entre as HISTÓRIAS DE PESCADOR E a ciÊNCIA DO CURSO TÉCNICO EM RECURSOS PESQUEIROS: encontros TRANSDISCiPLINARes EM MANACAPURU
Protagonismo Discente; Conhecimento Transdisciplinar; Prática Pedagógica.
Desde que se adotou o paradigma cartesiano de produção científica nas sociedades ocidentais, o conhecimento acadêmico científico vem mantendo um status de mais importante e verdadeiro, ao passo que saberes de comunidades locais vem sendo relegados a planos inferiores, como os das comunidades ribeirinhas. Desde o modelo cartesiano de escola os conteúdos sistematizados vêm sendo trabalhados nas diversas áreas altamente especializadas que, muitas vezes, não se comunicam entre si. Uma consequência desse modelo é que o discente em sala de aula aprende os mais diversos conteúdos sem perceber como eles se relacionam. O presente trabalho buscou investigar que produções de conhecimento poderiam surgir ao se entrelaçar o conhecimento produzido no IFAM Manacapuru no curso de Técnico em Recursos Pesqueiros com o conhecimento dos pescadores artesanais da cidade. Como metodologia de trabalho, foram usadas as técnicas de História Oral, com encontros entre os discentes do curso e os pescadores da comunidade urbana da cidade. Nesses encontros, os discentes se colocaram na posição de pesquisadores, deslocando-se da passividade dos bancos escolares que, no modelo tradicional de ensino, são o local de receber o conhecimento como se estivesse pronto. Assim, o objetivo geral dessa pesquisa foi investigar como os encontros entre estudantes e pescadores poderiam ser mecanismo de produção de conhecimento mais ampliado para ambos os sujeitos da investigação (discentes e pescadores artesanais), tendo o docente-pesquisador apenas como orientador do processo. Esta investigação teve a proposta de buscar a construção de um conhecimento transdisciplinar tanto para pescadores quanto para estudantes-pesquisadores, assim como para o docente-pesquisador. Foi possível concluir que os discentes se portaram como agentes ativos na produção do conhecimento e atuaram sem hierarquização de saberes, percebendo no outro a importância social, ao passo que os pescadores manifestaram satisfação em serem valorizados por sua história de vida.