acupuntura nos pontos Yintang, VG20, PC6, B23, E36 e 3R, durante dez minutos, uma vez por semana, durante quatro semanas. Novas coletas de sangue e a reaplicação dos questionários foram realizadas ao final do tratamento. Na análise dos questionários foi verificado uma redução significativa dos sinais clínicos da doença (p=0,0001). Não houve correlação das atividades enzimáticas das enzimas BChE, ChE e catalase com a gravidade dos sinais clínicos apresentados. Além disso, não houve alteração significativa na atividade das enzimas estudadas antes e após o tratamento.  A melhora clínica dos animais tratados torna válido o uso da acupuntura no tratamento da DCC.

O Plasma Rico em Plaquetas (PRP) é um concentrado de plaquetas obtido por meio de uma metodologia simples, com boa relação custo-benefício para obter altas concentrações de fatores de crescimento com propriedades regenerativas. Proliferação celular, angiogênese e migração celular são estimuladas pelas plaquetas, resultando em regeneração tissular. Atualmente o PRP é utilizado na medicina equina como produto autólogo terapêutico, principalmente no tratamento de tendinites, desmites, artropatias e feridas cutâneas. Vários protocolos para obtenção de PRP têm sido propostos, o que dificulta a escolha do protocolo mais adequado, tentando encontrar um PRP com maior número de plaquetas e menor possível de leucócitos, demos início ao nosso estudo, onde à partir da avaliação de seis protocolos, selecionamos um para utilização em todo o estudo e na rotina clínica. As células-tronco estão presentes em todos os tecidos e órgãos, tendo como função primária a reposição de células perdidas durante o desgaste normal, elas também estão envolvidas no reparo de tecidos lesionados por doenças e traumas e são cada vez mais, objeto de estudo e utilização na medicina equina para tratamentos diversos, visando a regeneração celular, permitindo desta forma recuperações acima da média de tratamentos habituais, onde o retorno à atividade atlética do equino é a principal finalidade de sua utilização. A associação de PRP e células-tronco é atualmente cada vez mais utilizada e várias lesões ósseas, ligamentares e tendíneas encontram nessa forma terapêutica uma alternativa eficiente na regeneração de tais tecidos. Em nosso estudo, avaliamos o cultivo in vitro de células-tronco mesenquimais obtidas do tecido adiposo de equinos em associação ao PRP, a fim de observarmos a influência deste sobre a proliferação celular e encontramos os seguintes resultados

D’AVILA, Mariana Sequeira. Encefalopatia associada à ingestão de Ipomoea pes caprae (Convolvulaceae) em bovinos no estado do Rio de Janeiro. 2018. 99p. Tese (Doutorado em Medicina Veterinária, Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária). Instituto de Veterinária, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, 2018.

A intoxicação por plantas tóxicas de interesse agropecuário está entre as três causas de morte mais importantes em bovinos adultos no Brasil. O grupo das plantas que causam alterações nervosas, muito bem representada no país, encerra mais de trinta espécies tóxicas, entre as quais as do gênero Ipomoea, amplamente distribuídas no território brasileiro. As plantas tóxicas desse gênero podem causar “doenças do armazenamento” ou síndrome tremorgênica. Descrevem-se, pela primeira vez, a intoxicação natural e reprodução experimental por Ipomoea pes caprae em bovinos, verificada no norte do Estado do Rio de Janeiro. Foram observados episódios de intensa ataxia locomotora, postura anormal seguida de queda, incapacidade de levantar-se, tremores, contrações e espasticidades musculares nos membros, intensificados após estimulação ou à simples aproximação. Nos animais afetados a mais tempo, os sintomas tornavam-se permanentes. À necropsia havia apenas significativa quantidade de folhas e pecíolos da planta no rúmen. O estudo histopatológico evidenciou lesões neuronais degenerativas e necróticas principalmente nos neurônios de Purkinje. As técnicas de histoquímica (impregnação argêntica pelo método Bielschowsky), imuno-histoquímica (anticorpos anti-calbindina, anti-sinaptofisina, anti-príon) e a análise ultraestrutural ratificaram esses achados. A avaliação lectino-histoquímica não evidenciou armazenamento nos neurônios dos animais intoxicados por Ipomoea pes caprae. No bezerro, intoxicado experimentalmente, verificaram-se sintomas semelhantes, entretanto, com a interrupção do fornecimento da planta no 28º dia os sintomas desapareceram após quatro dias.

Palavras chaves: síndrome tremorgênica, Ipomea pes caprae, bovino

O manejo de animais nas práticas agropecuárias tem sido baseado em conhecimentos passados de gerações em gerações, e muitos destes costumes não consideram a importância do bem-estar em animais de produção. O presente estudo avaliou duas práticas agropecuárias muito utilizadas e de grande impacto em cavalos, a marcação e o desmame. No primeiro capítulo foi analisada a prática de identificação através do uso da marcação permanente. Esta identificação é tradicionalmente realizada com ferro quente e com símbolos específico. Apesar de gerar polêmicas quanto ao bem-estar animal, esta prática ainda é permitida no Brasil. Entretanto, a marcação a frio com nitrogênio líquido, vem sendo amplamente divulgada como um método que gera menos dor e consequentemente colabora com o bem-estar do animal. As duas técnicas foram avaliadas quanto aos parâmetros autonômicos através da análise da VFC (variabilidade da frequência cardíaca) no momento da marcação, apresentando uma diferença significativa entre os grupos fogo (n=10) e nitrogênio (n=8) (P < 0,0001), com aumento significativo da frequência cardíaca, do componente de baixa frequência (LF), e da razão LF/HF e diminuição do componente de alta frequência (HF). Os níveis de cortisol sérico aumentaram no momento da marcação em ambos os grupos tratados, porém os resultados não foram significativos. Quanto a avaliação comportamental foi observada nos animais marcados a fogo, em comparação a marcação a nitrogênio, uma reação mais intensa de fuga, com presença de coices e empinar, com diferença significativa no parâmetro movimento geral e repouso (P < 0,0001). Na marcação a fogo foi observado desenvolvimentos de feridas no local da marcação, porém no grupo nitrogênio a pele não foi lesionada (P < 0,0001). A marcação a fogo, apesar de ter curta duração, foi capaz de gerar maiores níveis de estresse em comparação a marcação a nitrogênio nos parâmetros fisiológicos (VFC, FC) e comportamentais. No segundo capítulo foi avaliado o desmame dos equinos como um processo que gera estresse físico e psicológico. Este processo representa ao potro um afastamento materno, mudanças na alimentação com privação do leite materno, alteração de ambiente e manejo, ocasionando ao potro situações novas às quais eles devem se adaptar. Foi utilizado o método de desmame em grupos com presença de uma égua adulta sem parentesco com os potros. A acupuntura tem sido uma ferramenta da medicina complementar muito utilizada na redução de estresse. No período que antecedeu ao desmame, foram realizadas quatros sessões de acupuntura em dias alternados, com objetivo de reduzir o estresse da separação entre o potro e a mãe. No experimento foram avaliados a VFC e o comportamento dos potros não havendo diferenças significativas entre os grupos (Controle, Sham e Acupuntura), porém o processo do desmame mostrou-se ser um evento potencialmente estressor nas primeiras horas de separação e, após sete dias do desmame os animais já se encontravam adaptados a nova condição.

Palavras-chaves: cavalo, bem-estar animal, variabilidade da frequência cardíaca.

GOMES, Viviane Horta. Nalbufina, butorfanol e morfina no controle da dor pós-operatória imediata em cadelas submetidas a ovariohisterectomia. 2018. 47p Tese (Mestrado em Medicina Veterinária). Instituto de Veterinária, Departamento de Medicina e Cirurgia Veterinária, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, 2018.

Os opioides são utilizados no manejo da dor perioperatória, formando a base do plano analgésico balanceado. Não foram encontrados na literatura estudos que comparem o efeito analgésico da nalbufina, butorfanol e morfina em cães submetidos a cirurgias de tecidos moles. O objetivo deste estudo foi comparar a eficácia analgésica da nalbufina, butorfanol e morfina no pós-operatório imediato, em cadelas submetidas a ovariohisterectomia. Quarenta e oito cadelas hígidas de diferentes raças foram distribuídas de forma aleatória em quatro tratamentos: nalbufina 0,5 mg kg^-1 (N0.5) e 1,0 mg kg^-1 (N1.0), butorfanol 0,4 mg kg^-1 (B0.4) ou morfina 0,2 mg kg^-1 (M0.2) combinados à acepromazina 0,02 mg kg^-1, por via intravenosa (IV). A anestesia foi induzida com propofol e mantida com isofluorano. A Escala Analógica Visual Dinâmica e Interativa (DIVAS, 0–100 mm), fases I (DIVAS I), II (DIVAS II) e III (DIVAS III), e a Escala de Dor Composta de Glasgow Modificada (GCMPS, 0–10) foram utilizadas para avaliar a dor antes da administração dos fármacos (BL), 1, 2, 3, 4, 5 e 6 horas após a extubação. O resgate analgésico (0,2 mg kg^-1 IV de morfina combinada a 0,2 mg kg^-1 IV de meloxicam) foi administrado se o cão apresentasse GCMPS > 3,5 ou DIVAS > 70 mm. B0.4 apresentou maior escore em DIVAS II comparado ao N1.0, nas horas 2 (p = 0,038) e 3 (p = 0,002), e ao N0.5, na hora 3 (p = 0,003). Não houve diferença em DIVAS I, III e GCMPS entre os tratamentos. Trinta e quatro cadelas necessitaram de resgate analgésico. Não houve diferença entre os grupos em relação a número de resgates analgésicos (p = 0,813) e a dose total de morfina administrada como resgate (p = 0,763). A administração preemptiva de nalbufina, butorfanol e morfina promove similar analgesia pós-operatória com grande possibilidade de resgate analgésico nas 6 primeiras horas, dessa forma, nesse período devem ser realizadas avaliações regulares e interativas para garantir analgesia adequada às cadelas submetidas a ovariohisterectomia.

COSTA, Renata Vitória Campos. Trypanosoma vivax em bovinos no Estado do Rio de Janeiro 2018. 49p. Tese (Doutorado em Medicina Veterinária, Patologia Animal). Instituto de Veterinária, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, 2018.

Este estudo relata a ocorrência de 11 focos de tripanossomíase por Trypanosoma vivax em bovinos, em 10 municípios do estado do Rio de Janeiro. Os sinais clínicos, a patogenia e a epidemiologia da enfermidade foram estudados no período de fevereiro de 2016 a dezembro de 2017. No estado do Rio de Janeiro nunca houve registro de focos de tripanossomíase em bovinos e a comercialização de animais oriundos de regiões onde a enfermidade já existe foi apontada como a principal causa de ocorrência. O manejo de compartilhamento de agulhas para aplicação do hormônio ocitocina durante a ordenha e a presença de moscas hematófagas podem ter contribuído para a disseminação da infecção dentro dos rebanhos. O quadro clínico foi observado, predominantemente, em vacas em lactação e os animais clinicamente afetados apresentaram quadro de anemia, diminuição de apetite, diminuição significativa na produção de leite, emagrecimento progressivo, fraqueza, alterações reprodutivas, diarreia, sinais neurológicos e mortalidade. A redução da produção leiteira, a perda de animais, os gastos com medicamentos e assistência veterinária, e as doenças da esfera reprodutiva foram as principais causas dos prejuízos econômicas relatados pelos proprietários. O diagnóstico da infecção por T. vivax foi realizado através da visualização de sua morfologia e biometria nos exames parasitológicos de esfregaços de sangue perifério, e através da reação em cadeia de polimerase (PCR). Na fase crônica da infecção, a PCR apresentou elevada sensibilidade diagnóstica quando comparada aos métodos parasitológicos. Seis vacas que apresentaram sinais neurológicos e evoluíram para a morte foram necropsiadas e histologicamente apresentaram meningoencefalite linfohistiocitária multifocal no encéfalo e miocardite linfohistiocitária multifocal. A tripanossomíase em bovinos leiteiros introduzida no estado do Rio de Janeiro tem causado sérios prejuízos econômicos e o sinal de alerta para o diagnóstico dessa hemoparasitose pode se apoiar em exames laboratoriais, em face de sinais clínicos inespecíficos como emagrecimento progressivo, queda na produção leiteira e anemia, associados a sinais neurológicos, diarreia e alterações reprodutivas.