“PROBLEMA COM ESCOLA, EU TENHO MIL”
UMA INVESTIGAÇÃO SOBRE O RACISMO INSTITUCIONAL EM ESCOLAS PÚBLICAS DE ANGRA DOS REIS
Estado, Negro, educação, marginalização
Historicamente, a população negra nunca fez parte dos projetos de nação idealizados e colocados em prática por pensadores e políticos brasileiros1 (talvez até mais notadamente no período republicano que durante o Império, ainda que, ironicamente, neste tenha persistido o regime escravista até seus suspiros finais)2. O projeto de branqueamento da população posto em prática pelo estado brasileiro ao longo da primeira metade do século XX provocou a imposição de grandes obstáculos para a inclusão social da população negra tanto pelo seu aspecto econômico – com a oferta de melhores condições de emprego e acesso à benecesses estatais resguardadas aos imigrantes europeus3 - quanto pelo aspecto social e cultural, ao relegar a raça negra por compreendê-la como um fator de atraso ao desenvolvimento social, cultural e, mesmo, humano do povo brasileiro.