Caracterização e Monitoramento de Restauração Florestal em Assentamentos no Extremo Sul da Bahia: Uma
Experiência da Escola Popular de Agroecologia e Agrofloresta Egídio Brunetto
Recuperação de áreas degradadas; Mata Atlântica; Método Participativo.
Historicamente, o bioma Mata Atlântica tem sido impactado por distintas atividades
antrópicas, como o desmatamento para produção agropecuária ou para formação de pastagens,
ocasionando um alto nível de degradação ambiental. Estima-se que há um passivo ambiental
de aproximadamente 1,4 milhão de hectares no bioma. A partir deste cenário, a Escola
Popular de Agroecologia e Agrofloresta Egídio Brunetto (EPAAEB) tem desenvolvido, no
Extremo Sul da Bahia, ações que impulsionam processos de sensibilização e de recuperação
de áreas degradadas com as famílias Sem Terra, através dos princípios da agroecologia. O
objetivo geral deste estudo foi caracterizar e monitorar o processo de restauração florestal a
partir do plantio de mudas de espécies nativas da Mata Atlântica e do cacau em áreas de
preservação permanente em dois assentamentos de reforma agrária no Extremo Sul da Bahia,
visando a recuperação ambiental das mesmas. Os assentamentos acompanhados foram o Bela
Manhã, no município de Teixeira de Freitas, e o Merival Ferreira, no município de Medeiros
Neto. Entre as técnicas utilizadas para a recuperação das áreas degradadas, foram implantados
sistemas agroflorestais, sendo plantadas mudas de cacau e mudas de espécies nativas do
bioma Mata Atlântica, abrangendo 42,92 hectares no assentamento agroecológico Bela
Manhã e 5 hectares no assentamento Merival Ferreira. Dentre as atividades desenvolvidas,
houve dois monitoramentos das espécies nativas plantadas, com 182 e 365 dias, avaliando a
taxa de mortalidade, cobertura por gramíneas exóticas, altura total e diâmetro altura do colo, a
partir de parcelas fixas de 100 m² cada. No assentamento Bela Manhã, destacaram-se em
média de altura e diâmetro do colo as espécies Annona muricata L., Sparattanthelium
botocudorum Mart., Joannesia princeps Vell. e Inga edulis Mart. No assentamento Merival
Ferreira, foram as mesmas espécies nativas com destaque em altura e diâmetro do colo,
sendo: Senna alata (L.) Roxb., Joannesia princeps Vell., Spondias venulosa (Mart. ex Engl.)
Engl., Citharexylum myrianthum Cham. e Inga edulis Mart. Em ambas as áreas de estudo, a
boleira e o ingá de metro se destacaram. As espécies descritas acima que obtiveram um bom
desenvolvimento podem ser indicadas para plantio em áreas degradadas, nas condições deste
estudo. Na perspectiva de tornar o projeto de recuperação de áreas degradadas em um
processo de sensibilização sobre a agroecologia e a conservação dos bens comuns da
natureza, foi realizada uma atividade formativa em cada assentamento, abordando a
importância da recuperação de áreas degradadas e o manejo sustentável em áreas de
preservação permanente, considerando a legislação que rege e direciona as ações no bioma
Mata Atlântica. O projeto de restauração florestal da EPAAEB se mostra promissor para a
restauração florestal.