A Razão Prática no pensamento de Immanuel Kant e a Relação com a Práxis Humana
discurso moral kantiano; práxis humana; esclarecimento
O propósito deste trabalho consiste em apresentar os principais elementos que constituem a razão prática em Immanuel Kant, bem como mostrar a relação que tais elementos possuem com a práxis humana. Este objetivo se faz necessário frente às críticas oriundas da própria tradição do pensamento filosófico, que buscam apresentar o discurso moral kantiano a partir das ideias de formalização sem matéria ou de um rigor excessivo. Na tentativa de possibilitar uma releitura desse discurso, e tendo em vista a necessidade de compreender a razão prática de uma forma distinta daquela que geralmente é apresentada, iremos propor, em um primeiro momento, uma análise detalhada dos principais elementos presentes na Fundamentação da Metafísica dos Costumes (1785), cujo objetivo consiste em constituir uma arquitetônica da razão prática de Kant. Essa arquitetônica, conforme será mostrado, constitui-se por três ideias principais presentes na obra de 1785. São elas: a noção de boa vontade como fundamento da “filosofia moral popular” e a ideia de dever, o desenvolvimento da noção de lei que se dá mediante os imperativos, e, por fim, a noção de liberdade, tida como alicerce da razão prática. Como sabemos, para Kant, os imperativos se subdividem em dois grupos: por um lado temos os Imperativos Hipotéticos e, por outro, o Imperativo Categórico. Após uma breve distinção inicial entre esses mandamentos da lei, iremos apresentar o Imperativo Categórico, bem como as suas reformulações e a relação que isso possui com a práxis humana. Em um segundo momento, iremos mostrar a noção de ser humano como agente racional capaz de atende aos imperativos. Acreditamos que, propondo essa reflexão inicial, caminharemos de modo seguro na busca pela realização de nosso propósito. Para alcançar essa finalidade, iremos utilizar como base autores que corroboram e defendem a necessidade de esclarecimento das posições de Kant. Dentre os principais, iremos destacar as contribuições dadas por Allen Wood, que constrói a sua reflexão mostrando a necessidade de compreendermos a relação entre a razão prática e o mundo empírico; Henry Allison, quem aponta desenvolve o Imperativo Categórico, bem como suas formas distintas, mostrando os elementos principais que constituem o mandamento do dever e a sua relação com o mundo empírico, e Otfried Höffe que, assim como os anteriores, nos possibilita entender a razão prática de Kant, bem como o discurso moral resultante, de uma forma distinta daquela que comumente é apresentada.