Alimento, Política e Ação Coletiva: conectando periferias urbanas e rurais na Região Metropolitana do Rio de Janeiro
alimentos; movimentos sociais; ação coletiva; Rio de Janeiro; Covid-19; periphery
RESUMO
O presente projeto de pesquisa visa investigar, analisar e compreender as interfaces que se estabelecem entre ação política e ação econômica nas estratégias de distribuição de alimentos orgânicos e agroecológicos promovidas por organizações de movimentos sociais no estado do Rio de Janeiro. A partir de um estudo comparativo das experiências realizadas pelo Movimenta Caxias e pelo Movimento dos Pequenos Agricultores, pretendemos analisar as dinâmicas de ação coletiva que emergem a partir dessas iniciativas, considerando as pessoas, recursos e narrativas que elas mobilizam. Buscaremos, além disso, investigar as conexões estabelecidas entre essas duas vertentes de ação coletiva e o Coletivo Terra, associação de produtores agroecológicos da Baixada Fluminense. Partindo de uma análise histórica das conexões estabelecidas entre produtores e consumidores de alimentos em bairros periféricos existentes nessa região, pretendemos contribuir para os debates sobre as redes agroalimentares alternativas, a ação coletiva e os movimentos sociais levando em conta um quadro teórico mais amplo de interações entre sociedade civil, Estado e mercado, além de propor caminhos possíveis para essas redes, num contexto de avanço do neoliberalismo e do autoritarismo estatal e paraestatal. O Movimenta Caxias distribuiu, entre abril e julho de 2020, alimentos e produtos de higiene para mais de 80 mil pessoas em 14 municípios do estado. As ações foram viabilizadas a partir de várias parcerias, com destaque para o contrato firmado com o Instituto Unibanco, que disponibilizou cerca de 5 milhões de reais. Por sua vez, o MPA está construindo um arranjo específico entre aquisição e doação de alimentos dentro da campanha Mutirões Contra a Fome, organizada em resposta à pandemia, e que está distribuindo alimentos agroecológicos em pelo menos sete favelas da cidade do Rio de Janeiro. Utilizamos um conjunto de métodos para abarcar as distintas dimensões de análise e a diversidade de atores envolvidos: observação participante, entrevistas semiestruturadas e pesquisa-ação participativa. Nossa hipótese é de que, provocadas pelo contexto inédito da pandemia do coronavírus, estas organizações diversificam seus repertórios de ação, inovando em arranjos de compra e doação de alimentos inspirados por uma concepção de solidariedade enquanto ação política. Tendo o alimento como ponto de conexão, articulam redes de produção e consumo que contribuem para a popularização dos alimentos orgânicos e agroecológicos em territórios periféricos.
Palavras-chave: compra e doação de alimentos, ação coletiva, movimentos sociais, Rio de Janeiro, Covid-19