CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA E FUNCIONAL DA MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO E FRAÇÕES E FORMAS DE FÓSFORO EM DIFERENTES SISTEMAS DE MANEJO EM SOLOS OXÍDICOS
Matéria orgânica do solo, substâncias húmicas, balanço de carbono, clima tropical, intemperismo
Devido a sua importância em solos de clima tropical, a matéria orgânica torna-se um importante indicador da qualidade do solo. Além de ter influência direta na disponibilidade de fósforo (P) do solo, principalmente em solos oxídicos. O objetivo desse estudo foi avaliar as alterações na estrutura química e funcional da matéria orgânica do solo (MOS) e demonstrar como se comportam as frações e formas de fósforo no solo em diferentes sistemas de manejo em solo oxídico. Foram avaliadas três áreas manejadas e uma área de referência (mata nativa). As três áreas manejadas compreendem: sistema plantio direto (SPD), sistema de plantio convencional (SPC) e pastagem permanente (PP). Foram quantificados os teores de carbono orgânico total (COT), o carbono oxidável com permanganato de potássio (POX) os estoques de carbono (C) e nitrogênio (N), frações químicas e densimétricas da MOS, abundância natural de 13C, e caracterização espectroscópica com uso de RMN13C no ácido húmico (AH), fósforo remanescente, fósforo disponível, fósforo total e RMN 31P no AH, além das formas de ferro e alumínio oxalato e ditionito. Os resultados mostraram que a área com floresta (F) acumula elevada quantidade de C orgânico em superfície (frações químicas, densimétricas), propiciando a formação de AH predominantemente alifáticos. Por outro lado, no SPD, apesar do constante aporte de biomassa ao solo, observa-se baixa incorporação de estruturas alifáticas nos AH, indicando uma maior mineralização do carbono. No sistema PP verifica-se a formação de AH semelhantes aos observados na área de F. Já no SPC contatou-se menor incorporação de carbono orgânico total (COT), estoque de C e de N e a formação de AH de diferentes composições em comparação com as outras formas de manejos. Com estes resultados, é possível afirmar que os sistemas pouco manejados e mais estabilizados em clima tropical popricia a formação de AH com semelhança composicional e estrutural independente da natureza do carbono (C3 e C4). De maneira contrária, em áreas manejadas com ou sem maior aporte de carbono, são observados AH diferentes estruturalmente quando comparados com as áeras PP e F. Esse estudo abre novas possibilidades de pesquisa em que se faz necessário modelar experimentos que forneçam respostas específicas sobre a relação entre o aporte de C, o manejo e a formação de substâncias húmicas. Em relação a disponibilidade de P, na área de manejo de PP foram observadas formas de Fe de menor cristalinidade possivelmente devido a maior umidade presente nesta área pela cobertura do solo. Maiores teores de P disponível foram quantificados na área de manejo SPD e PP em todas camadas avaliadas e maiores teores de P-rem e P total nas camadas de 0-0.05 m, indicando que o não revolvimento do solo e o acúmulo de MOS são essenciais para a manutenção de P. Não houve relação entre a disponibilidade de P e as formas de Fe do solo. Os espectros de 31P RMN CP MAS HA mostraram predomínio de formas orgânicas de P. O manejo com PP favoreceu o acúmulo de P-diéster. Na área de F observas-se a incorporação de nucleotídeos tipo açúcares e nos manejos de SPC e SPD as estruturas de P-monoéstrer se acumularam em maior quantidade. A maior intensidade de cultivo parece favorece as estruturas de P orgânico mais recalcitrantes.