Expressão da segunda pessoa do singular por meio de atividades de retextualização do oral para o escrito no 6º ano do ensino fundamental
Morfossintaxe, Variação, P2, Ensino
Pesquisas sociolinguísticas (LOREGIAN-PENKAL, 2005; SANTOS, 2012; ANDRADE, 2010) têm demonstrado a ocorrência de outras variantes que concorrem com o tradicional pronome tu para se dirigir ao interlocutor quanto à expressão da segunda pessoa do singular (P2) — você, o senhor e zero (categoria vazia) —, que frequentemente apresentam sincretismo nas funções oblíquas e no uso dos possessivos. A partir das contribuições da Sociolinguística Variacionista ao ensino (COAN; FREITAG, 2010; VIEIRA; FREIRE, 2014), dentre elas a proposta dos contínuos de variação linguística de Bortoni-Ricardo (2004), o objetivo geral deste trabalho é oferecer uma contribuição para o ensino de Língua Portuguesa no que diz respeito à expressão de P2 numa abordagem que contemple a variação linguística, segundo propõem os documentos oficiais sobre o ensino de Português no país. Quanto aos objetivos específicos, pretendemos o seguinte: (i) mapear as variantes de P2 de que os alunos fazem uso em textos tanto da modalidade oral quanto da escrita; (ii) levar esses mesmos alunos a reconhecer como o grau de formalidade e o ponto em que se situa o evento de comunicação afetam a escolha das variantes de P2, de maneira que possam fazer uso mais consciente dessas variantes, ou seja, selecionem a variante mais adequada ao status do interlocutor e ao grau de monitoração do evento comunicativo: em contextos menos formais, manifestem o sincretismo de tratamento; em contextos de comunicação mais monitorados, a uniformidade prestigiada pela tradição. Este trabalho adotou a metodologia da pesquisa-ação (TRIPP, 2005), desenvolvendo uma mediação pedagógica com atividades de retextualização no contínuo de monitoração estilística, observando o fenômeno da variação na expressão de P2, tendo como produção final um e-mail situado no campo de [+monitoração] desse contínuo através da aplicação da primeira e da sétima das operações descritas em Marcuschi (2010). Os resultados atestam que os alunos foram capazes de operar com as variantes de P2 na função sintática de sujeito segundo o contínuo de monitoração estilística. Quanto às formas pronominais oblíquas e possessivas, eles não alcançaram plenamente o esperado, mas pelo menos conseguiram reconhecer as situações comunicativas que privilegiam ou não a uniformidade de tratamento.