A filiação de Nietzsche ao Iluminismo: uma revisão do lugar do seu pensamento na historiografia contemporânea.
Nietzsche – Iluminismo – Voltaire – História – Pós-modernismo
Observamos qual é a especificidade da crítica de Nietzsche ao Iluminismo do século XVIII, porque é a partir dela que ele promove sua filiação ao Iluminismo enquanto um movimento do espírito que atravessa épocas. A partir de Humano, demasiado humano, Nietzsche não concebe sua filosofia senão como uma filosofia histórica, e é nesse momento que ele inicia a superação compreensiva da metafísica e almeja “levar adiante a bandeira do Iluminismo”. Com essas considerações, propomos uma revisão em torno do lugar, já posto e cristalizado, que este filósofo ocupa na historiografia contemporânea, que é o de patrono das teorias pós-modernas na história. Demarcamos onde, como e através de quem a sua filosofia adquiriu um rosto irracionalista e essencialmente anti-iluminista. Ao lado disso, apresentamos alguns autores e o que eles argumentam para contestar tal visão. Abordamos a proximidade de Nietzsche com Voltaire e a relação do alemão com os períodos da história que ele elege como sendo os mais grandiosos (onde o domínio de si, a autocoação e uma disciplina dos instintos prevalecem), colocando-os em uma cadeia histórica do Iluminismo, cadeia esta que ele mesmo se inscreve.