Substrato para mudas de hortaliças orgânicas obtido com adição de biocarvão antes e depois da compostagem de capim elefante e esterco bovino.
Alface, mudas, substrato orgânico.
Com a mudança da legislação de orgânicos, na Portaria nº 52 de 2021, e a Portaria nº 404 de 2022, a utilização de mudas produzidas em sistemas convencionais terá redução gradual, e o fim do seu uso deverá ser em até cinco anos após publicação da Portaria. Deste modo, se torna necessário buscar por materiais e métodos que possam produzir substratos orgânicos a partir de insumos localmente disponíveis. A região do Vale do Rio Pardo, no Rio Grande do Sul apresenta nas unidades agrícolas abundância de capim-elefante e esterco bovino, o biocarvão da mesma forma, tem disponibilidade em carvoarias da região. Já comumente utilizado na formulação de outros substratos, a pesquisa se propôs a encontrar possibilidades de substratos que além de serem orgânicos, permitam autonomia dos agricultores. Para isto, o trabalho teve por objetivo avaliar o desempenho de substratos orgânicos para mudas de hortaliças formulados a partir da compostagem de capim-elefante, esterco bovino e diferentes quantidades de biocarvão (0%, 10%, 20% e 40%). Foram avaliadas no composto os teores de C, N, Ca, Mg, P e K, os teores totais de C e de N a relação C/N dos compostos, análises de pH e condutividade elétrica, emissões potenciais de CO2 e de NH3 ao longo de 90 dias de compostagem. Em seguida, realizado experimento com a produção de mudas orgânicas de alface (Lactuca sativa) que avaliou o desempenho dos substratos formulados com composto orgânicos, contendo as diferentes quantidades de biocarvão (0%, 10%, 20% e 40%) adicionadas antes e depois do processo de compostagem, mais um tratamento testemunha constituído pelo substrato comercial Carolina Soil. Nos substratos foram realizados avaliações químicas dos nutrientes C, N, Ca, Mg, P e K, condutividade elétrica e pH, Análise de metais pesados, físicas de densidade aparente e o desenvolvimento das mudas, por meio de altura das plântulas, número de folhas, massa fresca de parte aérea, volume de raízes e grau de estabilidade do torrão. Quanto ao número de folhas e estabilidade do torrão não houve variação significativa, na altura das plantas o tratamento com 40% de biocarvão antes e após a compostagem apresentaram menor altura que os demais tratamentos e o substrato comercial, ainda inferior. Na análise da massa da parte aérea, tratamento com 10% de biocarvão acrescentado após a compostagem, apresentou o melhor desempenho seguidos dos tratamentos sem biocarvão e com 20% de biocarvão acrescentado após a compostagem. O tratamento com 20% de biocarvão acrescentado antes da compostagem apresentou melhores índices do volume de raízes, da parte aérea (Altura, massa e nº de folhas) foi o tratamento com 10% de biocarvão acrescentado após a compostagem.