Avaliação Participativa do Cultivo Orgânico de Batata-doce: Estudo de Caso com Agricultores Familiares do Brejal na Região Serrana Fluminense.
Agroecologia; segurança alimentar; olericultura.
A carta de Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODS) tem como seu segundo tópico a alimentação humana, propondo: Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar, melhorar a nutrição da população e promover a agricultura sustentável, por meio do aumento de renda, até o ano de 2030.
Diante deste desafio, este trabalho tem como objetivo realizar avaliações participativas do desempenho agronômico de variedades de batata-doce (Ipomoea batatas) submetidas ao manejo orgânico em unidades produtivas de agricultores familiares do município de Petrópolis, Rio de Janeiro. O município de Petrópolis é reconhecido como a capital dos orgânicos pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ) (Lei nº 8118, publicada no Diário Oficial em 25 de setembro de 2018).
As raízes de batata-doce apresentam baixa percepção de oportunidade comercial a ser explorada pelos agricultores dessa região, tendo seu cultivo maior para subsistência e venda do excedente. No entanto, esta espécie olerícola tem relativa facilidade de ser cultivada, apresenta demanda crescente nos grandes centros de comercialização onde esses agricultores frequentam, e a conservação pós-colheita de suas raízes é superior à de espécies folhosas, como por exemplo, alface e couve.
O trabalho de experimentação com as diferentes variedades de batata doce será conduzido no Brejal, cujas coordenadas geográficas são latitude: -22.2581773 de longitude: -43.0495084 em quatro unidades agrícolas familiares, nas três localidades regionalmente conhecidas como Cachoeirinha, Albertos e Jurity. Serão introduzidas as seguintes variedades de batata-doce: Rosinha de Vedam, Iapar 69, Beni Imo e Japonesa. As áreas de cultivo constarão de 12 leiras elevadas com o comprimento de 12 m, sendo que cada variedade será plantada em três leiras. As colheitas serão feitas em diferentes ciclos de cultivo, à saber: aos 120, 130, 140 e 150 dias após o plantio das mudas. As mudas são formadas de ramas oriundas de cultivos conduzidos na Fazendinha Agroecológica Km 47, localizada em Seropédica, na Baixada Fluminense.
O acompanhamento dos cultivos será feito pelos agricultores e pesquisadores envolvidos no projeto. Os agricultores serão estimulados a avaliar o comportamento vegetativo das plantas, procedendo-se ao relato de características como o crescimento, ocorrências de pragas e de doenças. Por ocasião das colheitas, serão determinados o comprimento, a forma, a presença de defeitos e de danos bióticos, o peso fresco e a classificação comercial das raízes. Os agricultores experimentadores serão estimulados a conduzir suas próprias percepções subjetivas a respeito das variedades sob estudo. Serão realizadas reuniões para socialização dos conhecimentos gerados.
Como resultados esperados pode-se destacar, nas condições edafoclimáticas predominantes nos locais de estudo: recomendações de variedades de batata-doce que apresentem desempenho fitotécnico e padrão comercial apropriados; caracterização dos ciclos de crescimento de cada vairiedade até a colheita; e a identificação de incidências de pragas e doenças acometendo as variedades. Os conhecimentos gerados de forma compartilhada serão socializados junto a demais agricultores familiares orgânicos da localidade do Brejal, de forma a agregar novas oportunidades de comercialização e, portanto, de renda, a partir da diversificação das áreas de cultivo com a introdução de variedades de batata-doce.