“Produção agroecológica de flores do feijão-borboleta (Clitoria ternatea L.), inovação gastronômica e conversão de gramado residencial em horta como enfrentamento ao isolamento social da Covid 19”.
panc, cultivo, corante natural, gastronomia, enfrentamento a Covid 19.
A utilização de Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) abre novos mercados e desafios na concepção de sistemas de produção inovadores e de comercialização equânime. O feijão-borboleta (Clitoria ternatea L.) é uma leguminosa perene, nativa da Ásia Equatorial, de intensa floração, bem distribuída pelo ano. As flores são utilizadas como remédio na medicina popular e seu raro pigmento cerúleo é valorizado na arte gastronômica. A planta é ruderal, tem potencial para o paisagismo comestível, mas no Brasil seu uso etnobotânico principal é apenas agrosilvopastoril. Esta dissertação foi construída a partir de experimentos e publicações independentes, que abrangem da produção à pós-colheita do feijão borboleta (FB), razão pela qual é apresentada na forma de capítulos. O Capítulo I contempla a caracterização e avaliação das sementes in vitro e disponibiliza para inserção na Regra de Análise de Sementes RAS (BRASIL, 2009) as métricas e parâmetros de sementes de Clitoria ternatea L., sendo: a) comprimento médio= 0,62mm; b) largura média=0,43mm; c) espessura média=0,38mm; d) média de sementes/legume=8; e) peso de 1000 sementes=130g; f) número de sementes/kg=8000; g) teste de Germinação; h) aspectos fitossanitários: exames e fotomicrografias permitiram associar os gêneros Colletotrichum, Cladosporium e Penicillium como patógenos das sementes de FB. O capítulo II é voltado para a fitotecnia da espécie, sobre a produção de mudas e cultivo em vasos de FB. Ensaio de semeadura indicou diferenças de germinação de FB conforme substrato empregado. O Substrato III (Carolina soil®) promoveu resultados superiores com 49% de sementes germinadas. Tentativa de cultivo do FB em vasos mostrou-se possível e com produtividade de flores. Foi possível obter métricas como parâmetros de média de crescimento das plantas, média de número de flores, número de ramos floríferos, número de legumes, número de botões florais e média de peso seco. Também é ofertada descrição do ciclo fenológico do cultivo de feijão-borboleta, desde a semeadura até a maturação das vagens, com registro dos eventos fisiológicos que caracterizam seus estádios (V0 a R7) ao longo do desenvolvimento. O Capítulo III contempla um Comunicado Técnico para a desidratação doméstica simplificada das flores de FB, publicado como capítulo de livro digital para acesso gratuito. Já o Capítulo IV é um roteiro ilustrado de inovação gastronômica na forma de livro digital, constituído por sugestões de preparações culinárias à base de flores de FB, os meios mais simples para obtenção de seu corante natural e dados etnobotânicos da espécie. Por fim, o isolamento social imposto pela pandemia COVID-19 acentuou a necessidade de expandir a agroecologia doméstica como instrumento coletivo para segurança alimentar e nutricional, razão que o Capítulo V apresenta em artigo publicado na Revista Educação Ambiental em Ação, sobre a conversão de um gramado residencial em sítio agroecológico urbano e elenca os principais efeitos na ecologia e na paisagem onde foram desenvolvidos os ensaios experimentais de campo e cozinha que integram esta dissertação.