A política na CNA: organização, mobilizações e inserções no Estado
Confederação Nacional da Agricultura (CNA), patronato rural, Estado brasileiro, ditadura militar.
A investigação desenvolvida nesta tese tem como objeto a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), confederação sindical patronal rural brasileira, legalmente prevista em 1963 e reconhecida em 1964, e sua relação com o Estado do momento da sua constituição até os anos do regime militar. Analisam-se as articulações e alianças constituídas pela entidade para pautar a política agrária e agrícola neste período. Com base em publicações e documentos corporativos da CNA, material de fundos de arquivos públicos e privados, entrevistas com lideranças e material jornalístico da época foi possível delimitar e identificar três fases da Confederação: da concepção e instalação, com uma atuação, conjuntamente com a SNA, no campo da política externa para agricultura (anos 1920 aos anos 1940); refundação e oficialização (anos 1950) como Confederação Rural Brasileira (CRB); e reconfiguração de entidade civil para sindicato patronal rural (anos 1960). Nesses tempos distintos foi possível mapear certos matizes de sua ação política e inserções junto ao Estado, principalmente quando a política agrícola é posta como mais importante do que a agrária. A tese está organizada conforme três níveis de análise das relações entre sociedade civil e sociedade política. O primeiro refere-se à organização patronal rural a partir das duas lógicas da ação coletiva, conforme tratadas por Claus Offe. O segundo é o institucional, no qual são analisadas as demandas e argumentos que dão sentido ao funcionamento da CNA e ao repertório que põe em evidência seus interesses. O terceiro é o das redes e relações de poder, no qual é analisada sua ação política junto ao Estado propondo mecanismos de política agrícola que favoreceram setores do patronato rural. A tese contribui para ampliar o debate sobre as formas de ação coletiva dos grupos conservadores dominantes e as estratégias de pressão junto ao Estado que caracterizam a cultura política do patronato rural.