Educação patrimonial como ação política e prática pedagógica inclusiva
Educação Patrimonial. Política Cultural. Educação Inclusiva.
Esta pesquisa pretende refletir sobre a criação de estratégias didático-pedagógicas em Educação Patrimonial e seu aspecto político, dialógico e comunicativo, numa perspectiva sensibilizadora e participativa que aponte dilemas e complexidades existentes na aproximação de saberes e metodologias que precisam ser negociadas no processo de elaboração do discurso pedagógico da Educação Patrimonial. A ideia que apresentamos compreende o Patrimônio Cultural como meio essencial para constituição de identidades e a Educação Patrimonial como espaço de expressão e representação política do Outro e de Si e, também, de reconhecimento da diferença como uma possibilidade de construção de sentido. Desse modo, procuramos estabelecer um diálogo entre Patrimônio Cultural e Educação, tendo a escola como lugar de investigação, por ser espaço diferenciado de produção de saberes interdisciplinares, evidenciando que o campo da Educação Patrimonial é uma área do conhecimento eminentemente interdisciplinar e que a ideia de transformação do conhecimento científico com intenção de ensino e divulgação não se organiza na forma de simples “ajuste” ou “simplificação” de conhecimento. A compreensão do processo de produção do discurso pedagógico pode auxiliar de maneiras diferenciadas a construção e apropriação do discurso apresentado no campo da Educação Patrimonial. Temos como objetivos compreender o discurso pedagógico da Educação Patrimonial apresentado nas políticas públicas para educação e cultura, e sua relação com aspectos de cidadania e direitos culturais, a partir de conceitos da semiótica discursiva e da arte-educação; investigar práticas de educação patrimonial e arte-educação interessadas em construir processos de interação entre as diferenças que constituem a diversidade social brasileira; observar estudos da semiótica discursiva no ensino-aprendizagem escolar, direcionados à construção de discursos de aceitação da diferença e inclusão social e articular de forma sistêmica aspectos da educação patrimonial como prática de intervenção pedagógica para inclusão social e as ações estatais na área da cultura. Para fundamentar nosso conhecimento sobre o assunto reunimos em pesquisa bibliográfica pressupostos teóricos de autores do campo da Educação Patrimonial, tais como Maria de Lourdes Parreiras Horta, Evelina Grunberg e Adriane Queiroz Monteiro (1999), Elisa Roberta Zanon, Leandro Henrique Magalhães e Patrícia Martins Castelo Branco (2009); das Políticas Culturais, Isaura Botelho (2007), Marilena Chauí (2006) e Lia Calabre (2018); da Semiótica Discursiva, Algirdas Julius Greimas (2008) e Eric Landowski (2012); da Arte-Educação, Ana Mae Barbosa (1999) e Herbert Read (2001), articulados pelo conceito de Recontextualização do discurso pedagógico de Basil Bernstein (2003) como suporte didático e metodológico para possíveis intervenções direcionadas à efetivação, continuidade, avaliação e ajuste das políticas de democratização dos direitos culturais para todos.