EDUCAÇÃO DO CAMPO: EXPERIÊNCIAS METODOLÓGICAS E SUAS CONTRIBUIÇÕES AO CURSO TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA DO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO CEARÁ- IFCE- CAMPUS CRATO.
Educação do Campo, Educação Rural, Movimentos sociais
O presente trabalho buscou fazer um estudo bibliográfico e de campo sobre as metodologias educacionais utilizadas pela educação do campo e a possibilidade de ressignificação e replicação destas no curso técnico em agropecuária na modalidade integral do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará- IFCE, campus Crato. Para tanto, analisamos aspectos do surgimento e contexto histórico, político e social da educação rural no Brasil e seus principais contrastes com a educação do campo na atualidade. Além disso, fizemos a análise da matriz curricular do curso em estudo na busca de entender qual tipo de aluno se propõem a formar e se tal educação liga-se mais aos interesses da elite ruralista e ao agronegócio brasileiro, ou a educação do campo e seu ideal de luta pela terra e resistência ao grande capital, pela formação política das pessoas. O objetivo central foi desenvolver um estudo investigativo sobre as metodologias desenvolvidas na educação do campo de modo a conhecer suas contribuições ao curso investigado. Procuramos identificar a contribuição dos movimentos sociais ligados a terra no processo de construção da educação do campo e a possibilidade de reinvenção dos preceitos didáticos-metodológicos desta ao curso objeto de estudo. A pesquisa de campo foi de natureza exploratória, quanti-qualitativa, realizada nos meses de novembro e dezembro de 2017, com nove (nove) alunos matriculados entre a 2ª e 3ª. séries do referido curso e residentes em comunidades rurais dos municípios de Crato, Nova Olinda e Porteiras na região do Cariri, Sul do Estado do Ceará. Foram utilizados questionários impressos com perguntas do tipo abertas e fechadas os quais buscaram verificar se há ou não o uso de algumas metodologias educacionais próprias da educação do campo no ensino lá ofertado e se os conhecimentos por eles recebidos estão sendo ou não aplicados nas atividades práticas em suas comunidades com vistas a gerar a permanência desses estudantes em suas localidades pela geração de desenvolvimento ambientalmente sustentável. Os principais interlocutores que respaldaram este trabalho foram ARROYO & MANÇANO (2004), BENJAMIN & CALDART (2000), CASTAGNA & AZEVEDO (2004). Os resultados obtidos, evidenciaram que o ensino técnico em agropecuária realizado na instituição pesquisada, possui ainda fortes elementos da educação rural de cunho tradicionalista e é pouco contextualizado com a prática social desses sujeitos, o que nos leva a sugerir a adoção da prática pedagógica da pedagogia da alternância como forma de humanizar o ensino ofertado no curso e aproximar alunos, escola e comunidade no que tange a uma melhor interação destes na busca da qualidade do ensino e o desenvolvimento sustentável dessas comunidades por meio da aprendizagem adquirida.