Controle de espécies espontâneas através do consórcio de aveia com feijão, sob manejo orgânico
Avena strigosa; Phaseolus vulgaris; plantas espontâneas.
1. Em sistemas de produção orgânica de grãos, o manejo de plantas espontâneas é um dos principais fatores limitantes para obtenção de produtividades satisfatórias. As possibilidades de controle são escassas e, no caso da capina manual, custosa e extremamente penosa. Esse trabalho de dissertação teve como objetivo, avaliar o controle de plantas espontâneas em cultivo de feijão, por meio do consórcio com aveia preta, em alta densidade, sob manejo orgânico. A hipótese é de que a aveia (Avena strigosa), em consórcio, pode inibir o desenvolvimento de espécies vegetais espontâneas com potencial de competição com o feijoeiro. O experimento foi implantado no Assentamento Contestado (Lapa/PR). Adotou-se o delineamento experimental de blocos casualizados, com quatro repetições e seis tratamentos, totalizando 24 parcelas. Os tratamentos consistiram em: semeadura em consórcio de feijão/aveia, com densidade de 50 kg aveia/ha; semeadura em consórcio de feijão/aveia, com densidade de 120 kg aveia/ha; semeadura em consórcio de feijão/aveia, com densidade de 150 kg aveia/ha; semeadura em consórcio de feijão/aveia, com densidade de 200 kg aveia/ha; semeadura de feijão em monocultivo sem controle de espontâneas (NAT); semeadura de feijão em monocultivo, com uma capina durante o ciclo (CAP). As variáveis avaliadas foram: número de plantas espontâneas, massa fresca de plantas espontâneas, rendimento de grãos do feijoeiro. A primeira avaliação da dinâmica populacional das plantas espontâneas, realizada 31 dias após a emergência do feijoeiro, indicou a predominância de Digitaria sanguinalis e Brachiaria plantaginea em todos os tratamentos com semeadura consorciada e na testemunha sem controle. A segunda avaliação, feita aos 90 dias, na colheita, confirmou a manutenção da predominância dessas mesmas espécies. Não houve diferenças significativas na comunidade de plantas espontâneas entre os tratamentos conduzidos sob consorcio. Em relação à produtividade do feijoeiro, o consórcio com aveia não apresentou efeitos positivos. A média da massa de grãos foi de 198,75 g/m2 em T1; 207,25 g/m2 em T2; 195,75 g/m2 em T3; 170,25 g/m2 em T4; 364,75 g/m2 em T5 (CAP) e 232,5 g/m2 em T6 (NAT). O tratamento com capina (CAP) obteve o maior rendimento, evidenciando a eficácia do controle mecânico realizado dentro do Período Crítico de Prevenção à Interferência (PCPI). Os resultados obtidos foram submetidos ao teste F e ao teste de comparação de médias LSD. Não houve diferenças significativas entre os tratamentos com semeadura simultânea de feijão e aveia nas distintas densidades avaliadas. Por outro lado, o monocultivo submetido a uma capina manual apresentou desempenho estatisticamente superior, evidenciando a eficácia do controle mecânico no contexto do manejo de plantas espontâneas. Da mesma forma, o feijão em monocultivo sem capina durante o ciclo (T6 ou NAT) apresentou ligeira superioridade estatística comparado aos tratamentos que integraram aveia. As informações geradas nesse trabalho contribuirão para o manejo eficiente das plantas espontâneas em sistemas orgânicos de produção de grãos, especialmente no desenvolvimento e na validação de estratégias sustentáveis de supressão de espécies espontâneas.