Estratégias para Ocupação Agrícola em Áreas de Interesse Ecológico – Sistemas Agroflorestais com Café no Município de Guapimirim RJ
área de amortecimento, conservação de recursos naturais, práticas agroflorestais.
O modelo agrícola convencional, baseado em tecnologias de alto uso de insumos químicos, criou uma situação de competição com o meio ambiente local. No estado do Rio de Janeiro, este processo ocorre desde a chegada do colonizador europeu. A exploração direta da madeira e a monocultura de cana-de-açúcar e de café foram determinantes na acentuada degradação de sua área florestal. Os sistemas agroflorestais fazem parte das estratégias seculares que permitem, especialmente nas áreas tropicais, estabelecer um modo de produção que mantenha e renove os recursos naturais. Um grupo de agricultores, estabelecido na região metropolitana do Rio de Janeiro e em área de abrangência de relevantes unidades de conservação, foi a base para este estudo de caso. São agricultores familiares que participam da Associação de Produtores Rurais e Artesãos da Microbacia do Fojo (AFOJO), localizados no município de Guapimirim. O estudo foi realizado com famílias selecionadas por praticarem a agrofloresta tendo o café como um dos principais produtos. Os dados foram coletados através de reuniões técnicas, de visitas a seis unidades de produção, onde se realizaram caminhadas transversais e entrevistas semiestruturadas. Buscaram-se também informações junto as entidades de extensão e assessoria técnica que trabalharam com o grupo. O objetivo era obter dados sobre seus sistemas produtivos e os aspectos sociais e econômicos. Os resultados demonstraram que as famílias pesquisadas, estavam bem estabelecidas e produzindo alimentos em sistemas agroflorestais ainda em construção. Utilizavam técnicas de baixo uso de insumos externos, que visavam conservar os recursos naturais e manter a sustentabilidade do sistema. O acompanhamento técnico era feito principalmente por organizações não governamentais. Um aspecto positivo foi a evidência da manutenção do ambiente florestal, adequado ao ecossistema natural original da região. O grupo aproveitava a proximidade com a região metropolitana do Rio de Janeiro como oportunidade de venda diretamente para o consumidor de seus produtos diferenciados, orgânicos e certificados. Geravam renda e garantiam a manutenção familiar, conservando recursos naturais e resistindo à pressão urbana sobre sua região. Nenhum dos agricultores demonstrou necessidade de mudar de atividade.