OS MATIZES ONTOLÓGICOS DO CONCEITO DE INFINITO (απειρον) EM MELISSO DE SAMOS
Melisso, ser, infinito espacial, infinito temporal, uno.
Melisso se tornou conhecido por veicular a tese segundo a qual o ser é um. É neste raciocínio que se assentaria o caráter radical de seu monismo ontológico, visão metafísica pioneira entre os expoentes filosóficos da então escola eleata. Em consonância com o um, diversos outros atributos foram derivados do ser ou dele constituíram a causa fundamental: o que é se caracterizaria como eterno, imutável, imóvel, indivisível, incorpóreo, total, homogêneo, ilimitado e infinito. No que tange a esta última característica, é medular enaltecer que a sua relevância no interior dos argumentos explorados por Melisso se estabelece de maneira notória e visivelmente determinante à filosofia do sâmio. Não por acaso, vários comentadores se empenharam em investigar em que se basearia tal conceito de infinito, cindindo-o em duas classificações diferentes: infinito temporal e infinito espacial. Através desta pesquisa, visa-se a evidenciar que estas categorias são demasiadamente ambíguas e não parecem exprimir de maneira apropriada as particularidades associadas à filosofia melissiana: o mais adequado seria renunciar a ambas. Além disso, aspira-se também ao desenvolvimento de um exame mais pormenorizado da obra de Melisso, atualizando-se o acervo das interpretações disponíveis e sugerindo novas leituras a seu respeito.