Consórcio de guandu e milho cultivados para produção de forragem em sistema orgânico
Agroecologia, intervalo de semeadura, silagem, composição bromatológica
Objetivou-se avaliar a produtividade e a composição bromatológica de forragem, in natura e ensilada, a partir de monocultivo e consórcios de milho e guandu em sistema orgânico de produção. O trabalho experimental foi instalado na Fazendinha Agroecológica Km 47 (Sistema Integrado de Produção Agroecológica – SIPA). O delineamento adotado foi o de blocos casualizados, com oito tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos constaram de milho (Zea Mays L., var. Eldorado) e guandu (Cajanus cajan L. Millsp, cv. BRS Mandarim) semeados em monocultivo e consórcio de milho e guandu, sendo o guandu semeado aos 60, 45, 30, 15 e 00 dias antecedendo a semeadura do milho, além da semeadura simultânea destas espécies feita no mesmo sulco de plantio. A semeadura nos consórcios foi realizada em sulcos intercalares espaçados de 0,50 m, o que representou uma população de milho equivalente à 60.000 plantas ha-1 (seis plantas m linear-1) e de guandu equivalente à 100.000 plantas ha-1 (10 plantas m linear-1), ao passo que, nos monocultivos as populações foram equivalentes à 120.000 plantas e 200.000 plantas ha-1, respectivamente, de milho e guandu. No tratamento em que as culturas foram plantadas simultaneamente no mesmo sulco de plantio, utilizou-se a mesma densidade de plantio dos monocultivos. O corte das espécies para confecção da silagem foi feito a 20 cm da superfície do solo. Para a ensilagem o material vegetal foi acondicionado em tubos de poli vinil carbonato com dimensões de 10 cm de diâmetro e 50 cm de comprimento, capacidade para 2,5 kg de silagem (equivalente à 600 kg m-3). Além da produtividade das espécies, foram avaliados os teores de proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN) e nutrientes digestíveis totais (NDT). A produtividade total de biomassa seca de parte aérea alcançou os maiores valores nos respectivos monocultivos de milho (18,12 Mg ha-1) e de guandu (19,71 Mg ha-1). No consórcio destas espécies a semeadura simultânea resultou em produtividade total igual a alcançada nos monocultivos. Em relação à quantidade total de N acumulado na parte aérea na mistura das espécies notou-se que os maiores valores foram detectados quando a leguminosa foi semeada aos 60 e 45 dias antecedendo a semeadura do milho. Quanto ao teor de PB na forragem in natura, os tratamentos representados pelo monocultivo de guandu e consórcios junto ao milho nos diferentes intervalos de semeadura apresentaram valores maiores do que o monocultivo de milho e o consórcio com semeadura simultânea destas espécies. No que concerne à silagem, as maiores concentrações de PB foram encontradas nos consórcios em que a leguminosa foi semeada aos 60 e 45 dias antecedendo ao milho, representando, respectivamente, 86% e 105% de incremento em relação à silagem exclusiva de milho. Os menores valores de FDN foram detectados na forragem in natura nos tratamentos formados por monocultivo de guandu e nos consórcios cuja semeadura desta leguminosa foi feita aos 60 e 45 dias antecedendo ao milho, resultando nos maiores valores de NDT. Em contrapartida, os terrores de FDN e NDT das silagens não apresentaram diferenças entre os tratamentos. Face ao exposto, o tratamento que aliou os melhores valores de produção e qualidade de forragem, tanto in natura como na forma de silagem, foi o consórcio cuja semeadura da leguminosa foi feita aos 45 dias antecedendo ao milho.