Emprego doméstico na pandemia: um estudo sobre as múltiplas violências e seus
aprofundamentos nas vidas de trabalhadoras em tempos de crise
Estudo antropológico, trabalhadoras domésticas, pandemia de Covid-19, violência
O Brasil vive, atualmente, uma de suas maiores crises políticas e humanitárias desde o século
passado. Dentro deste cenário, se insere a minha pesquisa, acerca das condições de vida e de
trabalho das empregadas domésticas. Não é difícil perceber que, nos últimos meses, as mídias
ficaram cobertas de matérias que noticiavam casos que envolviam empregadas domésticas e suas
relações com seus patrões em meio à pandemia. Esses casos, em sua maioria, compreendem as
histórias de mulheres negras e pobres que não foram dispensadas de seus serviços durante o período
de quarentena recomendada pelos governos, especialmente estaduais, com base nas orientações da
Organização Mundial da Saúde. Uma vez expostas à doença, elas e seus familiares tornaram-se
vítimas fatais do vírus, fomentando debates e reflexões sobre os direitos dessas trabalhadoras, tendo
como pano de fundo as questões de raça, gênero e classe. Neste trabalho, portanto, procuro refletir
sobre a situação da empregada doméstica durante a pandemia do coronavírus no país. Para tal, num
primeiro momento, busquei conhecer e analisar as características referentes ao evento da gripe
espanhola que chegou ao Brasil no ano de 1918, buscando, em termos comparativos, iluminar a
compreensão de aspectos da crise pandêmica pela qual estamos passando