Caracterização das nascentes da Sub-bacia hidrográfica do Rio Gaviãozinho.
: Recursos hídricos, nascentes, agricultura orgânica
OLIVEIRA, Lázaro Ribeiro de. Caracterização das nascentes da Sub-bacia hidrográfica do Rio Gaviãozinho, Ba. 2018,147p. Dissertação (Mestrado em Agricultura Orgânica). Instituto de Agronomia, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, 2018.
O presente trabalho teve como objetivo caracterizar as nascentes da Sub Bacia hidrográfica do rio Gaviãozinho-Ba, além de avaliar a percepção dos agricultores em relação à conservação ambiental e a agricultura orgânica, visando subsidiar ações de manutenção das áreas preservadas e recuperação de áreas degradadas. As nascentes foram identificadas com o auxílio do sistema GEOBAHIA e do programa Google Earth, e posteriormente foram localizadas em campo utilizando o GPS modelo Garmin etrex 10. As nascentes foram classificadas quanto ao estado de conservação em cinco categorias: Npre, Nper1, Nper2, Ndeg1, Ndeg2. Além disso, identificou-se: a localização da área; coordenadas geográficas; tipo de nascente; presença de proteção; duração do fluxo; uso e ocupação do solo na área da APP e no entorno; principais perturbações. Para as nascentes que apresentaram fluxo de água foi mensurado sua vazão por meio do método da medição direta em tubulação de extravasamento. A fim de avaliar a percepção ambiental dos agricultores foram aplicados questionários semiestruturados contendo 27 questões a 25 agricultores. Foram visitados 74 pontos onde poderia haver uma nascente, sendo que, 52 deles tratavam-se de nascentes perenes, 4 eram nascentes temporárias e 18 cabeceiras de drenagem. Em relação ao estado de conservação das nascentes perenes, somente 20% encontravam-se preservadas, 33% estão perturbadas, sendo 29% classificadas na categoria Nper1 e 4% Nper2. O percentual encontrado de nascentes degradadas foi de 47%, onde 14% foram classificadas como Ndeg1 e 33% como Ndeg2. Observou-se um predomínio do uso do solo com pastagem nas APPs das nascentes degradadas. Nas nascentes perturbadas a associação entre floresta nativa e pastagem foi a que apresentou maior percentual (35%). Verificou-se o acesso direto de animais a 54% das APPs das nascentes perenes, sendo que, somente 8% do total de nascentes perenes encontravam-se devidamente protegidas. A supressão total ou parcial da vegetação nativa e o acesso de animais as áreas de APPs foram as ações antrópicas detectadas em maior percentual. As áreas de cabeceiras de drenagem, nascentes efêmeras e intermitentes, apesar de desempenharem importante papel na dinâmica hidrológica, encontravam-se num elevado grau de antropização. Quanto a percepção ambiental dos agricultores, 44% demonstraram reconhecer a importância das nascentes, principalmente para o fornecimento de água para o uso humano. Todos os entrevistados consideraram importante manter as matas ciliares das nascentes, havendo unanimidade em relação ao desejo de recuperara-las, além disso, a maioria (88%) mostrou-se disposto a participar de projetos de recuperação de nascentes. Questionados sobre qual medida a ser adotada para melhor proteger as nascentes, 36% dos entrevistados apontaram a manutenção a vegetação nativa, 24% apontaram o reflorestamento, 12% mencionaram o uso do cercamento, 12% citaram a educação ambiental, 8% apontaram o recebimento de incentivos financeiros, 8% citaram a necessidade de ações governamentais que apoiem e monitorem as ações de recuperação e 4% citaram o pagamento por serviços ambientais. Entre os entrevistados a maioria (76%) declarou já ter ouvido falar em agricultura orgânica. Indagados sobre o que entendem como agricultura orgânica, a maioria demonstrou desconhecer os vários atributos envolvidos na produção orgânica.