Desigualdade racial no mercado de trabalho à luz dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, desigualdade racial, mercado de
trabalho.
O alerta mundial sobre a desigualdade, presente nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), tem surtido pouco efeito na sociedade brasileira, em especial no contexto do mercado de trabalho, onde o problema da desigualdade racial se apresenta sem perspectiva de melhoras de acordo com os institutos de pesquisa nacionais. Neste sentido, a pesquisa trata do tema da desigualdade racial no mercado de trabalho à luz das metas e compromissos assumidos no âmbito dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. O objetivo foi analisar e discutir a contribuição dos ODS para o enfrentamento da desigualdade racial no mercado de trabalho, com foco no objetivo número “10” (dez), que trata da redução da desigualdade dentro dos países e entre eles. Para ilustrar o debate sobre o tema principal da pesquisa, a investigação contemplou a experiência do Instituto Ethos, organização da sociedade civil de interesse público, que atua na área de responsabilidade social e ambiental junto à empresas privadas. A investigação foi desenvolvida a partir de análise de referencial teórico e de dados secundários fundamentais para a pesquisa. Este levantamento subsidiou a etapa de entrevistas, com abordagem qualitativa, realizada com profissionais do Instituo Ethos, e a análise dos resultados. Inicialmente o trabalho apresenta uma discussão sobre o conceito de desenvolvimento sustentável e a contribuição dos ODS para a igualdade racial no mercado de trabalho. A igualdade racial, tema vastamente investigado por inúmeros campos de estudo, foi abordado a partir de algumas perspectivas, como a do Estatuto da Igualdade Racial (2010), a desigualdade no mercado de trabalho e os efeitos psicológicos no grupo mais afetado. Por fim, a pesquisa apresenta de que forma o Instituto Ethos vem trabalhando com o tema, considerando suas práticas internas e aquelas direcionadas às empresas. A análise realizada indica que os acordos mundiais, assim como os nacionais, que também embasam as ações do Instituto Ethos, ainda têm um efeito incipiente, pouco efetivo, com relação à desigualdade racial no mercado de trabalho. Neste sentido, uma das principais reflexões motivadas na pesquisa destaca o constante e necessário questionamento sobre os desafios da Agenda 2030 face ao modelo de produção capitalista vigente, cujas bases de acumulação acentuam as desigualdades, sobretudo em países como o Brasil, cujo fosso entre brancos e negros é crescente em diferentes aspectos da vida social.