RESISTÊNCIA E AUTO-ORGANIZAÇÃO DE TRABALHADORES RURAIS DO SERTÃO FLUMINENSE NO PRÉ-1964
Resistência, insurgência, campesinato
O presente trabalho tem como objetivo compreender a insurgência camponesa no Rio de Janeiro, no pré-1964, a partir de suas formas de resistência e da auto-organização dos trabalhadores rurais. A análise se concentrou na existência de formas cotidianas de resistência, nas resistências públicas e também no uso de violência militar, presente nos levantes armados que se iniciaram a partir de 1961. Para tanto, analisamos fontes materiais a respeito de três processos insurrecionais ocorridos no sertão fluminense: São José da Boa Morte, em Cachoeiras de Macacu, no Núcleo Colonial de Santa Alice, em Itaguaí e em Pedra Lisa, no município de Nova Iguaçu. De forma mais detalhada, analisamos também a resistência e a auto-organização dos lavradores de Xerém, em Duque de Caxias, área que se destacou pela grande quantidade de levantes camponeses durante os primeiros anos da década de 1960. A insurgência camponesa surge, no sertão fluminense, a partir de um contexto de expropriação de terras, causado por instituições públicas e privadas, figuras políticas, entre outros atores, o que levou ao estabelecimento de organizações camponesas formais e informais e de distintas formas de reivindicar a desapropriação das terras, tendo esse processo de lutas sido interrompido com o golpe civil-militar de 1964.